É bem comum reclamar da situação da casa, da nossa ou de alguém, das coisas fora do lugar, da poeira, excesso de objetos ou falta deles. Enfim, reclamar da bagunça e da desorganização de uma casa é um hábito, como eu já citei.
Mas você já parou para observar como anda a organização da sua casa interior? Já prestou atenção na bagunça que é? Tem momentos que não sabemos resolver determinadas situações e identificar o que estamos sentindo, pensando… Nos sentimos perdidas dentro de nós.
Assim como organizar e manter organizada a nossa casa exterior, colocando cada coisa em seu lugar exige atenção e a disciplina de ter um lugar para cada coisa e manter cada coisa em seu lugar. Limpar nossa bagunça interna exige esforço. E é um trabalho diário. Estamos o tempo todo envolvidas com demandas, eventos, situações, das mais banais às mais complexas. E cada demanda aqui no exterior vai se ligar a eventos que estão reprimidos, muitas vezes coisas que aconteceram lá na infância e estão armazenadas no nosso inconsciente, na forma de traumas, mágoas, crenças…
E esses fragmentos de vivências que não foram identificados e traduzidos, no sentido de entendidos, para lidar de forma consciente e eficiente ficam lá, são respostas inconscientes que aparecem hoje como comportamentos, para as situações atuais. É uma repetição de fase, para citar o que acontece nos jogos virtuais. São emoções nunca identificadas que continuam doendo, perturbando sua vida. Raramente é sobre o fato atual, se não buscarmos lidar com nossas emoções reprimidas, a bagunça continua reinando.
COMO SE LIVRAR DA BAGUNÇA?
Há muitas maneiras de colocar ordem nesse caos interno, formas de acessar nossas sombras ou conteúdos inconscientes. Uma destas maneiras é fazer psicoterapia com psicóloga(o), fazendo um mergulho no autoconhecimento para desvendar crenças e traumas. Outra bastante eficaz é a escrita terapêutica.
A escrita terapêutica, colocar no papel o que está sentindo e pensando, ajuda na elaboração desses conteúdos internos. Logo, a dica para arrumar essa bagunça, colocando luz nas sombras, é escrever. Quando sugiro aos meus pacientes que façam uma espécie de diário, anotando o que aconteceu no dia, como está se sentindo, pensamentos, alguns reclamam que é muito difícil, ou não sabe escrever ou o que escrever.
Imagine que está escrevendo uma carta para alguém, no caso, uma carta para si mesma. Caderno e caneta em mãos, comece descrevendo o que aconteceu hoje. O que é isso que estou sentindo, onde no meu corpo estou sentindo? Procure dar um nome para a sua emoção e o sentimento que despertou. Uma outra forma é fazer perguntas: qual é o meu maior medo? O que me assustava ou atormentava quando eu era criança? Quais feridas, necessidades não atendidas eu tive na infância? O que tenho dificuldade em aceitar em mim? Por que me crítico? Quais são minhas virtudes? Quais crenças limitam minha vida?
ESCREVER ORGANIZA EMOÇÕES
Escreva qualquer coisa que vier a sua cabeça. E se aparecer outro pensamento ou emoção, anote também. Não importa se ficar confuso, sem coerência. A ideia não é fazer uma redação do Enem, é anotar o que está aí dentro. Faça isso todos os dias, crie o hábito de escrever, procure um local tranquilo e se conecte com você. A escrita faz com que sua mente traduza o que você está sentindo transformando sentimentos em símbolos escritos.
De tempos em tempos releia o que você escreveu sem julgamento ou críticas, como uma forma de entender como você estava se sentindo. Temos muita dificuldade de identificar nossas emoções. Só que quando não identifico minhas emoções, elas não desaparecem, elas me atropelam.
Para encerrar, uma dica extra. Para entender um pouco como as emoções funcionam em nossa vida, temos o filme Divertida Mente 2. Que tal incluir na sua agenda para assistir? Apesar de ser um filme em desenho animado, foi feito para adultos também e vale a pena assistir. Nos vemos na próxima semana. E se aceitar o convite para organizar sua bagunça interna, assistir o filme e quiser compartilhar comigo, será um será um prazer conversar com você. E se ainda não me segue no Instagram, @psicofatimabaroni.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755