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Pitoco

Do milho vem o bilhão

calendar_month 4 de julho de 2025
9 min de leitura

Coamo já tem as licenças para iniciar a primeira biorefinaria de etanol de milho do Paraná; planta vai produzir 765 mil litros por dia, ração, óleo e energia elétrica

Na imagem gerada por inteligência artificial, o eclético milho, espécie de “frango sem asas”, já é protagonista também entre os biocombustíveis

É possível intuir o destino que as grandes receptadoras do milho produzido no Oeste do Paraná concedem ao grão da cor do ouro: C.Vale, Lar, Copacol, Coopavel e Frimesa, entre outras, colocam o milho moído nos bicos e bocas de milhões de aves, suínos, bovinos e tilápias. “A espiga de milho é um frango sem asas”, costuma dizer o engenheiro agrônomo Jorge Miguel Samek, em analogia à trasformação do grão em proteína animal.

Não é pouco milho. A safra 2024/25 colhida no Oeste baterá um novo recorde histórico, chegando a 18,1 milhões de toneladas. Também não é pouco bico. O Oeste e suas 6,2 mil granjas abatem 2,2 milhões de frangos por dia. Até meados de 2026, a maior parcela do milho colhido irá para ração animal e uma fração disso para exportação. Ressalte-se, até 2026.

A maior cooperativa da América Latina tem outros planos para as milhões de toneladas de milho que recebe anualmente da segunda metade do próximo ano adiante. A Coamo, cuja sede se vizinha de “parede e meia” com o Oeste do Paraná, em Campo Mourão, e que possui forte atuação aqui na região, pôs R$ 1,7 bilhão na mesa para dar outra destinação ao grão: a produção de etanol.

No último dia 14 de maio, a cooperativa recebeu as licenças para iniciar a primeira usina de etanol a partir do milho do Paraná. Entendendo o tamanho da notícia, o governador Ratinho Júnior foi pessoalmente a Campo Mourão entregar o licenciamento. Não é pouca coisa: serão processadas 1,7 milhão de toneladas/dia, gerando 765 mil litros de etanol a cada 24 horas.

Usinas assim também produzem DDGS, um subproduto transformado em ração (serão 510 toneladas/dia na usina da Coamo) óleo de milho (34 toneladas/dia) e até energia elétrica suficiente para atender toda a planta de etanol ( 30 megawatts).

Com a planta operacional, o faturamento global da Coamo deverá ultrapassar os R$ 30 bilhões anuais já em 2026. É o milho que vira bilhão, agregando valor a uma commodity muito abundante: são estimadas 128,2 milhões de toneladas na safra 2024/25 no Brasil.

Já há 24 usinas de etanol de milho em operação, com forte presença no Centro-Oeste do País. Um em cada quatro litros de etanol consumido no Brasil já vem do milho. Faz todo sentido econômico e social entre as opções avaliadas aqui: colocar o milho in natura do Mato Grosso – produto de baixo valor agregado – em uma carroceria de caminhão para atravessar o país de oeste a leste pelas esburacadas rodovias brasileiras até os portos e remeter baratinho para a China…

…ou industrializar no local em que se produz, gerando etanol, ração, óleo e energia elétrica?

PITACO DO PITOCO

Diferente do estardalhaço da BYD na Bahia, passou quase despercebida a chegada dos chineses da montadora Geely à região metropolitana de Curitiba.

Eles se associaram a Renault e vão produzir ali um veículo híbrido com extensor de autonomia pequeno e eficiente, movido a etanol da Coamo e energia elétrica, capaz alcançar uma autonomia de 2 mil quilômetros.

O milho é a planta mais eclética do universo. A espiga ainda verde era boneca nas mãos de meninas de outras infâncias, produz uma infinidade de diferentes pratos na gastronomia, alimenta bilhões de sapiens e outros animais. E não existe festa junina sem milho!

Movimenta frotas gigantescas, gerando 1/3 do CO2 da gasolina – emissão eliminada pelo sequestro do carbono nos milharais. Com o perdão do trocadilho, só pamonha para não entender o papel estratégico dos biocombustíveis na soberania energética brasileira.

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O que dizem os números?

O que o fundo que injetou R$ 100 milhões no Catuaí tem a dizer sobre o mercado imobiliário de Cascavel? E o Plano Diretor, pra onde vai?

Eduardo Serralheiro, o Passarinho, idealizador do Painel Imobiliário

“É muito chute e pouca informação balizada em números”. A frase é uma crítica comum nas rodinhas de conversa a respeito do mercado imobiliário de Cascavel.

Foi para romper com os chutes tortos e sem direção que o publicitário Eduardo Serralheiro, o Passarinho, está organizando a primeira edição do Painel Imobiliário.
Como o nome sugere, será o primeiro levantamento minuncioso para um raio X do mercado, contemplando oferta, demanda e perspectivas de curto, médio e longo prazo no segmento.

Para tanto, Passarinho escalou um time de respeito. Até o público alvo – em regra corretores de imóveis – está expandido dessa vez, e vai abrigar o consumidor final, investidores, construtoras e incorporadoras, entre outros setores.

Será possível entender, por exemplo, que informações o Fundo Imobiliário Apex Malls, da Apex Partners, levou em conta antes de injetar R$ 100 milhões no Catuai Shopping Cascavel, adquirindo 17,3% de participação no empreendimento.

E a resposta virá dos próprios executivos do fundo, através da Futura Inteligência, braço estatístico da Apex Partners.

PLANO DIRETOR

Outra exposição muito aguardada pelos operadores do mercado local virá do presidente do Instituto de Planejamento de Cascavel, Tales Riedi Guilherme. Ninguém domina mais que ele as nuances do plano diretor da cidade, bem como as tendências para o setor, a ponto de abordar questões valiosa, como aquela outra pergunta para a qual todos querem resposta: em que direção a cidade irá se expandir?

