O Presente
Fátima Baroni Tonezer

Será a comparação a raiz da autodepreciação?

calendar_month 21 de outubro de 2024
4 min de leitura

Terminei o último artigo falando sobre comparação e o padrão de vida perfeito, incutido em nós pela cultura. Mas como isso acontece? Você já se pegou rolando o feed pelas redes sociais, vendo a vida “perfeita” dos outros e se sentindo menor por isso? Não está sozinha. Vivemos em uma era onde a comparação se tornou parte da nossa rotina, e, infelizmente, ela é uma das principais portas de entrada para a autodepreciação. Por isso, antes de falarmos sobre como sair desse ciclo, é importante entender um pouco mais sobre este dois conceitos.

A comparação é um mecanismo natural do nosso cérebro; é uma forma de avaliar nosso próprio progresso e nos orientar no mundo. No entanto, quando usamos como uma régua para medir nossa autoestima, isto é, nosso próprio valor, caímos na armadilha da autodepreciação. Isso acontece porque, na maioria das vezes, comparamos nossa vida real com a vida maquiado do outro, o famoso “nosso bastidor com o palco do outro”.

A autodepreciação é o que resulta disso. Ela pode se manifestar em pensamentos como “eu nunca vou ser tão bom quanto ele” ou “ela é muito mais bem-sucedida do que eu”, “eu sou uma fralde”. Quando nos permitimos cair nesse ciclo, nossa autoestima sofre um golpe duro, levando-nos a acreditar que não somos suficientemente bons. E o pior é que essa autocrítica se torna um hábito, alimentando a sensação de inferioridade e incapacidade.

A REPETIÇÃO DE PADRÕES E DO SOFRIMENTO!

Vamos fazer uma leitura da nossa cultura, rápida e superficial, da diferença dos papéis que se espera entre homens e mulheres, olhando o estereótipo de ser mulher. A educação da qual somos produtos e sofremos as consequências. Você que está lendo já se encaixa na estratificação da jovem adulta, adulta ou idosa, que preconiza essa diferença.

Nesse padrão de educação, os homens crescem “analfabetos emocionais”, isto é, aprendem desde cedo que para tornarem-se fortes, ousados, focados, destemidos e serem respeitados devem eliminar as emoções, não “ceder” a elas, que quanto mais racionais forem, melhor, mais resultados e maior sucesso. Para isso, ouviam que homem não chora, que não foi nada, que conversar é besteira, ser sensível não é masculino. O certo é “vai lá e faz”. Se precisar atropelar, faça.

Não é preciso falar qual é a educação ensinada para as meninas, não é mesmo? E mesmo hoje, com todo o cuidado para não ofender nem ser cancelada, essas premissas ainda são ensinadas, de forma mais velada, com linguagem “adequada”. A menina, cada vez mais cedo, é exposta ao padrão e critérios para ser adequada, aceita e amada. A sobrecarga de padrões cada vez mais cedo.

COMO SAIR DESSE CICLO TÓXICO?

Estamos tão apegadas a máscara do que podemos ter, que esquecemos da potência que podemos ser. Reféns do pensamento “o que os outros vão pensar”, que no fundo reflete um medo interior do “o que eu vou pensar” sobre mim mesma se fizer isso. Você tem clareza de quem realmente importa para você? A opinião de quem? Sem querer agradar todo mundo e assim desagradar a si mesma?

A única pessoa viável para se comparar é o você de antes. Olha para você com 10, 20 anos e reflita sinceramente, o que essa menina ou adolescente diria para você hoje? Será que ela imaginou possível vencer todas as barreiras e chegar aqui? Lembre-se de incluir os contextos pelos quais passou, as dificuldades, os desafios, o apoio ou a falta dele. Tudo isso contribuiu, e contribui, para seu momento atual.

É claro que isso causa desconforto no início, é desagradável, mas essa dor é necessária para seu crescimento, torna-se seu DNA. Isto só acontece quando você aceita o seu chamado, que é o que pessoas que servem de inspiração fizeram e continuam fazendo. É preciso afastar-se de pessoas que só conhecem a sua versão antiga, desalinhada com seu eu atual, e que vão continuar fortalecendo essa versão.

E o que isso tem a ver com autoestima, amor-próprio afinal? Sem mudar as regras do jogo, e começar a jogar a seu favor, alinhada com suas expectativas, atendendo suas necessidades, sua autoestima continuará baixa, e você sofrendo. Vamos explorar mais esses conceitos nos próximos artigos. E siga @psicofatimabaroni para mais conteúdo como esse. Vamos conversar lá?

Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755

 
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