O Presente
Pitoco

Amor que abre porteiras

calendar_month 23 de agosto de 2024
14 min de leitura

Nem em suas letras mais inspiradas, Zezé Di Camargo poderia imaginar um fã prestes a assistir presencialmente o show de número de 150 da dupla. Agora, estrela e fã cascavelense são sócios no condomínio fazenda “É o Amor”

Perspectiva arquitetônica do condomínio fazenda: o apelo é poderoso, pois expressiva parcela dos moradores da região tem um pezinho na roça. Em muitos casos, trata-se de um reencontro com saudosas memórias da infância e da juventude

Quando abrirem os portões da arena de shows nesta sexta-feira, dia 23 de agosto, para o penúltimo dia da 69ª Festa do Peão de Boiadeiro de Barretos (SP), haverá duas certezas: 1) o local estará tomado pelos milhares de fãs da dupla Zezé Di Camargo & Luciano; 2) o
cascavelense Wagner Machado estará em meio à galera cantando cada verso de cada música no público.

Não é difícil entender por que Wagner decorou as principais canções de seu ídolo, Zezé. Ele está, possivelmente, no top 5 dos fãs que mais assistiram espetáculos da dupla. Com o show de Barretos, o cascavelense terá assistido presencialmente 149 apresentações. O show de número 150 a ser testemunhado pessoalmente por ele, será em Cascavel, no salão do Tuiuti Esporte Clube.

“Aqui não serei somente fã. No Tuiuti, além de fã, também estarei na condição de sócio do Zezé”, afirma o construtor. Vale dizer, acompanhando shows desde 1991, Wagner nunca conseguiu chegar sequer próximo do cantor, quanto mais obter uma foto com ele, embora tenha tentado. Agora, subirá ao palco com o ídolo.

CONDOMÍNIO FAZENDA

A sociedade com a estrela sertaneja agrega um storytelling fascinante. Wagner conta que exatos quatro anos atrás, aguardava um amigo apoiado no barranco de um sítio na região do aeroporto de Cascavel, quando, inspirado pelo ambiente bucólico de palmeiras, lago e pássaros iniciou uma reflexão espiritualizada.

“Pensei comigo: Deus, já fiz muitas obras na construtora, de casas simples a sobrados, prédio, mas como todo empreendedor inquieto agora quero fazer algo realmente marcante… Entendi naquele momento que surgia uma ideia: um condomínio fechado. Algo me dizia para ir além, e incluir neste empreendimento o que mais gosto. Bem, o que gosto mesmo é boi, cavalo, pescaria, animais, fazenda, amo tudo isso, então clareou em minha mente: condomínio fazenda”, relatou Wagner.

“Acordado” pelo amigo daquela “viagem”, Wagner deparou-se com a realidade. Terras no interior ou próximas do perímetro urbano de Cascavel são caríssimas e um empreendimento desta natureza exigiria aportes de um investidor de bolsos profundos.

Embora de complexa viabilização, aquilo não saia da cabeça sonhadora. Wagner recorreu ao “tio Google” e não achou empreendimento dessa natureza no Brasil, embora alguns projetos pudessem sem guardar distante semelhança.

O cantor Zezé Di Camargo veio a Cascavel com a esposa Graciele ver o por de sol sobre o trigal na área de 25 alqueires que irá abrigar o condomínio fazenda: É o Amor

PARCEIRO INESPERADO

Coincidiu que naquele semana Wagner receberia em Cascavel um dos maiores arquitetos do Brasil, Jayme Bernardo. E ao conceder-lhe uma carona até o aeroporto, criou coragem e entrou no assunto do sonho custoso.

Descreveu então um condomínio dotado de amplas áreas verdes, haras, animais, que de fato replicasse dentro da cidade, em ampla e segura área, a vida bucólica e tranquila no interior de uma propriedade rural bem estruturada, desenhada por um grande arquiteto.

“Para tanto, só preciso de uma coisa: um investidor”, disse Wagner. Os segundos que se passaram entre a oferta e a resposta de Jayme pareciam horas para o sonhador.

“Estarei em São Paulo na semana, e ligo de lá para você”, disse o arquiteto. Após entregar o caroneiro no terminal aeroportuário, Wagner pensou consigo mesmo: “Ele pega esse avião agora e nunca mais vai lembrar que eu existo”.

