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Osnei Alves

O que é design thinking? Como aplicar nas empresas?

calendar_month 26 de novembro de 2024
7 min de leitura

Design thinking não é um novo conceito, nem uma nova prática; tem estado entre nós desde que existe design, conscientemente ou inconscientemente.

Cooper, Junginger, Lockwood (2009) afirmam que a definição para design thinking é meio nebulosa. O dicionário distingue entre thinking of (pensar em), thinking about (pensar sobre) e thinking through (pensar por meio de). Para a autora, design thinking reúne todas as três definições. A maioria das organizações está familiarizada com as duas primeiras definições.

Elas think of design (pensam em design) quando pensam em produtos e serviços; think about design (pensam sobre design) quando consideram, refletem e deliberam sobre algum assunto, talvez uma ferramenta para marketing. No entanto, agora surge uma nova maneira de aplicar o design thinking – thinking through design (pensar por meio do design) – é pensar como os designers fazem. Para Cooper, Junginger e Lockwood (2009, p.63), design thinking (think through design) “envolve a habilidade de rapidamente visualizar problemas e conceitos, o desenvolvimento de cenários baseados em pessoas e a construção de estratégias de negócio baseada nos métodos de pesquisa dos designers”.

Lockwood, presidente do Design Management Institute (DMI), define design thinking como: “essencialmente uma processo de inovação centrado no ser humano que enfatiza observação, colaboração, rápido aprendizado, visualização de ideias, rápido protótipo de conceitos e análise de negocio concorrente, a qual influencia inovação e estratégia de negócio” (LOCKWOOD, 2009, p.11).

Para Martin (2009, p.6), design thinking “é a forma de pensamento que possibilita o movimento através do funil do conhecimento”. O autor ainda reforça que a organização que dominar esta maneira de pensar terá vantagem de negócio de longo tempo.

Design thinking é considerado o fator essencial para as organizações obterem inovação. Para Ilipinar et al. (2008), design thinking é um processo criativo baseado na construção de ideias. Não havendo julgamento, o design thinking elimina o medo de falhar e encoraja a máxima absorção e participação dos indivíduos no processo de resolução de problemas.

O design thinking é uma metodologia difundida por Tim Brown e pode ser considerada uma ferramenta para desenvolvimento de criatividade e inovação. Antes de iniciar o processo de design thinking, Brown e Katz (2010) sugere começar com a identificação das restrições mais importantes dentro do projeto em questão. Utilizando os critérios de viabilidade (busca por projetos sustentável), praticabilidade (o que é funcionalmente possível) e desejabilidade (o que faz sentido para as pessoas).

Com base nesses critérios definidos inicia-se, então, a utilização da metodologia que possui basicamente três etapas: processo de inspiração, ideação e implementação dentro de equipes multidisciplinares.

Para Vianna et al. (2011), a fase da inspiração envolve a compreensão abrangente do problema a ser resolvido, a análise e síntese de atividades. Já a fase de ideação abrange a geração de novas ideias de acordo com o contexto, estimulando a criatividade através de ferramentas. Por fim, a fase de implementação onde realiza-se a prototipação, que se dá em paralelo com as demais etapas e visa auxiliar na validação das ideias.

Lockwood (2009) define cinco (5) aspectos-chave do design thinking:

  • O primeiro é adquirir um profundo entendimento do consumidor por meio da pesquisa de campo. Para o autor, “o uso da abordagem empática pode ser tanto uma fonte de inspiração como auxilio para atingir os insights dos consumidores e descobrir necessidades desarticuladas” (LOCKWOOD, 2009). Normalmente, isso envolve observação e métodos etnográficos, assistindo, ouvindo, discutindo e buscando a compreensão.
  • O segundo aspecto é a colaboração com o usuário na formação de grupos multidisciplinares, os quais trabalhem de forma interdisciplinar.
  • O terceiro aspecto é ser capaz de acelerar o aprendizado por meio da visualização, experimentação e criação de protótipos rápidos.
  • O quarto aspecto é ligado ao último, centrado na habilidade do design thinker de gerar visualizações de conceitos.
  • O quinto e último aspecto é a importância de integrar a análise de negócio durante o processo e não no final, utilizado para limitar a criatividade. O design thinking possibilita o pensamento integrativo “combinando a ideia criativa com os aspectos estratégicos tradicionais a fim de aprender um ponto de vista mais completo e diferente” (LOCKWOOD, 2009).

