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Violência doméstica contra mulheres idosas: um problema invisível

calendar_month 30 de junho de 2024
5 min de leitura

A violência doméstica representa um problema grave e persistente que afeta mulheres de todas as idades e classes sociais. No caso de mulheres idosas, estas enfrentam uma forma peculiarmente invisível e insidiosa dessa violência, moldada tanto por fatores sociais quanto pela interseção entre gênero e idade. O objetivo deste artigo é discutir sobre a violência doméstica contra as mulheres idosas, os desafios específicos que estas enfrentam diariamente e quais são as medidas necessárias para protegê-las.

Quando se pensa em violência doméstica, é imprescindível que se entenda que ela abrange não apenas a agressão física, mas também abusos psicológico, emocional, sexual e financeiro. Insultos e humilhações, tais como apelidos depreciativos e críticas constantes, são formas claras de abuso psicológico que podem minar severamente a autoestima e a dignidade da vítima. Este tipo de abuso, frequentemente menos visível, é igualmente devastador, pois pode levar ao isolamento social da vítima. Isolada, a mulher idosa pode se sentir desconectada de sua comunidade e redes de suporte, tornando-se ainda mais vulnerável.

Já as ameaças e manipulação são ações em que o agressor usa tácticas de controle, como coação, para que a vítima cumpra suas demandas sob a ameaça de consequências negativas, exemplificando o abuso emocional. Estas ações intencionais visam instalar um estado permanente de medo e dependência psicológica.

Outra forma de violência, cada vez mais prevalente, é o abuso financeiro. Inserido no contexto da violência patrimonial, esse tipo de abuso geralmente é perpetrado por familiares próximos da vítima. Frequentemente relatado, envolve a exploração ou o controle indevido das finanças pessoais da mulher idosa, incluindo práticas como contrair empréstimos bancários em nome da idosa, utilizar seus cartões de crédito sem consentimento, ou mesmo se apropriar indevidamente de sua aposentadoria.

É importante salientar que mulheres idosas possuem uma vulnerabilidade social maior causada em decorrência de alguns fatores: dependência física e financeira, já que muitas dependem de familiares ou cuidadores para obter apoio físico e/ou financeiro; isolamento social, deixando-as mais suscetíveis à violência em decorrência da perda de amigos, familiares ou mobilidade reduzida; e estereótipos de gênero e idade, visto que a sociedade tende a subestimar a competência e o valor de mulheres mais velhas.

Também é notório que a violência doméstica contra mulheres idosas muitas vezes passa despercebida e não é denunciada. Isso se deve, em parte, a um estigma cultural que desencoraja a denúncia contra membros da própria família responsáveis pela violência, representando um significativo impedimento para as vítimas. A escassez de serviços de apoio e de recursos específicos para esse grupo dificulta ainda mais que as mulheres idosas denunciem seus agressores. Outro desafio é a desinformação: tanto as vítimas quanto a sociedade podem não reconhecer ou entender que o que estas mulheres estão sofrendo constitui violência doméstica.

Diante da complexidade da situação, é crucial o desenvolvimento e implementação de estratégias de intervenção e proteção para mulheres idosas vítimas de violência doméstica. Campanhas de conscientização direcionadas, que abordem especificamente esta questão, são essenciais para aumentar a sensibilização pública. Igualmente importante é a criação de serviços de apoio adaptados às necessidades particulares deste grupo, incluindo abrigos acessíveis e aconselhamento especializado. Essas medidas são fundamentais para mitigar o problema e oferecer o suporte necessário às vítimas.

Concluindo, a violência doméstica contra mulheres idosas é uma realidade alarmante que exige atenção e ação imediata. O enfrentamento efetivo deste problema passa pela eliminação dos estigmas culturais, pela melhoria dos sistemas de apoio e pelo aumento da conscientização pública. É essencial reconhecer as formas específicas de abuso que essas mulheres sofrem e implementar medidas que as protejam e empoderem. Com o envelhecimento da população, a urgência de abordar essas questões torna-se ainda mais crítica, garantindo assim a dignidade, segurança e bem-estar das mulheres idosas em nossa sociedade.

Autora: Leticia Rafaelli Griep Vogt

QUEM SOMOS

O Numape é um projeto de extensão da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus de Marechal Cândido Rondon. Faz parte da Superintendência Geral da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), do Governo do Estado do Paraná.

O Numape promove o acolhimento jurídico de forma gratuita e sigilosa, assegurando a tutela de seus direitos e a desvinculação do agressor para mulheres em situação de violência doméstica dos municípios de Marechal Cândido Rondon, Quatro Pontes, Pato Bragado, Entre Rios do Oeste, Nova Santa Rosa e Mercedes.

Em atuação desde 2019, o Numape realizou centenas de atendimentos jurídicos. O atendimento é realizado com uma escuta atenciosa e qualificada e todas as orientações cabíveis para cada caso são repassadas, sempre preservando a autonomia de decisão da mulher para dar seguimento nas fases processuais, que se desdobram geralmente em medidas protetivas de urgência, divórcio, dissolução de união estável, pensão e guarda dos/as filhos/as, entre outras ações. Além disso, promoveu dezenas de ações socioeducativas na comunidade em geral, alcançando inúmeras pessoas de diferentes faixas etárias e grupos sociais.

Entre em contato para saber mais sobre o serviço. O atendimento pode ser realizado pelo telefone celular e WhatsApp: (45) 99841-0892. Nos encontre também nas redes sociais. Estamos aqui por você. Até a próxima coluna!

 
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