Não foi bem assim, no dia indicado, Jayme liga de São Paulo dizendo que estava no escritório do cantor Zezé Di Camargo. Com ele, em viva voz, estava Wilsinho Anastácio, empresário do cantor e de outros, como Chitãozinho & Xororó.

PROPOSTAS TODA SEMANA

“Foi Deus quem construiu essas ligações. O arquiteto sequer sabia de minha paixão musical pelo Zezé. E como projetista das casas de alguns dos principais astros sertanejos do país, acabou colocando o cantor dentro do condomínio fazenda, em Cascavel”, comentou Wagner.

“Recebemos propostas para investimentos toda semana. Poderíamos ter escolhido qualquer ponto do mapa do Brasil com grandes empresários na sociedade.
Mas para eles seria apenas mais um negócio. Percebi que o Wagner colocaria amor na causa e que Cascavel é uma cidade diferenciada”, disse o empresário de Zezé, ao explicar a decisão.

Wagner Machado palestra para corretores de imóveis: de fã a sócio
Plateia de profissionais do mercado imobiliário acompanha com interesse a apresentação do projeto inédito

O empreendimento

Uma área com mais de 560 mil metros quadrados há apenas algumas centenas de metros da Avenida Brasil. Não se poderia imaginar que existira tal disponibilidade. Mas quem procura acha. E haverá sim, um condomínio fazenda nas vizinhanças da principal artéria urbana da Capital do Oeste.

O empreendimento irá ofertar 404 terrenos distribuídos nos 25 alqueires as margens do Trevo Cataratas Alsir Pelissaro, novo quinhão do mercado imobiliário local. Foi ali, em um belo trigal dourado pelo por do sol, que Zezé Di Camargo e esposa Graciele posaram para a foto da capa do Pitoco de 2 de agosto último.

Os sócios e parceiros do “É o Amor”: união de forças para viabilizar o megaempreendimento

OS SÓCIOS

Estão juntos na empreitada, além de Zezé Di Camargo, Wagner Machado, Jaime Bernardo e Wilson Anastácio, os empreendedores Rogério Rizzardi, família Boni, de Balneário Camboriú, e os médicos Mendes e Tanaka, da Master Clinica.

GALINHAS DA VOVÓ

O condomínio foi apresentado para centenas de corretores de imóveis em evento de apresentação do projeto no último 2 de agosto. Na ocasião, um dos presentes relatou o diálogo com uma senhorinha de pronunciado sotaque germânico. A preocupação da vovó era saber se poderia criar galinhas no interior do condomínio. A resposta acalmou a potencial compradora, já que o espírito da coisa é exatamente esse. Expressiva parcela dos moradores da região têm um pezinho na roça. Em muitos casos, trata-se de um reencontro com saudosas memórias da infância e da juventude.

CALENDÁRIO

Em 2 de agosto os empreendedores apresentaram o projeto e os parceiros para mais de 600 corretores. No último dia 21 aconteceu a convenção de vendas para corretores e imobiliárias cadastradas.

No dia 14 de setembro vendedores e compradores terão um novo encontro para assinar contratos, no Black Cap Eventos. E no dia 26 de setembro, clientes e seus corretores assistem ao show com Zezé Di Camargo no clube Tuiuti.

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A voz do jornal

A caminho de completar 28 anos, em janeiro próximo, vamos dar neste espaço uma oportunidade para o jornal que chega toda sexta-feira às suas mãos dizer algo. Fala aí, jornal Pitoco:

JAIRO EDUARDO Jornalista, editor do Pitoco e cronista da rádio T. Interaja com o editor:
pitoco@pitoco.com.br. WhatsApp: 991131313

Recordo-me bem do tempo que eu era apenas uma folhinha de papel sulfite, precariamente impressa em uma engenhoca que lembrava uma máquina de xerox. Havia
poucos leitores. Um dos jornaleiros era o seo Jairo, pai do editor.

Ele era danado, só me deixava na mão do passageiro – à espera de um ônibus no terminal – se de fato o “vivente” fosse me ler. Se percebesse que não leria, me pegava de volta e me deixava com outra pessoa.

Lembro dos primeiros assinantes. Eles pagavam R$ 50 para me receber um ano inteiro. Já estavam ali o Beto Guilherme, Germano Zeni, Osni Iori, Antonio Edson Gruber, Atair Gomes da Silva, entre outros tantos poucos. Não posso esquecer os primeiro anunciantes: O Super Vitória (hoje Festval), os Baratter com a Diamante Distribuidora, Raio X Cascavel, Livraria Schuster, a Certto Internet …

No porta-retratos da redação, a caricatura do “seo” Jairo distribuindo pitocos produzida no final dos anos 1990 pelo Arivonil: “Se não vai ler, devolve!”.