“Estamos organizando o maior e mais relevante evento do mercado imobilário de Cascavel”, reforça Passarinho. Outras informações podem ser obtidas no Insta: @eduardovgvendas

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4 anos no apê, se não gostar, receba seu dinheiro de volta

“Nunca existiu algo assim nesse ramo”, destaca o empresário Francisco Simeão, que irá ofertar também financiamento a juro de 1%

A campanha mais agressiva que se tem notícia da venda de imóveis na história de Cascavel vai começar nas próximas semanas. Trata-se da abertura de reservas para os apartamentos do Ecoparque Bairros Integrados, edificado pela fábrica de prédios dos empresários Francisco Simeão e Luiz Bonacin.

O empreendimento, com forte apelo socio-econômico e educacional, garante ofertar unidades do programa Minha Casa Minha Vida pela metade do preço de mercado e financiado – nos primeiros quatro anos – a juros de 1% ao mês pelo Fundo de Investimentos Imobiliários Ecoparque Bairros Integrados.

Os apartamentos estão no interior de um complexo semelhante a um condomínio fechado com ampla infraestrutura de lazer e segurança. Uma empresa de Cascavel, a Fast, do empresário Rodrigo Sonda, está contratada para suprir o Ecoparque com 2,4 mil câmeras e sofisticados softwares de segurança, incluindo reconhecimento facial.

O imóvel de entrada, com dois quartos, é ofertado por R$ 357 mil. O projeto educacional que norteia o empreendimento não permite mediação por corretores e nem aquisição por investidores.

DINHEIRO DE VOLTA

O Ecoparque levou o conceito “pronto para morar” ao extremo, e vai rechear os apartamentos com cozinha planejada, fogão, geladeira, forno de micro-ondas, máquina de lavar roupas e armários embutidos nos quartos. “O padrão é classe média alta com preço inferior a muito apartamento do Minha Casa Minha Vida” destaca Simeão.

Mas o ponto mais insólito da campanha de vendas está nas garantias. “Você tem quatro anos para decidir se valeu a pena comprar. Se você não quiser ficar, a Ecoparque devolve tudo que você pagou, nesse caso, você vai morar de graça quatro anos” , destaca o vídeo promocional da abertura de reservas. “Nunca existiu algo assim nesse ramo”, enfatiza Simeão. Nunca mesmo!

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O sol nasceu para todos

Pelo menos desde 1973, mais de meio século atrás, o planeta vem sendo manipulado pelo cartel do petróleo, cujo epicentro está no instável Oriente Médio.

Nos anos 1960 o barril do óleo variava entre US$ 1,21 e US$ 1,63. O cartel passou a dar as cartas na década seguinte. Então o preço do viscoso líquido negro chegou a um pico de US$ 147,50 na primeira década do novo milênio. Agora, diante da possibilidade de o Irã fechar o estreito por onde escoam 20% do petróleo consumido no planeta, o insumo poderá reprisar o recorde histórico.

Com a oferta esprimida e demanda faminta, é fácil entender o resultado. Estima-se que existam atualmente cerca de 1,47 bilhão de veículos bebendo petróleo no mundo. Soma-se a isso outros bebedores insaciáveis: aeronaves, navios e máquinas, para entender o quão dependentes somos de fanáticos religiosos e ambições desmedidas no barril de pólvora do Oriente Médio.

Embora o Brasil tenha se tornado exportador de óleo cru, permanece dependente de importação de subprodutos como o óleo diesel. Nunca mandamos tanto dinheiro para a Rússia em troca deste produto. Tanto quanto o óleo do Oriente Médio, o diesel russo vem misturado com sangue.

No caso do óleo moscovita, sangue de crianças, mulheres e idosos ucranianos. O Brasil injetou 5 bilhões de dólares na máquina de guerra russa em 2024, importando óleo diesel.

LIBERDADE ENERGÉTICA

Mesmo diante de tantas evidências, o país segue lento na transição energética. As biorefinarias de etanol de milho, retratadas nessa edição, apontam caminhos, mas não há uma política de incentivo que convença o consumidor pelo bolso.

A maioria daqueles que estacionam ao lado da bomba estão nem aí para questões ambientais. E se dão ao trabalho de fazer aquela conta patética dos 70%. Se o petróleo for um centavo mais barato, será o escolhido.

Não percebemos o valor da liberdade energética. São Pedro pode – por ação ou omissão – prejudicar a produção do etanol.Mas os aiatolás do Irã ou mesmo Pitocoa fabulosa máquina de guerra norte-americana, nada podem contra o sol e o ventos abundantes daqui. Para ficar em um chavão, o sol nasceu para todos.

Trump, mesmo consorciado com Musk, não pode instalar um guarda-sol gigante no Brasil e impedir que o astro- rei lance seus raios nos módulos solares gerando energia para veículos híbridos e elétricos.

Da mesma forma, nenhuma potência militar ou econômica internacional pode deter o vento que sopra no Nordeste para gerar energia eólica. Ensacar vento, como se observou em passado recente, não é algo exequível.

VIRAR A PÁGINA

Investir pesado na eletrificação da frota movida pela energia do etanol, solar e eólica é o caminho da liberdade e da plena soberania da pátria. E observe, gestor público: dá voto. O brasileiro sempre teve bronca com o preço da gasolina, é cultural e machuca o bolso.

Então, quando conquistarmos a carta de alforria energética, o estreito de Ormuz e o cartel do petróleo serão apenas parte de uma página de submissão virada. Barulhenta e fumacenta, mas superada.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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