O Presente
Nenhuma a Menos!

A violência psicológica e seus impactos: por que é tão difícil a sua percepção?

calendar_month 2 de março de 2025
6 min de leitura

A violência doméstica contra mulheres é um problema estrutural que permeia diversas sociedades, refletindo as desigualdades de gênero e as dinâmicas de poder enraizadas na cultura patriarcal. No entanto, nem todas as formas de violência são visíveis ou facilmente identificáveis. A violência psicológica, muitas vezes silenciosa e subjetiva, se apresenta de maneira sutil, tornando seu reconhecimento um desafio tanto para as vítimas quanto para a sociedade. Esta matéria aborda os impactos da violência psicológica, os motivos que dificultam seu reconhecimento e a importância do acolhimento e da conscientização para enfrentá-la.

O que caracteriza a violência psicológica?

A violência psicológica se manifesta de diversas formas, incluindo humilhações, ameaças, manipulações, intimidação, isolamento social e controle excessivo. Diferente da violência física, que deixa marcas visíveis no corpo, a violência psicológica afeta profundamente a saúde mental e emocional da vítima, causando ansiedade, depressão, baixa autoestima e, em casos extremos, levando a transtornos graves, como o estresse pós-traumático.

Segundo o art.7 da Lei Maria da Penha (Lei 11.340/2006), a violência psicológica é uma forma de agressão que pode ser punida judicialmente. No entanto, devido à sua natureza subjetiva, muitas mulheres enfrentam dificuldades para denunciar, pois nem sempre conseguem identificar que estão em um relacionamento abusivo. Além disso, a falta de provas, ocasionada por se tratar de uma violência “invisível”, pode dificultar o andamento de processos judiciais.

Os desafios no reconhecimento da violência psicológica

Um dos principais desafios no combate à violência psicológica é a naturalização de comportamentos abusivos dentro das relações. Frases como “Ele só age assim porque me ama” ou “Foi só um momento de raiva” são comuns entre vítimas que ainda não identificaram a agressão como um padrão de controle e dominação. A sociedade, por sua vez, reforça essa invisibilização ao minimizar o impacto da violência psicológica, muitas vezes enxergando-a como algo menos grave do que a violência física.

Outro fator que contribui para a dificuldade no reconhecimento é a manipulação emocional exercida pelo agressor. Muitas vezes, ele distorce os acontecimentos, fazendo com que a vítima duvide de sua própria percepção da realidade. Essa estratégia pode gerar confusão emocional, levando à passividade e à dependência emocional. Além disso, a vergonha e o medo do julgamento social fazem com que muitas mulheres hesitem em buscar ajuda.

Os impactos na vida das vítimas

A violência psicológica pode causar danos profundos à saúde mental e emocional das mulheres que a vivenciam. O desgaste constante gerado por humilhações, desvalorização e controle pode levar ao desenvolvimento de ansiedade, depressão e estresse crônico. Aos poucos, a vítima perde a autoconfiança e se sente incapaz de tomar decisões ou buscar ajuda, tornando ainda mais difícil romper com o ciclo de violência.

Além disso, a violência psicológica muitas vezes não ocorre isoladamente. Ela pode estar associada a outras formas de abuso, como a violência patrimonial e até mesmo a violência física. Em muitos casos, o sofrimento emocional é o primeiro sinal de um padrão abusivo que pode se intensificar ao longo do tempo. Por isso, reconhecer esses sinais desde o início é essencial para evitar que a situação se agrave e garantir a proteção da vítima.

A importância do acolhimento e da conscientização

O combate à violência psicológica passa pelo fortalecimento das redes de apoio e pela ampliação do acesso a informações sobre o tema. Espaços como o Núcleo Maria da Penha (NUMAPE) desempenham um papel essencial ao oferecer suporte jurídico e psicológico para mulheres em situação de violência, ajudando-as a reconhecer os sinais de abuso e a buscar meios de enfrentamento.

Além do atendimento especializado, a conscientização da sociedade é fundamental para desconstruir mitos e estereótipos que perpetuam a violência. Campanhas educativas, rodas de conversa e ações de sensibilização são estratégias eficazes para levar informação às mulheres e à comunidade, promovendo um ambiente mais seguro e acolhedor.

Conclusão

A violência psicológica é uma das formas mais difíceis de identificar, mas seus efeitos são profundos e duradouros. O reconhecimento prévio desse tipo de abuso e o acesso a suporte adequado são essenciais para que as vítimas consigam romper com o ciclo da violência e reconstruir suas vidas.

O trabalho de iniciativas como o Núcleo Maria da Penha (NUMAPE) é fundamental nesse processo, oferecendo atendimento jurídico e psicológico para auxiliar mulheres em situação de violência. No entanto, o enfrentamento desse problema não pode se limitar ao atendimento individual. É necessário um esforço coletivo para ampliar a conscientização, fortalecer redes de apoio e garantir que as mulheres tenham acesso a mecanismos eficazes de proteção. Somente por meio da conscientização e do comprometimento coletivo será possível avançar na construção de um futuro em que todas as mulheres possam viver com dignidade e segurança.

Estagiária: Ana Santana, graduanda em Psicologia – Unioeste

QUEM SOMOS

O Numape é um projeto de extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Marechal Cândido Rondon. Faz parte da Superintendência Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do Governo do Estado do Paraná.

O Numape promove o acolhimento jurídico de forma gratuita e sigilosa, assegurando a tutela de seus direitos e a desvinculação do agressor para mulheres em situação de violência doméstica dos municípios de Marechal Cândido Rondon, Quatro Pontes, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste, Nova Santa Rosa e Mercedes.

Em atuação desde 2019, o Numape realizou centenas de atendimentos jurídicos. O atendimento é realizado com uma escuta atenciosa e qualificada e todas as orientações cabíveis para cada caso são repassadas, sempre preservando a autonomia de decisão da mulher para dar seguimento nas fases processuais, que se desdobram geralmente em medidas protetivas de urgência, divórcio, dissolução de união estável, pensão e guarda dos/as filhos/as, entre outras ações. Além disso, promoveu dezenas de ações socioeducativas na comunidade em geral, alcançando inúmeras pessoas de diferentes faixas etárias e grupos sociais.

Entre em contato para saber mais sobre o serviço. O atendimento pode ser realizado pelo telefone celular e WhatsApp: (45) 99841-0892. Nos encontre também nas redes sociais. Estamos aqui por você. Até a próxima coluna!

 
Compartilhe esta notícia:

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.
Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.