O Presente
Fátima Baroni Tonezer

Presenteísmo: ausência ou omissão?

calendar_month 14 de abril de 2025
4 min de leitura

No artigo anterior abordei um tema importante, que tem impacto tanto na vida profissional como pessoal. O presenteísmo é uma realidade, muitas vezes brutal, com a qual convivemos, sem nos dar conta, pois estamos buscando atender todas as expectativas e cobranças que recaem sobre as mulheres. Para dar conta dessas cobranças e regras sociais e culturais, perdemos o contato com nossas necessidades, desrespeitando-as ou nem percebendo.

Para falar de outra maneira, vivemos em um mundo onde a presença física nem sempre significa presença emocional. Muitas vezes, acreditamos que estar ao lado de alguém é suficiente, mas a verdade é que a verdadeira conexão exige muito mais do que proximidade.

A DIFERENÇA QUE AFETA SUA VIDA!

São dois comportamentos que podem estar relacionados ou ser consequência do presenteísmo, isto é, ser ausente ou ser omissa. O que significa exatamente cada um destes comportamentos? Vamos explorar cada um, começando com a ausência.

O que é ser ausente? Mulheres ausentes, muitas vezes, foram ensinadas a ignorar suas emoções e desejos desde cedo. Cresceram ouvindo que cuidar dos outros era prioridade e que buscar algo para si mesmo era egoísmo.

O resultado dessa educação é que a mulher perde a conexão consigo, não reconhece suas necessidades, suas faltas e age cada vez mais voltada para o mundo externo, querendo agradar sempre, seja na aparência, seja nas ações que visam sempre o bem-estar e a felicidade do outro.

Ser ausente em relação à própria vida significa estar desconectada de si mesma. É quando você simplesmente não percebe suas necessidades emocionais, porque está sempre ocupada demais cuidando dos outros, cumprindo obrigações ou apenas sobrevivendo ao dia a dia. Você não está presente para as próprias decisões – apenas segue o fluxo, sem refletir sobre o que realmente precisa ou nas consequências de suas escolhas para sua própria vida.

Alguns sinais desta ausência são: você não consegue identificar com clareza o que gosta, o que deseja ou o que faz sentido para você. Percebe que há muito tempo não faz algo por si mesma, seja um momento de autocuidado ou a busca por você (autoconhecimento). Esse tipo de ausência pode ocorrer durante anos de condicionamento, especialmente quando uma mulher cresce ouvindo que deve priorizar os outros e ignorar seus próprios sentimentos. O problema é que, ao se desconectar de si mesma, ela perde o controle sobre a própria vida e acaba vivendo apenas em função do outro.

Já a omissão significa que a mulher até percebe que algo não está certo, mas evita agir. Você sente que precisa estabelecer limites, mudar o comportamento, tomar uma decisão importante, mas escolhe se calar ou adiar essa mudança por medo das consequências, do julgamento, por insegurança e falta de confiança. E com isso vai perdendo a conexão consigo, com suas necessidades e desejos.

Alguns sinais de que pode estar sendo omissa são: você sabe o  que não está te fazendo bem, mas continua adiando uma decisão importante, esperando que as coisas se resolvam; tem dificuldade em dizer “não” e acaba aceitando situações que te sobrecarregaram ou evita conflitos a qualquer custo, mesmo quando isso significa abrir a mão do que você acredita ou necessita. Também sente que está constantemente se anulando, deixando suas vontades e necessidades de lado para evitar desentendimentos.

COMO SAIR DESSE CICLO?

Seja na ausência ou na omissão, o resultado é o mesmo: exaustão emocional, frustração e a sensação de que a vida está passando sem que você realmente participe dela. Mas a boa notícia é que isso pode mudar. O primeiro passo para sair desse ciclo é se tornar consciente dele e começar a agir, mesmo que aos poucos.

Se identificar como ausente ou omissa não significa se culpar, e sim se dar a chance de mudar. Nunca é tarde para começar a agir por você. O que você pode fazer hoje, ainda que seja um pequeno passo, para se reconectar consigo mesma?

Na próxima semana vamos conversar sobre maneiras de cuidar se si mesma. E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
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