O Presente
Pitoco

A força da batina

calendar_month 18 de outubro de 2024
12 min de leitura

Bancada da hóstia na Câmara Municipal de Cascavel inclui o vereador mais votado,
Tiago Almeida, conhecido como “piazinho dos padres”

Tiago, o “piazinho” (esq.): 4,2 mil votos com apoio de parte do clero

Até onde se sabe, nenhum sacerdote de Cascavel entregou a hóstia junto com o santinho de seu candidato a vereador. Mas nunca até aqui os padres tiveram participação tão ativa em uma eleição.

É extensa a lista de vereadores eleitos que oram voltados para Roma. A começar pelo mais votado, Tiago Almeida, que obteve o apoio (declarado abertamente ou articulado) de pelo menos seis padres, notadamente na Porção Sul do município e zona rural. Tiago fez 4,2 mil votos a maior votação nominal desde que Guerino Zotti cravou 3.999 sufrágios quase três décadas atrás.

“Tiaguinho”, como é tratado por um de seus admiradores mais populares que veste batina, o padre Gustavo Marmentini, do Cascavel Velho, carrega um apelido curioso conforme relata Miguel Dias, veterano comunicador de ouvidos colados nas paredes da Câmara.

Ele é conhecido aqui nos corredores do Legislativo como piazinho dos padres, relata Dias.

Oração em língua

Outros leais ao argentino Chico também foram eleitos com apoio de leigos e padres católicos, alguns deles pela Renovação Carismática, movimento surgido nos Estados Unidos que incorpora aos rituais alguns elementos oriundos do pentecostalismo (orações em línguas, liturgias animadas, “encontros pessoais” com Cristo).

Também foram bem votados em bases católicas: Carlos Xavier, Rondinelle Batista, Antonio Marcos, Everton Guimaraes e João Diego.

Um certa mescla de catolicismo com neopentacostalismo não soa estranho aos eleitos pelo Partido Republicanos em Cascavel. Afinal, a sigla foi fundada para ser o braço político da Igreja Universal, do auto-proclamado bispo Edir Macedo.

O presidente nacional do partido, Marcos Pereira, é bispo da Universal, mas nunca chegou a chutar a santa para impedir a ascensão de católicos.

l Em tempo: três candidatos a prefeito eram vistos com mais frequência ajoelhados na Catedral que o próprio pároco: Renato, Xerife e Edgar.

Oportunismo

O jovem padre Marmentini admite que a hieraquia católica se envolveu mais neste ano. Segundo ele, muitos colegas de batina entendem como tímida a atuação da pastoral política católica. “Qualquer candidato vai lá e põe assinatura num papel da pastoral, isso não quer dizer muita coisa, e atrai oportunistas também, assim acaba prestando um desserviço para a causa”, disse.

De outro lado, o sacerdote disse que é preciso entender onde está a linha tênue que separa a igreja e a religião da política. “Não se deve levar essa questão ao púlpito, essa mistura, historicamente não deu certo”, disse.

Marmentini enfatiza que não há uma disputa por influência política com os evangélicos e deixou um alerta aos abençoados pelas urnas: em pleitos anteriores, muitos outros foram eleitos pelos católicos, mas, no primeiro escorregão, perderam seus mandatos.

Entre os 21 eleitos, somente Cidão da Telepar é declaradamente evangélico. No entanto, a denominação que ele frequenta, a Congregação Cristã, desaconselha o envolvimento de pastores com o mundo das urnas.

O terceiro mais votado, Alecio Espinola, é “total flex” no mundo espiritual: recebeu apoio de bispo evangélico e de ministros católicos. Está cotado para mais um mandato na presidência na Casa, ou compor o 1º escalão da Prefeitura.

Completa o top 3 dos mais votados o emedebista Edson Souza, cuja votação, firmando uma exceção à regra, não vem de agrupamentos religiosos. Souza cultivou uma base eleitoral sólida entre servidores da saúde pública e na Unioeste, notadamente no Hospital Universitário, o tal voto corporativo.

