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Como identificar a violência psicológica contra a mulher

calendar_month 29 de setembro de 2024
6 min de leitura

A saúde mental tem ganhado destaque nas discussões contemporâneas, e no mês de setembro, com a campanha do Setembro Amarelo, voltada para a prevenção do suicídio e conscientização sobre saúde mental, o tema ganha ainda mais relevância. Isso nos leva a um importante questionamento: como a violência psicológica afeta as mulheres?

A violência psicológica pode ser sutil e silenciosa, mas seus impactos são devastadores. Ela é conceituada como qualquer comportamento que agride o psicológico da vítima, afetando seu bem-estar emocional e sua autoestima. Embora invisível ao olho nu, os danos que provoca podem ser tão dolorosos quanto os da violência física.

Como a violência psicológica se manifesta?

A violência psicológica contra a mulher pode se manifestar de várias formas. Entre os principais comportamentos estão:

  • Constrangimento – Colocar a vítima em situações que a deixam desconfortável ou humilhada.
  • Ameaça – Promover um ambiente de medo e insegurança com promessas de retaliação.
  • Humilhação – Desqualificar a mulher, especialmente em público, comprometendo sua autoestima.
  • Manipulação – Controlar a mulher por meio de mentiras e distorções da realidade, fazendo-a questionar suas próprias percepções.
  • Insulto – Ofender verbalmente e depreciar a mulher, atacando seu valor pessoal.
  • Chantagem – Controlar o comportamento da vítima com ameaças ou promessas que envolvem ganhos ou perdas emocionais.
  • Ridicularização – Fazer piadas ou menosprezar opiniões, crenças ou sentimentos da vítima.
  • Exploração – Abusar da vulnerabilidade emocional ou financeira da mulher para tirar proveito.

Além disso, qualquer ação que cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação da mulher também pode ser considerada uma forma de violência psicológica.

A complexidade da violência psicológica

Essas formas de violência raramente ocorrem isoladamente. Normalmente, há uma sequência de eventos que, com o tempo, vão se intensificando, aprisionando a mulher em um ciclo de abuso que muitas vezes é difícil de romper sem apoio externo.

A violência psicológica está prevista na Lei Maria da Penha, que tipifica a violência doméstica como qualquer ação ou omissão que cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico à mulher, incluindo formas de controle patrimonial.

Comportamentos abusivos naturalizados na sociedade

Muitos comportamentos abusivos e tóxicos estão naturalizados na sociedade, e, portanto, frequentemente passam despercebidos. Um exemplo corriqueiro é o controle sobre a maneira como a mulher se veste. Comentários depreciativos ou restrições quanto à escolha de roupas são formas sutis, mas prejudiciais, de exercer controle e minar a autoestima da mulher. Esse tipo de comportamento, comum em muitos relacionamentos, pode ser o início de uma escalada de violência psicológica.

O que pode ser feito para se proteger?

Identificar a violência psicológica é o primeiro passo, mas o que pode ser feito para se proteger? Buscar ajuda especializada é fundamental. Isso pode incluir apoio psicológico e jurídico, que auxilia a vítima a romper o ciclo de abuso.

Especificamente, é importante instruir a situação por meio de provas. Essas provas são fundamentais no contexto judicial e podem incluir:

  • Gravações de imagem e áudio que evidenciem o abuso;
  • Testemunhas que presenciaram a violência;
  • Conversas registradas em aplicativos de mensagens, que demonstrem insultos, manipulações ou ameaças.

Sou vítima, o NUMAPE pode me auxiliar?

Sim! O NUMAPE (Núcleo Maria da Penha) pode oferecer auxílio antes ou depois da denúncia. O cartório criminal também pode nomear o NUMAPE diretamente para representá-la em casos de violência psicológica.

Reiteramos a importância de resguardar as provas em situações de violência psicológica, pois, sendo um tipo de violência de difícil identificação, embora as marcas emocionais sejam profundas e permanentes, elas são invisíveis aos olhos de quem vê.

O setor de psicologia do NUMAPE atua em conjunto para acompanhar as mulheres em situação de violência, oferecendo suporte emocional. Além disso, trabalhos em parceria com a rede de proteção às mulheres são realizados rotineiramente, buscando garantir que cada mulher tenha acesso ao atendimento necessário para sua segurança e bem-estar.

A importância de resguardar provas

Resguardar essas provas é crucial, pois é por meio delas que consequências jurídicas podem ser solicitadas, como medidas protetivas e denúncias formais contra o agressor. Provar a violência psicológica pode ser desafiador, já que ela não deixa marcas visíveis, mas com as evidências adequadas, a vítima pode buscar proteção legal e interromper o ciclo de violência.

Reconhecer esses sinais e agir de forma preventiva são passos essenciais para garantir a segurança e o bem-estar das mulheres.

Referências:

DOS SANTOS, Kátia Alexsandra; KARPINSKI, Monica; SOARES, Izabel Cristina. Saúde mental e Gênero: relatos de experiência do projeto de extensão Núcleo Maria da Penha-NUMAPE, Irati-PR. Revista de Psicologia da UNESP, v. 19, n. 2, p. 135-155, 2020.

Autora:

Ana Gabriela Brod, advogada

QUEM SOMOS

O Numape é um projeto de extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Marechal Cândido Rondon. Faz parte da Superintendência Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do Governo do Estado do Paraná.

O Numape promove o acolhimento jurídico de forma gratuita e sigilosa, assegurando a tutela de seus direitos e a desvinculação do agressor para mulheres em situação de violência doméstica dos municípios de Marechal Cândido Rondon, Quatro Pontes, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste, Nova Santa Rosa e Mercedes.

Em atuação desde 2019, o Numape realizou centenas de atendimentos jurídicos. O atendimento é realizado com uma escuta atenciosa e qualificada e todas as orientações cabíveis para cada caso são repassadas, sempre preservando a autonomia de decisão da mulher para dar seguimento nas fases processuais, que se desdobram geralmente em medidas protetivas de urgência, divórcio, dissolução de união estável, pensão e guarda dos/as filhos/as, entre outras ações. Além disso, promoveu dezenas de ações socioeducativas na comunidade em geral, alcançando inúmeras pessoas de diferentes faixas etárias e grupos sociais.

Entre em contato para saber mais sobre o serviço. O atendimento pode ser realizado pelo telefone celular e WhatsApp: (45) 99841-0892. Nos encontre também nas redes sociais. Estamos aqui por você. Até a próxima coluna!

 
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