Mercado de veículos novos reflete força de segmentos da economia local; chineses emplacam modelo no top 5 de vendas

Se você tem a impressão de enxergar o BYD Dolphin Mini em todos os lugares de Cascavel, saiba que há pelo menos dois motivos razoáveis para explicar a “aparição”: a) o modelo roda bastante, principalmente nas mãos de motoristas de aplicativo; b) eles são muitos, a ponto de posicionar pela primeira vez um carro elétrico na 5ª posição no ranking geral de vendas, e talvez o top 3 se recortar para o CPF, o consumidor final.
Até setembro do corrente ano, a frota de Cascavel ganhou 3.808 carros novos, uma média de 423 veículos amplacados por mês. No primeiro ranking desta natureza publicado pelo Pitoco em 1997, o mercado era bem mais acanhado, vendia cerca de 25% desse montante. Ou seja, a média mensal aumentou quase quatro vezes em 28 anos.
As opções também cresceram. As marcas relevantes em 1997 eram apenas 4: GM, VW, Fiat e Ford. No levantamento desse ano, 36 marcas diferentes venderam carros zero no mercado de Cascavel.
PICAPEIROS
A praça Cascavel se distingue do ranking nacional em alguns pontos. A economia local pede muita caçamba, mesmo que modesta, a exemplo daquelas ofertadas por compactos como a Fiat Strada, líder absoluta de vendas aqui, seguida por outra caçambinha, a Saveiro.
“São carros de trabalho, que basicamente servem aos prestadores de serviço para o agronegócio”, explica o diretor comercial da Fipal, Wagner de Godoi. Após as caçambinhas, no ranking de Cascavel, surge o primeiro “carro de passeio”, o Polo, que também é bastante demandado em frotas, ou seja, até aqui, basicamente versamos sobre CNPJs.
Para entender melhor a fala do Wagner, vale destacar a recente venda de dezenas de Fiat Strada para as cooperativas Coopavel (30 unidades) e para a frota da cooperativa Lar.
O TOP 10
Completam o top 10 dos mais vendidos em Cascavel o Fiat Argo, Dolphin Mini, Kwid, Onix, HB20 e Nivus. Olhando para as marcas, vendas para o consumidor final (varejo no mês de setembro de 2025), mais surpresas asiáticas. A líder foi a Hyundai, vendendo muito HB20 e Creta em Cascavel, abocanhando 15,9% do mercado local, seguida pela BYD, com 9,3%. Fecham o top 5 do mês passado, pela ordem a GM, VW e Caoa Chery.
No ranking geral das marcas, somando tudo (vendas diretas e no varejo), a Fiat emplacou 572 veículos em Cascavel, agora levando em conta os primeiros nove meses do ano. Seguida pela VW (496), Hyundai (350), GM (343), Renault (286), Toyota (252), BYD (197); Honda (194), Jeep (184) e Ford (177). Entre as alemãs premium, a BMW lidera, seguida de Mercedes e da Porsche.
FROTA GIGANTE
20 anos atrás, a edição do Pitoco registrava o emplacamento de número 100 mil em Cascavel. Em duas décadas, esse número quase triplicou. Agora já são mais de 280 mil, com cerca de 40 mil motocicletas nesta conta. A frota de motos operante em Cascavel, usando a garupa, seria capaz de transportar todos os moradores de Medianeira e Matelândia somados.
PITACO DO PITOCO
O condutor pode até se estressar com congestionamentos e falta de vagas para estacionar em razão da frota gigantesca de Cascavel.
Mas o Paço não. Quando o Papai Noel escorregar pelas paredes do Copas Verdes, marcando o fecho de mais um ano, os emplacados aqui terão injetado R$ 140 milhões em IPVA no cofres da Prefeitura.
Esse número vai cair para estimados R$ 90 milhões em 2026, com a canetada roedora na taxa do IPVA, que virá de 3,5% para 1,9%.
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Golpe do aluguel
Imobiliárias de Cascavel e pretensos inquilinos foram lesados por golpistas nas últimas semanas.
O golpe é relativamente simples: suposto interessado em locar vai até a imobiliária e pega as chaves para conhecer o imóvel. Trata-se de um procedimento comum, em que o candidato a inquilino deixa um documento como garantia.
Nesse ínterim, o golpista faz copia do molho de chaves e devolve o original na imobiliária. De posse das chaves, “aluga” para terceiros de boa fé mediante um adiantamento, valor normalmente atrativo para o futuro inquilino, bem abaixo do preço de mercado.
Diante desses fatos, operadores do mercado imobiliário estão revendo procedimentos para impedir novos golpes.
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BUSÃO “XIRU”
Uma fábrica de ônibus elétricos está surgindo a 150 quilômetros da Mascarello, de Cascavel.
Trata-se da Master Transportation, de Taiwan, anunciando uma planta na região metropolitana de Ciudad Del Este, na fronteira com Foz do Iguaçu. A ideia é fornecer coletivos ao gigantesco mercado brasileiro.
O Paraguai está entre os poucos países do mundo que mantêm relações diplomáticas oficiais com Taiwan, considerada uma “província rebelde” pela China.
É comum nominar como chineses a turma de olhos puxados na fronteira, quando na verdade, em sua maioria, são taiwaneses.
A Master espera apresentar, ainda no próximo ano, seu primeiro ônibus montado em território paraguaio.
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Redistribuir o peixe
Copacol deixa de exportar centenas de toneladas de tilápia aos EUA, porém outros itens do portfólio avançam