Padre Gustavo: hieraquia católica se envolveu mais neste ano

Pitaco do Pitoco

Fala-se “cidade paroquiana”, de forma depreciativa, pequenos municípios em que a influência da igreja se sobrepõe aos mandatos políticos. Não é o caso de Cascavel, embora os católicos tenham obtido uma musculatura inigualável nas eleições deste ano, panteão em que é possível incluir o primeiro mandatário do município a partir de janeiro.

O curioso é a mudança da seta ideológica: o PT de Cascavel praticamente nasceu e se expandiu embaixo das batinas. O MST nacional nasceu dentro de um seminário cascavelense. Era o auge da “Teologia da Libertação”, acusada de abrigar perigosos “padres e bispos vermelhos”. Um sacerdote católico petista foi deputado federal no Paraná e chegou a disputar a governadoria: padre Roque.

São outros os tempos: os eleitos por leigos e padres agora são jovens barbudos da direita. Talvez esse fenômeno explique a decadência eleitoral do PT em Cascavel, embora a direção das setas ideológicas não sirva de régua para medir caráter ou intensidade da fé e o fundamentalismo religioso deponha contra o ecumenismo.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Festval amplia atuação no Paraná

Grupo de empresários cascavelenses acrescenta mais sete lojas na rede, incluindo a unidade do Catuaí Shopping, a ser inaugurado no próximo dia 12

Carlos Beal com o empresário Helton Parizotto, fundador do Verde Mais: 60 dias de negociação

A rede de supermercados Festval acelera sua expansão no Paraná com um movimento estratégico que reforça sua posição entre os principais grupos de varejo no estado.

A empresa acaba de celebrar a incorporação do grupo Verde Mais, absorvendo as quatro unidades em Curitiba. Além disso, para o mês de novembro estão programadas as inaugurações de mais três lojas próprias, em São José dos Pinhais, Alto da XV, na Capital, e no Catuaí Shopping, em Cascavel.

Com essa expansão, o Festval adiciona sete novas operações ao seu portfólio, ampliando sua capilaridade e presença em regiões estratégicas, passando de 24 para 31 unidades no Estado.

As lojas do Verde Mais seguem operando sob a bandeira atual até o dia 20 de novembro, quando começará a transição para o conceito Festval.

“A integração dessas unidades é muito mais do que uma expansão geográfica, é uma sinergia de valores. O Verde Mais compartilha o nosso foco em serviços de alta qualidade e isso vem somar ainda mais à experiência que oferecemos aos clientes”, explica Carlos Beal, diretor Comercial e de Marketing do Festval.

Ele conta que a negociação com o grupo Verde Mais foi rápida, levando cerca de 60 dias para ser efetivada. Segundo Beal, todos os colaboradores do Verde Mais que tiverem interesse em seguir atuando na rede Festval serão absorvidos. Mas, além destes, o diretor explica que até o final do ano serão abertas cerca de 700 novas vagas de trabalho para as novas unidades que serão inauguradas.

Trajetória

A Cia. Beal de Alimentos foi fundada em 1972, em Cascavel. Em 2003, adquiriu a marca Festval de Supermercados, consolidando a expansão da rede, que hoje é referência em qualidade e atendimento no setor varejista, com lojas em Curitiba, Pinhais e Cascavel, além de São José dos Pinhais, que ganhará uma unidade ainda em 2024.

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Aldino não, Gugu!

Cascavelense assume em janeiro a cobiçada 1ª secretaria da Assembleia Legislativa, fato que o posiciona no top 3 dos políticos mais influentes do PR

Gugu Bueno: Ratinho Junior seria um candidato competitivo para enfrentar Lula e a esquerda na eleição presidencial de 2026

Poucos identificarão de primeira se falar “Aldino Jorge”. Mas Gugu Bueno, sim. Trata-se do mesmo personagem.

