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Pitoco

Aqui o céu não é o limite

calendar_month 28 de fevereiro de 2025
9 min de leitura

Do predinho da Renner ao edifício de 50 andares que subirá 150 metros no centro, a “estilingada” na nova e vertiginosa fase da verticalização de Cascavel

Perspectiva do Miami, o maior prédio projetado em Cascavel no terreno em que morava o piloto Pedro Muffato: vertigens

A verticalização de Cascavel começou “achatada”. No início dos anos 1970, surgiram predinhos na Avenida Brasil, entre eles o São Miguel e, na frente deste, o edifício Renner. Na esquina com a Pio XII um outro predinho sobreviveu por décadas até que fosse demolido tijolo por tijolo anos atrás. Até essa quadra temporal, parecia que o limite eram os quatro andares.

Helmuth Bleil, entrevistado pelo Pitoco em julho de 2012, relatou a reação dos passantes pela avenida quando se deparavam com a obra do predinho da Renner, em meados de 1971:
O que o senhor tá cavando aí, seo Bleil?, perguntavam os curiosos.
Já cavei 10 metros para as fundações, estou fazendo um predinho de quatro andares, respondia ele.
Você está é enterrando dinheiro aí, corneteou um dos pitaqueiros, segundo o
relato de Bleil.

De fato, ninguém poderia imaginar o estirão que estava por vir naquela cidadezinha acanhada e paroquiana de meio século atrás.

Havia até uma lenda de que a geologia do município não comportaria fundações para edificações mais pesadas. Porém, nos anos 1970/80, surgia o primeiro edifício residencial que poderia ser chamado de prédio: o Colombelli.

Em paralelo, subia na Sousa Naves com Paraná o primeiro prédio comercial, o Lince, seguido pelo edifício da Telepar e o Copas Verdes.

Nos anos 1990 e após a virada do milênio, construtoras como JL e Formato espetaram torres para todo lado e o auge da verticalização atraiu a maior construtora do país, na época, a Encol – que a propósito, foi a falência e deixou um prédio inconcluso aqui.

O avanço da rede coletora de esgotos e o demolição dos mitos geológicos pôs milhares de cascavelense dentro de elevadores para morar em prédios de 17 a 24 andares, em média.

CÉU É O LIMITE

Arranha-céu é uma expressão exagerada para definir o que vem acontecendo de três ou quatro anos para cá. Mas é verdade que os prédios “espigaram” desde que construtoras como a catarinense Dallo pôs um “olhar de BC” no skyline de Cascavel.

E a concorrência reagiu. Já é possível enxergar ao longe a envergadura do Heritage, da JL, no alto da Neva, que parece espetar as nuvens.

E na última terça-feira (25), o jovem empresário Fernando Dal Evedove, da FD Empreendimentos, dobrou a aposta: lançou o Miami, edifício residencial com 50 pavimentos. O prédio subirá 150 metros na Rio Grande do Sul com Osvaldo Cruz.

Seria preciso colocar 13 predinhos empilhados um sobre o outro do “seo” Helmuth
Bleil para alcançar a altura do Miami. “Alguns dirão que é loucura”, disse Fernando
no ato do lançamento.

Relaxa, empreendedor, também julgaram louco o Bleil por “enterrar dinheiro” na Avenida Brasil. Olhando Cascavel de cima para baixo e enfrentando as vertigens, fica a percepção de que aqui o céu não é o limite.

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Do Corcel à Ferrari

Ela começou a Dinâmica RH “pilotando” um Ford Corcel. Mas Rosani não é Ford, é Ferrari. E nesse jogo de palavras é possível entender como ela levou a empresa de uma casinha de madeira locada para mercados de quatro Estados

Rosani e Gilberto recebem votos de congratulações na Câmara de Cascavel pela passagem dos 30 anos da Dinâmica

A informação veio do nada, absolutamente inesperada. Os patrões londrinenses da jovem Rosani estavam de mudança para Brasília. E não mais tocariam a empresa de recrutamento de recursos humanos, cuja filial ela gerenciava em Marechal Rondon nos anos 1990.