As tarifas de 50% impostas pelo governo norte-americano ao Brasil repercutiram na lâmina d’água dos açudes do Oeste do Paraná. Porém, não a ponto de criar uma marola com potencial de se transformar em onda.
Os números da Copacol, pioneira na cadeia completa da tilápia na região, deixam claro os efeitos do tarifaço. A cooperativa enviava por caminhão até São Paulo e de avião até Miami 120 toneladas mês do pescado. Essa demanda zerou. Porém, embora o número seja robusto, na casa de centenas de toneladas desde que a primeira carga foi suspensa em meados de agosto último, o cliente que fala inglês representa entre 10 e 12% da produção da Copacol.
“Esse episódio vai forçar as empresas exportadoras buscar outros mercados, estávamos bastante concentrados nos Estados Unidos”, avalia o presidente da cooperativa, Valter Pitol. A consequência imediata, temerária para quem vende, mas alviçareira para quem compra, é a oferta maior no mercado interno, algo que já puxou para baixo o quilo da tilápia entre R$ 2 e R$ 5, segundo Pitol.
BILHÕES DE 2026
As incertezas nos açudes da região, porém, não irão afetar os números da Copacol em 2025. A estimativa é que o faturamento fique em R$ 11 bilhões, compensado por uma safra recorde de grãos, notadamente do milho, e desempenho avaliado por Pitol como “razoável” do frango, suino e leite.Para 2026 espera-se um cenário ainda melhor dadas as condições climáticas. Não será surpresa para a diretoria da cooperativa se o faturamento da Copacol chegar a R$ 1,1 bilhão/mês no novo ano.
E se a tal “química” Donald Trump e Lula evoluir para um relacionamento sério, talvez a tilápia nascida e criada no Oeste do Paraná possa voltar a viajar para Miami em breve.
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Tem óleo na pista
Por que o Paraná está investindo R$ 273 milhões em estradas de SC, incluindo a duplicação de 19 quilômetros?

Na primeira década do presente século a notícia era ruidosa: O então governador Roberto Requião pôs todo o peso da máquina para impedir no Paraná o cultivo de soja transgência, modificada geneticamente.
E foi além: proibiu a exportação da soja modificada no Porto de Paranaguá. Foi então que a oposição ao governo dele, e gente influente do agro, cunhou a seguinte frase: “Requião é o melhor governador… de Santa Catarina”. É que a soja passou a ser exportada pelo Porto de Itajaí, e o Paraná perdeu suas valiosas cargas.
E agora, que o governador Ratinho Junior está bancando obras em Garuva (SC)? Será também eleito o melhor governador do estado vizinho? Não necessariamente. O líder paranaense está apenas cumprimindo um acordo homologado no STF pelo ministro Flavio Dino, que encerra uma disputa judicial de mais de três décadas envolvendo limites marítimos e royalties de petróleo pagos pela Petrobras.
Pelo acordo, o Paraná vai bancar obras viárias em Garuva, Norte do estado vizinho, no valor de R$ 365 milhões. A dívida do Paraná, reconhecida pelo STF, é de R$ 273 milhões, mas o governo paranaense justifica que as obras serão feitas na região de divisa entre os estados, trazendo benefícios a ambos.Entre as obras está a duplicação de 19 quilômetros da rodovia SC-417 e a construção de três viadutos.
PETRÓLEO EM DISPUTA
A obra promete ser o desfecho de uma briga judicial que começou em 1991. O conflito, que envolve Santa Catarina, Paraná e São Paulo, começa a partir de um traçado marítimo feito em 1986 pelo IBGE. Santa Catarina alegou que campos de petróleo ficaram equivocadamente fora das águas do Estado.
Em 2020, o STF deu razão a Santa Catarina e determinou que o IBGE fizesse um novo traçado marítimo. Determinou ainda que o Paraná fizesse o pagamento devido a SC, por royalties recebidos indevidamente.
Santa Catarina sustenta que a projeção marítima antiga fez com que o Paraná recebesse os royalties decorrentes da exploração de petróleo dos campos Tubarão, Estrela do Mar, Coral, Caravela e Caravela do Sul.
Da editoria do Pitoco com informações da Folha de São Paulo
Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente
pitoco@pitoco.com.br