TOTÓ IRADO

Mas espera, não foi só glamour não! O totó do Odjalma Cordeiro me atacou, me reduziu a papel picado. Foi sofrido, mas sobrevivi. Tomei chuva, tomei sol e branquiei da geada no jardim.

Fui rasgado ao meio no discurso irado de um vereador na tribuna da Câmara de Cascavel. Foi ardido, mas era um momento de glória! Outros ainda rasgariam meu corpinho aparentemente frágil e esguio. Era gente habituada à bajulação barata, em dificuldade de conviver com o contraditório.

Fui lido no avião do “bacana”, nas escolas, na banca do bicho da periferia esquecida, no relógio inteligente do Maschio nos EUA, na tela grande do Zibetti em Curitiba, frequentei mãos nem sempre limpas de presidentes da República, governadores e “otoridades” importantes do Legislativo e do Judiciário. Fui olhado com desconfiança e algum desdém pelos “donos da cidade”.

DECOLAGEM NO PRÉDIO

Fui amarrotado e lançado ao lixo como quem arremessa uma bola na cesta de basquete. Mas, também, nas mãos do papai dedicado, oriundo do mundo analógico, fui dobrado
para ensinar uma criança como se faz um aviãozinho ou um barquinho de papel a partir de uma folhinha de sulfite.

Me usaram para matar barata, iniciar o fogo, me jogaram do alto do prédio em forma de aviãozinho, afastaram o mosquito e o calor ao me fazer de leque e, após algumas tesouradas, até bandeirinha de festa junina eu fui.

Fui superfície para o consumo de entorpecentes e para outras atividades escatológicas que não devo relatar aqui (se até “sabugo” usam, imagina o Pitoco…).

OS TROVÕES

Fui levado prá leitura em “privadas” públicas imundas e em banheiros marmorizados de piso aquecido nas belas mansões suspensas da fina flor da sociedade, onde ouvi ruidosas trovoadas. É, gente fina também flatula.

Poderia me queixar daquela vez que aguardei para ser lido dentro de um envelope de plástico horas, dias, semanas, anos. Fui esquecido ali, no imóvel que alguém abandonou, da vida que alguém partiu… Veja só: até casório arrumei. Primeiro a bela se apaixonou por mim, por meu conteúdo…somente depois, muitos anos depois, pelo editor.

Gosto de me recordar do sorriso da criança com o dedinho apontado para o mascote no cabeçalho do jornal, do leitor esforçado que lê várias vezes o mesmo parágrafo no esforço de entender o duplo sentido que o editor – as vezes prolixo – deixa apenas subentendido.

Terei muitas histórias para contar ainda. O papel do jornal não terminou. O jornal de papel resiste heroicamente… Com licença, ouvi o ruído da motoca, o jornaleiro chegou, tenho que partir. Até breve…

(assinado: Jornal Pitoco)

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Áreas na Faixa de Fronteira

Importância da ratificação ou convalidação dos registros imobiliários das terras situadas na Faixa de Fronteira do Paraná

Por Walter Pozzobom. Ele é engenheiro agrônomo e perito federal – CREA/PR4.656-D. Foi diretor fundiário do INCRA no Paraná por mais de 15 anos. Presidiu a Comissão de Regularização Fundiária do Parque Nacional do Iguaçu composta pelo INCRA, IBAMA, e IAT/ PR. Foi superintendente regional do INCRA no Paraná entre 2016 a 2018

A Faixa de Fronteira do Paraná, que abrange cerca de 1/3 do Estado e impacta 139 municípios, é uma região de importância estratégica, tanto pela proximidade com países
vizinhos, como pela sua vasta extensão territorial. Com aproximadamente 6 milhões
de hectares, esta área é cercada por complexidades jurídicas e administrativas que afetam diretamente os proprietários rurais.

Para fins didáticos, é possível entender a evolução da faixa em três períodos distintos. Inicialmente, ela possuía 66 quilômetros de largura a partir da linha de fronteira, tendo sido instituída pela Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891. Posteriormente, foi ampliada para 100 quilômetros de largura na Constituição Federal de 16 de julho de 1934, e para 150 quilômetros de largura na Constituição Federal de 10 de novembro de 1937.

