Você também tem dúvidas sobre quem é, o que gosta, o que deseja ou precisa?
Parece que nós temos dentro da nossa cabeça duas vozes, uma que diz “vai, faz!” e outra que diz “fica, não é hora!”. E já te aviso, fica tranquila porque você não é louca. Temos esse diálogo em nossa mente mesmo. Por isso, o autoconhecimento é um desafio diário.
Um período muito importante da nossa vida na construção da nossa identidade é o que acontece do quarto mês de gestação até os 12 anos de idade. Para fazer uma metáfora, é quando o nosso “hardware” vai ser preenchido com os arquivos que vão orientar nossos comportamentos e atitudes. E vamos estar prontos, do ponto de vista da neurociência, por volta dos 25 anos.
Nesse período da nossa infância, vamos recebendo informações e modelando comportamentos e crenças. Na psicologia cognitivo-comportamental é o que chamamos de crenças nucleares, isto é, verdades incontestáveis e inconscientes, que vão ficar armazenadas enquanto nos desenvolvemos e, mesmo sem ter consciência delas, estão no comando das nossas ações ou reações, na repetição de situações.
Quer um exemplo? O famoso “dedo podre” que tantas vezes referimos ter pode estar ligado à repetição dos modelos de relacionamentos afetivos que vimos entre os meus pais ou cuidadores.
TER CONSCIÊNCIA DO INCONSCIENTE!
O que isso significa? Que é preciso conhecer as crenças que limitam os meus comportamentos e ditam meus desejos. E isto é um desafio. A boa notícia sobre as crenças é que elas andam em grupos, e quando você descontrói uma, outras caem por terra junto, já que funcionamos de forma sistêmica, não somos compartimentos estanques. E como tudo está interligado, quando você muda uma resposta, acaba mudando seu jeito de reagir aos eventos. A consciência é 50% do processo. Não é tudo.
E o primeiro passo para lidar com ele é olhar para dentro e questionar o que é meu e o que é do outro, no caso, dos pais, cuidadores, professores etc. Uma forma de fazer isto é escrever uma lista com essas opiniões que você tem de si, tudo o que te incomoda enquanto adulta: não tenho autoconfiança, sou nervosa, sou apressada, sou atrapalhada, deixo cair tudo, sou boazinha demais, não sei dizer não… e por aí vai. Crie uma ficha com todos os rótulos que você usa para si.
Esses rótulos você se deu ou alguém lhe deu e você abraçou como sendo seus? O mundo fala coisas para nós e de nós, e a criança vai assimilando e assumindo que é assim. A criança entende muitas coisas erradas, porque ainda não tem maturidade cognitiva para interpretar, processar e entender que aquilo pode não ser verdade. E essas informações vão ser a base de nossa autoestima, isto é, as informações que recebemos sobre nós de fora, de nossos pais e cuidadores, e que estarão no nosso inconsciente ditando os papéis e reações que expressamos e que causam dor e sofrimento. Esses rótulos prejudicam nossa autoestima,
TER CONCIÊNCIA DO QUE ESTÁ CONSCIENTE!
Esse é o próximo passo: qual é a finalidade de saber algo se não uso esse conhecimento? Isso significa, na prática, que se sei que tal comportamento tem raiz numa determinada crença, agora a responsabilidade de lidar e mudar a situação é minha.
Vejo por aí muitas pessoas repetindo explicações simplistas, para não dizer simplórias: sou assim por causa da minha mãe. Um exemplo: grito com os meus filhos (mesmo prometendo a mim mesma que nunca faria isso) quando estou nervosa porque na minha casa todo mundo gritava. Geralmente, após a situação vem a culpa, a justificativa e, logo mais, a repetição.
Como sair da repetição? Vamos continuar conversando na próxima semana. Te vejo lá. E se ainda não me segue no Instagram, @psicofatimabaroni. Vamos conversar lá?
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755