Ao longo de sua trajetória, o deputado foi convencido que os nomes que herdou dos avôs, embora embutissem orgulhosa homenagem, também eram difíceis de gravar na boca do povão.

E quem põe político na urna é povo. “Disputei minha primeira eleição para vereador em 2008 como Aldino. Acabei amargando uma suplência, embora bem votado”, conta o parlamentar.

Gugu então foi convencido a ser o Gugu, apelido de infância que ele relutou para adotar na figura pública. “Me parecia meio infantilizado, que as pessoas não iriam me levar a sério, me trazia até um certo constrangimento, mas deu certo. Na segundo eleição que disputei já surgi como Gugu entre os dois mais votados”, disse.

Acompanhe aqui os principais trechos da entrevista concedida no último dia 18 ao Pitocast, o podcast do Pitoco:

Renato “Pistola”

Perguntaram (ao Renato) muito cedo (sobre a relação com Pacheco a partir de agora). A eleição foi domingo, só o Renato sabe as agressões que sofreu. E teve a pré-campanha, onde o Renato imaginou que receberia o apoio do Pacheco, estavam no mesmo partido. É desaconselhável respostas assim mais agressivas, de outro lado ele é um ser humano ferido, entende-se em alguma medida.

Vingança no xerife

Não acredito que haverá uma vingança contra o Márcio para que ele não consiga se reeleger em 2026. Lógico que ele não estará no rol dos apoiados pelo Paço, mas também nunca esteve em gestões anteriores. Eleição proporcional é diferente, não é como para prefeito, que você tem que derrotar alguém para vencer. Cada um vai para seu canto atrás dos votos.

Laços com roedores

Em 2018 fui para o gabinete do governador, com a missão de fazer pontes políticas entre o Palácio Iguaçu e pequenos municípios. Dali a pouco o Ratinho chamou um deputado para compor o governo, e eu, suplente, assumi o mandato. Usei a tribuna da AL para sustentar os projetos do governador, ganhei a confiança dele, e me tornei vice-líder do governo na AL. Somos amigos, viajo com ele, frequento a fazenda do Ratinho em Apucarana, além da parceria política, cultivamos uma amizade respeitosa também.

“Foi somente no domingo da eleição, com a vitória do Renato, que entendi quanto acertado foi eu não ter disputado a Prefeitura.”

Aceitação

Foi somente no domingo da eleição, com a vitória do Renato, que entendi quanto acertado foi eu não ter disputado a Prefeitura. O governador chegou a dizer: se você for para a disputa, será meu candidato. Como em política tem muito achismo, já que as certeza vem somente pelas urnas, entendi no domingo que a decisão foi correta, também porque me permitiu um crédito político para assumir a primeira secretaria da Assembleia Legislativa, função que todos os 54 deputados gostariam de ocupar. Serei o primeiro cascavelense lá.

Curi no Iguaçu

Dois anos em política pode ser uma eternidade, mas são grandes as possibilidade do deputado Alexandre Curi disputar o governo do Paraná pelo grupo do Ratinho. Ele assume a presidência da Assembleia agora, transita bem no Judiciário, é influente no Executivo e passa no crivo do Iguaçu. Será protagonista em 2026, seguramente.

Ratinho no Planalto

Se o Bolsonaro permanecer inelegível, e o Tarcisio disputar a reeleição para o Governo de São Paulo, o candidato mais competitivo desse campo é o governador Ratinho Junior, mais que o Caiado, mais que o Zema. O paranaense já aparece com dois dígitos nas pesquisas presidenciais e conta com a popularidade do pai dele, entrando forte nos segmentos D e E no Nordeste brasileiro. Seria um candidato competitivo para enfrentar Lula e a esquerda.

Paranhos onde?

