Dentro do espectro das emoções, é importante olhar para nossas necessidades e medos. Conhecer as emoções que nos tomam e inconscientemente dirigem nossas ações é fundamental para o caminho que desejamos percorrer.
Neste sentido, um dos maiores medos do ser humano é estar só, entendido como solidão, não ter com quem contar para dividir alegrias e tristezas. Nossa sociedade atual colabora muito com isso, quando nos faz acreditar que ter centenas, milhares de seguidores nas redes sociais, conversar digitando, substitui ou nos faz uma pessoa popular, com muitos amigos.
ESTAR SÓ… SOLIDÃO… SOLITUDE: QUAL A DIFERENÇA?
Se entendermos solidão como estar isolado, sem companhia, é uma diferença gritante. Na solidão, a pessoa se afasta do convívio social. Não vou entrar no mérito do porquê ela age assim, que pode ser desde traumas a dificuldade de se relacionar por transtornos de personalidade ou mental, e de novo, chamo a atenção para o momento atual, em que a polarização de opiniões, que a obrigação de ser assim ou assado, esquerda ou direita, religioso ou ateu, na acepção mais pura da palavra, afasta as pessoas, cria bolhas e acaba com a interação e a criatividade.
O ser humano é social por natureza, isto significa que é no outro que ele se reconhece como humano, é com outro que ele troca afeto, conhecimento, histórias. A humanidade evoluiu contando histórias que contém a riqueza dos desafios enfrentados e dos aprendizados.
Estar na mesma bolha prejudica a nossa visão de mundo, pois o contraditório é visto, sentido e percebido como perigoso. Vivemos uma época de “brigar com moinhos”, como na história do Sancho Pança. Caetano Veloso cantava “Narciso acha feio o que não é espelho”. Se não é exatamente como eu acredito, não existe e precisa ser destruído. E essa postura coletiva está nos levando para a solidão, porque não contempla a riqueza de necessidades humanas.
Aí entra o isolamento, o não sair de casa, o medo de ser confrontado, questionado, vulnerabilizado. O estar só, que visto superficialmente, é a mesma coisa, torna-se diferente no cerne da situação. Explico: posso estar só no sentido de não ter um parceiro, uma parceira, para dividir a vida afetiva. Mas tenho companhia, amigos, vida social. Isto é, participo de clubes de serviço, pratico atividades físicas, clube do livro etc. Estou conectado(a) a outros seres humanos que concordam e discordam de mim, das minhas opiniões e não são obrigatoriamente meus inimigos.
Estar só parte da premissa de estar conectada comigo, com a capacidade de olhar para dentro e reconhecer meus traços, minhas capacidades, necessidades, a luz e a sombra de quem sou. E enquanto lido comigo, estabelecendo uma relação saudável com quem sou, fazendo coisas que agradam a mim, vou me descobrindo, descobrindo as camadas que me compõem como ser. Sinto-me bem na minha companhia.
E faço coisas como ouvir e dançar as músicas que gosto, assistir filmes e séries que me interessam, ler para estudar ou entreter, tomar café com amigos, conhecidos, familiares e até sozinha. Não ter um par romântico não me condena a solidão e isolamento. Mas minha reação a esta situação, sim. E vejo que este é um problema real no mundo contemporâneo. Mesmo os jovens não querem correr riscos. A frase “dá preguiça” de conhecer pessoas, de falar tudo de novo, de continuar caminhando, buscando. Os mais experientes dizem coisas como é difícil relacionar-se depois dos 40 (50, 60 anos.). Ninguém quer compromisso etc.
Neste ponto, independentemente da idade, é preciso tomar uma atitude. Entender que abraçar a solidão, que dói, mas é aparentemente seguro, machuca porque é desacompanhada de si mesma. Vamos aprofundar este tema, com uma reflexão sobre qual o caminho possível e real? Siga @psicofatimabaroni para mais conteúdos sobre autoestima e amor-próprio.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755