Terminei o mês de fevereiro falando de como fortalecer as conexões nos relacionamentos amorosos. Meu convite hoje é para refletirmos sobre um ponto muito abordado nas redes sociais, quando querem nos ensinar como vender mais ou ter melhores relacionamentos usando dicas simples, inclusive sendo chamado de capital social.
Não é preciso falar qual a importância da comunicação em nossos relacionamentos. Por isso quis trazer aqui exemplos práticos de como aplicar a comunicação empática para ter uma conduta harmoniosa, tanto no campo pessoal quanto profissional e social. Mas primeiro vamos entender o que é comunicação.
HABILIDADE ESSENCIAL PARA A VIDA
A comunicação engloba estratégias amplas na forma escrita ou falada, a comunicação verbal e a não verbal, isto é, gestos, expressões faciais, imagens ou códigos. Um tipo de comunicação que engloba estas habilidades necessárias para fortalecer as comunicações humanas, baseada na empatia e compaixão, é a comunicação não violenta, conhecida pela sigla CNV.
Na prática, a CNV ocorre quando quem fala, o locutor, reformula o que fala e ouve, isto é, antes de responder automática e imediatamente ele escuta com atenção e reflete sobre o sentido e o desejo manifestado pelo outro. Neste aspecto, a CNV permite compreender o mundo ao redor sob a ótica da outra pessoa, ajudando a entender as razões por trás das suas atitudes.
São quatro os pilares que sustentam a CNV: o primeiro é saber ouvir sem julgamento, isto é, praticar a observação. É simplesmente observar o que está acontecendo. Observar sem julgamento ou juízo de valor nos permite compreender o que agrada ou desagrada diante de determinada situação. O segundo pilar é indagar sem fazer avaliações, isto é, olhar para os sentimentos. É importante perceber qual o sentimento que a situação desperta em você. Este pilar diz que é importante se permitir ser vulnerável para resolver conflitos e, desta forma, compreender a diferença entre o que sentimos e o que pensamos ou interpretamos.
O próximo pilar traz a necessidade de compreender, ao invés de usar estratégias, isto é, olhar as necessidades. É compreender qual sentimento a situação despertou em você e reconhecer quais necessidades estão ligadas a ela. Marshall Rosenberg, criador do termo CNV na década de 1960, ressalta que quando alguém expressa suas carências, a possibilidade de elas serem atendidas é maior. E o quarto pilar é pedir, argumentar, ao invés de dar ordens. Devemos solicitar, baseadas em ações concretas, o que queremos da outra pessoa. Aqui é importante evitar frases abstratas, ambíguas ou vagas. Ter uma boa comunicação, baseada nos pilares da CNV exige, inicialmente, que tenhamos empatia conosco e a clareza de uma análise pessoal clara e honesta.
A CNV EXIGE MUDANÇA DE HÁBITOS
Essa é a maior dificuldade da prática da CNV, pois sem o autoconhecimento, ou seja, sem conhecer nossos próprios defeitos e necessidades e aceitá-los, não vamos conseguir ser claros e empáticos, permanecendo sentados na cadeira da vítima ou do algoz. Usar os pilares da CNV, isto é, observar o que está acontecendo sem julgamento, tentando identificar e compreender o sentimento que se abateu sobre você, identificando a necessidade por detrás desse sentimento e expressar o pedido de forma clara, parte do princípio de que você conhece suas necessidades, e age baseada na resiliência, com regulação emocional.
Dizendo de forma simples, na gíria, você “não leva tudo para o coração”, isto é, não acha que tudo o que acontece é com o único propósito de te ferir e desmerecer. Se temos clareza que vivemos situações complexas em nossa vida e que as outras pessoas também têm as próprias histórias de eventos difíceis e traumáticos, posso recuar um passo e entender que, às vezes, aquilo não é para me atingir e sim uma maneira do outro se defender do que dói nele.
Claro que há pessoas maldosas no mundo, não se trata de negar este fato, mas se eu acreditar que todas as pessoas são ruins, uma visão negativista da vida, fica difícil continuar caminhando. Em relação às pessoas maldosas ou narcisistas, o caminho é sair de perto, deixando de conviver ou colocando uma distância segura. Quanto aos demais, que são a maioria, onde você e eu nos encaixamos, há formas para praticar a CNV que trazem mudanças na sua maneira de estar e se relacionar com o mundo.
Na próxima semana vou abordar dicas de como exercitar a CNV. E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755