Com referência nos atributos, pode-se dizer que os atributos do design thinking são: habilidade de criar o futuro em vez de reagir à condição presente; ser colaborativo; ser empático; ser um visual thinker; integrativo; criativo; e trabalhar com a diferenciação.

Segundo Chohan (2008), para ser design e líder requer-se “habilidade de imaginar o que ainda não existe para criar novo significado, novas realidades, para encontrar direção, para operar com intenção e propósito, e operar praticamente em um mundo mudando a complexidade e informação”.

Os princípios utilizados pelo design thinking, sempre a partir do foco no ser humano, são: a “empatia”, a “colaboração” e a “experimentação”. A forma colaborativa de trabalho significa: opção pelo pensamento em equipe, valorização do trabalho interdisciplinar, heterogêneo e valorização da diversidade na busca por soluções dos problemas.

A empatia é a capacidade do ser humano de se colocar no lugar do outro para compreender melhor o seu comportamento e sentimento; isto é, ver sob o ponto de vista de outra pessoa. 

A  experimentação, parte  importante do processo, está ligada à ideia de verificação e correção de rumo. Quanto mais cedo se experimenta, mais cedo os erros são corrigidos; é um contínuo aprimoramento.

Um dos principais aspectos que diferenciam o design thinking de outras abordagens  para gerar inovação é a capacidade de descobrir o que as pessoas desejam e satisfazer estas necessidades, ou seja, achar soluções para os problemas colocando as pessoas  em primeiro lugar. A primeira tarefa a se realizar para atingir este objetivo é compreender e identificar as necessidades destas pessoas e uma das formas utilizadas para isso são as ferramentas de pesquisa, também utilizadas por outras áreas, além do design.

O processo de design também se caracteriza pela necessidade de criar ideias e encontrar soluções (produtos, serviços ou sistemas) que sejam viáveis tecnológica e economicamente, a fim de atender os anseios de um grupo de usuários em prazo determinado. Atender a estes requisitos de forma a equilibrar as necessidades e interesses de três áreas tão distintas – pessoas, negócios e tecnologia – exige que o designer obtenha, gerencie e integre informações e conhecimento de especialistas destas mesmas áreas. Tal necessidade leva o  designer a assumir também um papel de coordenação neste processo de resolução de problemas.

Referências bibliográficas:

BROWN, Tim.; KATZ, Barry. Design thinking: uma metodologia poderosa para decretar o fim das velhas ideias. Elsevier, 2010.

CHOHAN Bhavnish R. Catalysing. Organizacional Inovation Through Designer Mind: Exploring the fundamental issues of „design Thinking‟ and its sucessful inplementation for organizacional sucess. In INTERNATIONAL DMI EDUCATION CONFERENCE, anais. France, April 2008.

COOPER, Rachel, JUNGINGER, Sabine, LOCKWOOD, Thomas. Design Thinking and design management: A research and practice perspective. In

ILIPINAR, Gursel et all. Design Thinking in postmodern organization. In INTERNATIONAL DMI EDUCATION CONFERENCE, anais… France, April 2008

LOCKWOOD, Thomas. Design thinking: Integrating innovation, customer experience, and brand value. New York: Allworth Press, 2006.

VIANNA, Maurício. et al. Design Thinking. Business Inovation, 2011.

Quem é Osnei Francisco Alves

Osnei Francisco Alves é especialista na área de gestão, estratégia empresarial, marketing, comunicação, tecnologia, educação, entre outras. Escritor de livros e artigos científicos. Atualmente, gerente executivo do Senac em Marechal Cândido Rondon.

consultorosnei@gmail.com

 
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