Cada uma dessas faixas, quando instituídas, determinava exigências legais a serem cumpridas para a expedição de títulos dominiais, concessões e alienações de terras devolutas, sendo a principal delas que os documentos fossem expedidos diretamente pelo governo federal ou, em alguns casos, pelo governo estadual, desde que este obtivesse o prévio assentimento do Conselho de Segurança Nacional (CSN).

Com o objetivo de regularizar tais documentos, o governo federal previu, por meio da Lei nº 4.947, de 6 de abril de 1966, a possibilidade de ratificar as alienações e concessões de terras já feitas pelos Estados na Faixa de Fronteira. Com o Decreto – Lei nº 1.414, de 18 de agosto de 1975, foi atribuída ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) a competência para efetivar essa ratificação, desde que ouvido o Conselho de Segurança Nacional (CSN).

Desde a publicação do Decreto-Lei nº 1.414/75, o INCRA ratificou grande parte dos registros imobiliários com origem espúria. No entanto, a área remanescente ainda é muito significativa, e, com a edição da Lei nº 13.178, de 22 de outubro de 2015, o proprietário do imóvel rural deve solicitar a ratificação do registro imobiliário diretamente no Cartório de Registro de Imóveis da sua circunscrição, de acordo com a regulamentação contida no Código de Normas do Foro Extrajudicial do Estado do Paraná.

De acordo com a Lei nº 13.178/2015, para os imóveis com mais de 15 módulos fiscais, após o término do prazo em 22/10/2025, caso o interessado não tenha tomado as devidas providências, ou na hipótese de a ratificação não ser possível, o órgão federal responsável deverá requerer o registro do imóvel em nome da União no Cartório de Registro de Imóveis.

Existe, porém, uma exceção em que a ratificação não se aplica: trata-se dos imóveis compreendidos dentro dos Terrenos Braviaco, inseridos no julgamento da Apelação Cível nº 9621/PR, que os declarou como de domínio da União. Nesses casos, em observância ao Decreto-Lei nº 1.942/82, de 31 de maio de 1982, os detentores de registros imobiliários oriundos de títulos do Estado do Paraná ou da Fundação Paranaense de Colonização e Imigração (FPCI) terão as alienações dos imóveis formalizadas, a partir de requerimento das partes interessadas, por meio de declaração expressa do INCRA sobre o ajustamento, na forma de Termo Declaratório, observados os normativos vigentes.

Na Faixa de Fronteira, os Terrenos Braviaco correspondem a três perímetros: a) Título Catanduvas, que abrange total ou parcialmente os municípios de Braganey, Cafelândia, Campo Bonito, Cascavel, Catanduvas, Corbélia, Guaraniaçu, Laranjeiras do Sul, Nova Aurora, Três Barras do Paraná e Tupãssi; b) Título Piquiri, que abrange total ou parcialmente os municípios de Alto Piquiri, Assis Chateaubriand, Cruzeiro do Oeste, Formosa do Oeste, Francisco Alves, Goioerê, Iporã, Jesuítas, Mariluz e Palotina; e c) Título Ocoy, que abrange parcialmente os municípios de Céu Azul, Itaipulândia, Matelândia, Medianeira e Missal.

Ressalte-se também que, além da data limite (22/10/2025) para a ratificação dos registros imobiliários com mais de 15 módulos fiscais, é fundamental que os proprietários busquem a regularização dominial de seus imóveis, independentemente de sua dimensão. As áreas situadas na faixa de fronteira de 150 quilômetros que não tenham um destacamento válido do patrimônio público permanecem sob o domínio da União. Na hipótese de desapropriação parcial ou total, haverá uma análise da dominialidade, o que pode trazer surpresas desagradáveis, como no caso de indenizações, por exemplo.

Dada a complexidade técnica e legal envolvida na regularização fundiária da faixa de fronteira, seja para Ratificação, expedição de Termo Declaratório ou solicitação de Titulação, é essencial que os proprietários busquem orientação de profissionais especializados e experientes. A análise detalhada da documentação imobiliária existente, mais o entendimento das normativas vigentes, é crucial para determinar a forma correta de garantir a proteção do patrimônio e assegurar o legado familiar.

A regularização fundiária na Faixa de Fronteira do Paraná não é apenas uma questão burocrática, mas um imperativo para a segurança jurídica e a preservação do direito à terra. É preciso agir agora para evitar futuras complicações legais.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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