Fique com a empresa, se quiser use até o mesmo nome. Parcelamos, facilitamos a
aquisição, disseram os patrões para a “alemoa” Rosani que traz sobrenome
italiano: Ferrari.

Assustada com a proposta, a quase ex-gerente desencadeou duas ações simultaneas:
a) Por o seu Ford Corcel na estrada, visitar um a um a clientela para saber se prosseguiriam com ela na direção;

b) Pegar uns conselhos com dona Nilde, a mãe.

A primeira ação foi bem sucedida. “Todos os clientes, menos um, toparam prosseguir comigo”, relata Rosani. A segunda ação foi ainda mais inspiradora. Sentindo alguma insegurança na filha, dona Nilde lascou: “Você já faz tudo mesmo. Você sabe fazer. Vá em frente que lhe empresto um dinheirinho para começar. Mas devolva, viu? É só um empréstimo, tenho quatro filhos!”.

Difícil crer que, 30 anos depois, a menina que pilotava o Corcel e recebeu um empurrão da mãe emprega 1,5 mil pessoas em quatro Estados – Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo, incluindo a capital da locomotiva econômica do Brasil.

TIA DO CAFEZINHO

Rosani Ferrari dirige a Dinâmica Merchandising, empresa que presta serviços à indústria
em milhares de pontos de venda do varejo.

Provavelmente você conhece um dos colaboradores da Dinâmica. E já deve ter recebido um cafezinho de cortesia no supermercado, por ação de divulgação de produto de um deles.

O nome da empresária aparece também em outros CNPJs, como da T2D Investimentos,
corporação que abriga alguns dos mais ousados empreendedores do mercado imobiliário, como Valdinei/Márcia Silva, Jorge/Erika Tasaki, e ele, Gilberto Lorenzi.

Quem é ele? Giba, como também é conhecido entre os inúmeros amigos, é o marido e
sócio da Rosani.

No Pitocast, o podcast do Pitoco, a empresária revelou bem humorada como conheceu o futuro parceiro: Como não o conhecia nem por foto, perguntei: como você está vestido? Ele respondeu. Então desceram vários homens com

Ainda em Rondon, o irmão do Gilberto me abordou. Perguntou se eu estava solteira. Então ele disse que tinha um mano gaúcho na mesma condição, e se eu aceitaria conhecê-lo. Perguntei ao futuro cunhado se o Gilberto era tão feio quanto ele. “É ajeitadinho”, limitou-se a responder, entrando na brincadeira.

“FEIO” DE BUSÃO

Daquele conversa despretensiosa e informal, em uma era analógica, desprovida de “zap- -zap”, Gilberto e Rosani começaram a flertar por telefone. Ele no interior do Rio Grande do Sul, ela na “Alemanha do Oeste”.

Até que um dia Giba tomou coragem, embarcou em um busão até a rodoviária de Cascavel. Rosani o aguardava lá.

Como não o conhecia nem por foto, perguntei: como você está vestido? Ele respondeu. Então desceram vários homens com roupas semelhantes ao descrito por ele. Pensei: quer ver só que vai ser o mais feio? Batata, era mesmo!, relatou ela entre gargalhadas.

DO CORCEL À FERRARI

Giba não se importa com as brincadeiras, até porque conhece bem o humor cáustico da parceira. Quando a prosa fica mais séria, ambos têm a mesma opinião sobre o que cada um representa na vida do outro: “Conhecê-lo foi a maior benção de minha vida”,
diz Rosani, para em seguida ouvir o marido repetir frase semelhante para a amada.

Somando-se à equipe, Giba, dono de uma rede de contatos imensurável, teve papel determinante na expansão da Dinâmica em solo gaúcho.