Político tem que ter popularidade e aprovação popular. O Paranhos mostrou isso na eleição em Cascavel. Mesmo sob fogo cerrado da oposição, o grupo venceu a eleição no primeiro turno. Os ataques que sofreu fizeram a vitória do Paranhos ainda maior, já que em Curitiba, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu e Ponta Grossa os aliados do Iguaçu tiveram mais dificuldade. É público que o governador convidou o Paranhos para ocupar uma secretaria de governo, é o momento dele projetar o nome para além do Oeste do Paraná. Paranhos tá no game!

XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX

Tilápias do Oeste impulsiona o setor

Região, que já concentra 85% da produção do peixe no Paraná, ambiciona aumentar a produtividade

O Paraná é líder na produção de tilápias no Brasil, alcançando 213,3 mil toneladas em 2023, 24% do total nacional. A região Oeste do Estado concentra 85% dessa produção, aproximadamente 180 mil toneladas anuais, conforme dados da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) e do Sebrae/PR.

Diante da importância econômica e social da tilapicultura, o Sebrae/PR, em parceria com a Unioeste e o IDR-Paraná, lançou o Projeto Tilápias do Oeste, em maio deste ano. O projeto visa otimizar a cadeia produtiva, fornecendo consultorias técnicas e capacitações para produtores e frigoríficos. Entre os principais benefícios previstos estão a organização da produção, previsibilidade de biomassa de abate, fidelização dos fornecedores e a melhoria no rendimento de carcaça.

No setor de frigoríficos, as ações incluem a implantação programas de autocontrole, desenvolvimento de manuais de qualidade, treinamentos em boas práticas de fabricação e consultorias tecnológicas.

Emerson Durso, consultor do Sebrae/PR, destaca a importância dessas iniciativas: “Mapeamos os pequenos frigoríficos da região e estamos atuando com cinco no projeto. São duas frentes de trabalho: uma direta nos frigoríficos, onde o foco é a consultoria para adequação às normas do Selo Susaf, que permite a venda do produto em todo Estado. Na outra, atuamos diretamente com os produtores indicados pelos frigoríficos, enfatizando consultorias mensais para melhorar o manejo e aumentar a produtividade”.

Entre os produtores beneficiados pelo projeto está Maikon Hilgert, da piscicultora Starker Fisch, de Missal. No ciclo de 2023/2024, a empresa produziu 7,5 milhões de juvenis, distribuídos para 117 clientes. Para o ciclo 2024/2025, com as melhorias implantadas por meio do Projeto, a expectativa é de 11 milhões de juvenis distribuídos para 130 clientes.

Integração

Dayane Lenz, engenheira de pesca e extensionista do IDR-Paraná no município de Toledo, ressalta os impactos positivos do projeto: “O grande salto no volume de produção ocorreu após a implantação dos sistemas de integração dos produtores com as cooperativas e serve de exemplo para todo o País, mas também temos produtores menores que atuam de maneira independente e representam um importante nicho no mercado regional”.

Aldi Feiden, doutor em Ciências, professor e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Recursos Pesqueiros e Engenharia de Pesca, da Unioeste, também reforçou a importância do projeto com relação aos resultados que pode gerar para a região, em especial a adequação para adesão ao Susaf.

“Com a adesão de mais frigoríficos de pescado ao Susaf, amplia-se a área de comercialização dos frigoríficos para os seus produtos, fazendo com que estes possam comprar mais peixes para abate. Com isso, os produtores terão também possibilidade de produzir mais peixes para comercialização nestes frigoríficos. Assim, a piscicultura poderá crescer ainda mais e consolidar o Paraná como o maior polo de produção de peixes do Brasil, com o predomínio da tilápia”, ressalta.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
Compartilhe esta notícia:

Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.
Este website utiliza cookies para fornecer a melhor experiência aos seus visitantes. Ao continuar, você concorda com o uso dessas informações para exibição de anúncios personalizados conforme os seus interesses.