Comecei os artigos deste ano falando de estafa, fadiga mental, porque este é um nome pouco divulgado ou diagnosticado, mas que afeta muitas pessoas, principalmente entre o público feminino. E isto tem uma razão para acontecer. Nós, mulheres, somos programadas, culturalmente, para assumir papeis de cuidadoras e responsáveis pela vida do outro.
Nós aprendemos que precisamos cuidar, atender as necessidades dos outros, estar disponível, fazer o outro sentir-se bem e completo. Mas, no fundo, tudo que ansiamos é ser vistas e cuidadas. E ao não sermos atendidas, nem pelo outro nem por nós mesmas, ficamos tristes, incomodadas e bravas.
O SENTIMENTO DE QUE A CULPA É MINHA!
Para ser vista precisamos aprender a olhar para nossas necessidades e anseios, a respeitar nossos limites, não só dos outros. Precisamos colocar limites de forma clara. E para colocar estes limites, é necessário o exercício do autoconhecimento. Quando tenho dificuldade de dizer não para algo que ultrapassa os meus limites, é que a minha noção de autovalor, do que mereço, está distorcida. E ela foi sendo ferida durante nossa vida. E nos acostumamos a isso, ou seja, aprendemos que para sermos amadas, pertencermos, precisamos agir como o outro (a sociedade e a cultura) determina.
A questão é, se não me dou o respeito, valor e amor, espero desesperadamente que o outro tampe esse vazio, preencha essa necessidade. Isso acontece porque nos identificamos com o dever, o papel e a responsabilidade de cuidar do outro. Priorizamos as necessidades dos outros acima das nossas. Nos ensinam a sermos agradáveis, boazinhas, reprimindo a raiva saudável que muitas situações provocam em nós.
Acreditamos sermos responsáveis pelos sentimentos dos outros e que não podemos decepcionar ninguém. Essas crenças levam as mulheres ao adoecimento, a não dizer “não” para as necessidades do mundo, e com isso ignorar as próprias, já que isto significa não dizer “não” nunca para os outros, assumindo o próprio estresse e o do mundo. O que nos dá como opção reclamar de cansaço, sentir-se esgotada, sem saída, culpada, afinal, se todo mundo dá conta (principalmente nas redes socais), e eu não dou, o problema sou eu.
COMO PRATICAR O AUTOCUIDADO
Exercitando o amor-próprio, isto é, reconhecendo seu valor e estima. Amar quem eu sou é um exercício diário, escolha que preciso fazer o tempo todo. Amar-se significa olhar e aceitar que não sou perfeita, que tenho traços e partes em mim que não são tão bonitas ou “aceitáveis” no padrão social e cultural. E aqui, amar-se não significa acomodar-se e desistir. Pelo contrário, é simplesmente parar de brigar consigo. Carl Rogers dizia, já no século passado, que o paradoxo humano é que quando finalmente me aceito como sou, então eu mudo. E isto é claro pelo fato de que tudo que nego não tem espaço para mudanças. O que não é visto, é repetido infinitas vezes.
Lembre-se que como ser humano você tem histórias, lutas, derrotas e vitórias. Não venceu todas, não perdeu todas. E pode aprender com elas. Para conseguir fazer isso, é importante ampliar sua visão, não se fechar num trecho da jornada. Se você está aqui agora, muitas coisas aconteceram. Permita-se enxergar a história completa. Aceitar quem você é contribui para a diminuição do autojulgamento e da autorrecriminação.
Se você acha difícil amar-se, reflita qual o custo de viver brigando consigo mesma o tempo todo. O desgaste de energia, o sofrimento é muito maior.
Na próxima semana vou te contar quem é o vilão (ou a vilã) que te atrapalha na hora de conseguir fazer as mudanças de atitudes e viver uma vida mais leve.
Nos vemos na próxima semana? E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755