Foi assim, cativando colaboradores, ouvindo a mãe e firmando as parceiras certas, que a dinâmica Rosani foi do Corcel à Ferrari em três décadas.

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Moradas chiques no sítio

Empreendedores “garimpam” recantos na zona de transição entre os perímetros urbano e o rural e fomentam nova tendência no mercado imobiliário de Cascavel

A recente expansão gigantesca do perímetro urbano de Cascavel levou a cidade a recantos bucólicos do município, onde se cria galinhas soltas no terreiro e é possível ouvir o alarido dos pássaros em bosques que remetem para piqueniques da infância.

Essas áreas, localizadas na zona de transição entre o urbano e o rural, ou mesmo já contempladas na expansão, oferecem espaços generosos ornados por matas e cercadas de sítios, ofertadas por preços relativamente baixos.

E, segundo imaginam os investidores, podem atrair cascavelenses saturados pelo agito da cidade. O conceito é sedutor. “É viver na cidade como se morasse no campo”, conceitua Valdinei Antonio da Silva, da T2D Investimentos.

O empresário e sócios preparam o lançamento de um condomínio de chácaras às margens da estrada Rio da Paz, com terrenos a partir de mil metros quadrados, fiação subterrânea, muros abolidos, eliminando tudo que possa lembrar adensamentos urbanos saturados.

O conceito foi estudado no Canadá e Japão, porém adaptado para as condições de segurança pública brasileiras, como a instalação de tecnologia de ponta nas câmeras com sensor de calor, entre outras inovações.

TENDÊNCIA

Há outros empreendedores de olhos nos recantos revelados pela caminhada da cidade em direção as franjas do perímetro urbano: Belgio Bomm e Cesar João de David.

Bomm lançou o Vivendas do Bosque, no caminho para Cafelândia pela rodovia 180. São terrenos de mil a 1,2 mil metros quadrados embalados no conceito de “casa de campo”. É algo que bate com o DNA Cascavel, onde todo mundo tem um pezinho na roça.

Já Cesar, da Bella Casa & Okada, prepara um condomínio de chácaras na Porção Oeste do município, também na pegada de viver na cidade como se morasse no campo.

“Acredito que um projeto assim nem precisa entrar como segunda morada do cliente, pode ser a primeira mesmo. Vamos ofertar o condomínio de chácaras por preços a partir de R$ 800 o metro quadrado e permitir casas a partir de 120 metros quadrados, interferindo o mínimo possível no sonho e no projeto de cada um”, destaca Valdinei Silva.

PITACO DO PITOCO

O empreendimento da T2D levará o sobrenome Okabe. Trata-se de tradicional família
nipônica conhecida na cidade pelas verduras que cultivaram e venderam por décadas.

Agora, no lugar da “Kombi do japonês”, ali nas margens sombreadas de bosques da estrada Rio da Paz, vão estacionar flamantes bólidos tipicamente urbanos, dirigidos por gente estafada do barulho e da fumaça da cidade grande em que Cascavel
se transformou.

É gente que pretende trocar o ruído estridente do escapamento da moto do “ifoodeiro” e da sirene da ambulância pelo “canto” rtimado do grilo, da cigarra e do sapo no banhado. A saúde mental agradece…

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Quem vai para a cobertura?

A maior cobertura disponível do Paraná está à venda em Cascavel, e tem
preço.

Primeiro as dimensões e localização: o imóvel está no elegante Sollus Residence (foto), na área mais nobre no “platô” da Neva, região conhecida como “Incra”.

São 645 metros quadrados – espaço que poderia comportar 15 imóveis do “Minha Casa, Minha Vida”. São oito vagas na garagem, quatro suítes e ainda dois quartos.

Não se trata de duplex. Esse “latifúndio” está em um único pavimento. O imóvel pertence a um CNPJ de respeito, da SF Empreendimentos. A cobertura é toda sua por R$ 5,5 milhões.

Quem irá se habilitar para habitar a maior cobertura disponível do Paraná?

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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