Muitas vezes, nos questionamos se fizemos a escolha certa – do curso, da pessoa para nos relacionar, do emprego. São tantas questões que fervilham em nossa mente que algumas vezes nos sentimos como uma impostora. Em nosso íntimo há crítica, julgamento, o pensamento de que se as pessoas soubessem a verdade, se afastariam de mim. Esse diálogo interno, essa voz interna, corrói nossa autoestima com sua crítica constante.
Na infância do meu filho mais velho, havia um desenho, os Smurfs, aqueles gnomos azuis. E um deles, o Ranzinza, vivia reclamando de tudo, independente do dia, da hora, da situação.
VOCÊ RECONHECE O SMURF RANZINZA QUE TE HABITA?!
É natural em alguns momentos de nossa vida que esse tipo de pensamento apareça. Mas não é natural, nem saudável, pensar assim o tempo todo, pois essas crenças negativas a nosso respeito e da nossa vida são destrutivas. Destroem nosso bem-estar, nossos relacionamentos afetivos, profissionais e sociais. Podendo, inclusive, nos levar à depressão e à ansiedade crônica.
Essa ansiedade afeta nosso senso de valor próprio, a maneira como avaliamos e percebemos a nós mesmas, nossa autovalorização e autoconfiança. E, se isso está abalado, nossos comportamentos e atitudes vão denunciar. Essa maneira de pensar e agir denuncia a autoestima baixa.
Uma pessoa com autoestima baixa tende a não acreditar nas próprias habilidades, tem baixa tolerância à frustração e aos erros, com uma necessidade excessiva de reconhecimento externo. Também tende a evitar novos desafios por medo de fracassar, por isso procrastina. E por ser extremamente rígida consigo mesma, mais do que com os outros, se pune e critica a qualquer falha.
É importante perceber que se você se sente assim não significa que a vida seja um problema. O problema está em você, isto é, a sua forma de enxergar a vida e as possibilidades destroem qualquer possibilidade de viver feliz e obter bons resultados, seja em uma ou mais áreas de sua vida.
UMA PESSOA INCRÍVEL COM UMA VIDA TERRÍVEL POR NÃO CONSEGUIR ENXERGAR O PRÓPRIO VALOR!
No decorrer da minha jornada de mais de 30 anos lidando com pessoas, seja na clínica, seja nas organizações ou instituições de ensino, o que percebo são seres humanos que não se sentem capazes ou merecedoras. Esse sentimento de não merecimento, de desvalor, impede que a pessoa se enxergue como é, com sua potência interna desperdiçada por ter a autoestima comprometida.
Enquanto isso, essas pessoas veem outras que não necessariamente são tão preparadas ou têm até menos recursos, se dando bem, fazendo aquilo que ela queria e não se permite. Quando falamos de autoestima, podemos imaginar um continuum, onde de um lado está a autoestima baixa, e do outro a autoestima elevada. Geralmente se acredita que essa é a melhor e mais recomendada. Mas ela também pode ser um problema.
Geralmente pessoas identificadas com a autoestima elevada são extremamente excêntricas e orgulhosas, não aceitam observações de terceiros, pois se sentem superiores, têm baixa tolerância à frustração, não reconhecendo seus erros, já que se acham acima da média. Pessoas com esse tipo de autoestima precisam rebaixar constantemente e apontar os erros dos outros para se sentir superior.
Quase sempre essas pessoas têm atitudes e comportam-se desta forma para esconder suas fragilidades e senso de desvalor, suas inseguranças. Como sair desse enrosco e parar de se sabotar? A resposta para essa questão é simples, porém não significa que seja fácil. Para acabar com a autossabotagem, precisamos desenvolver nossa autoestima de forma segura e saudável. Como fazer?
Na próxima semana vamos conversar sobre o que é e quais são os passos para desenvolver uma autoestima saudável.
Até a próxima.

Fátima Sueli Baroni Tonezer é psicóloga, formada em Psicologia na Universidade Estadual de Maringá (UEM). Sua maior paixão é estudar a psique humana. Atende na DDL – Clínica e Treinamentos – (45) 9 9917-1755