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“Embaixador” encampa o anel

calendar_month 19 de abril de 2024
9 min de leitura

Incompletude do anel viário de Cascavel perturba Assis Gurgacz; empresário une esforços para conclusão dos contornos Norte e Sul: “É a obra que falta”

Assis Gurgacz concede na entrevista na presença dos convidados do Café com Pitoco e revela articulação avançada para dar sequência ao anel viário de Cascavel

O empresário Assis Gurgacz, tido como “embaixador” de Cascavel em Brasília, onde desfruta da amizade pessoal de ninguém menos que o presidente da República, pegou para si uma espécie de coroação dos inúmeros pleitos que obteve para o Oeste do Paraná ao curso de sua longa trajetória: a conclusão do anel rodoviário de Cascavel, com o prolongamento do contorno Oeste passando pelas BRs 369 e 277 (ao Norte) e na 277 Sul, conectando com a extensão da 163. “É a obra que falta para Cascavel”, disse.

Gurgacz é cauteloso ao tratar do tema, já que envolve uma intrincada operação que vai do município até Brasília, passando pelo Palácio Iguaçu. Mas revelou no evento Café com Pitoco, na última, terça-feira (16), que as tratativas estão avançadas. O Café com Pitoco aconteceu no anfiteatro do Sicredi, e reuniu assinantes e anunciantes do jornal, todos testemunhas oculares da entrevista concedida pelo “embaixador”.

Gurgacz revelou que a opção de aguardar o Ministério da Infraestrutura elaborar o projeto executivo, por boa vontade e ótimas relações que mantenha com o ministro Renan Filho, poderia levar meses, “ou talvez mais de ano”. Que então, devidamente orientado e indicado pelo Palácio do Planalto, passou a dialogar com a diretoria de Itaipu, ambiente em que a demanda ganhou velocidade.

“Muito em breve vamos assinar aqui, na Câmara Municipal ou na Acic, a minuta que prevê a elaboração do projeto”, revelou Assis Gurgacz. Vale ressavar: o projeto em si não representa executar a obra. Mas não é possível buscar os recursos sem apresentar o projeto. “O anel é coisa para mais de R$ 600 milhões, será preciso juntar forças”, disse.

AMIGO DO LULA

Não é a primeira vez que o empresário intercede por obras na região. Ele esteve à frente também da duplicação da rodovia 163 e do Contorno Oeste, incluindo a extensão da Avenida Brasil, todas obras projetadas e concluídas por diferentes governos.

Agora, com Lula na presidência, dá para dizer que Assis está em casa. Outra vez ele reafirmou que esteve visitando o petista no pior momento da vida dele, quando estava preso em Curitiba. No Café com Pitoco, o empresário descreveu a proximidade construída com o presidente.

“Quando não havia nada em Rondônia, nem malha rodoviária, tudo que pedimos para o presidente Lula ele executou. Abriu estradas, pavimentou. A população ganhou com isso, e a Eucatur e seus passageiros mais ainda, pois era a única empresa de onibus lá”. Para o empresário quando você tem um amigo que lhe estendeu a mão um dia, “pode ser o que for, mas tem que ter gratidão e lealdade, então eu fui vistá-lo mesmo três vezes em Curitiba”

CAFÉ DA POSSE

Uma evidência do prestígio que o “embaixador” de Cascavel tem em Brasília veio na dia da posse presidencial. No café da manhã oferecido pelo presidente a um seletíssimo grupo, lá estavam os convidados Assis e Acir Gurgacz, o primogênito, a quem Lula ofereceu participação no governo.

O pai, falando em nome do filho (é assim que funciona na família, onde ninguém ousa contestar a liderança de Assis), agradeceu o convite e informou que Acir agora está escalado para gerir empresas do grupo, “e fora da política, graças a Deus”.

Quem conhece Assis Gurgacz não estranha a visita à prisão em Curitiba quando Lula não podia oferecer mais nada, e aparentemente estava com a carreira política destruída.

Em novo livro biográfico recém editado, relatando a vida de Gurgacz, o ex-prefeito Jacy Scanagatta (in memoriam) foi entrevistado. Instado a elencar a principal qualidade de seu amigo Assis, ele respondeu com apenas uma palavra: “leal”.

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Corroborando o que disse no livro biográfico, mas acrescentando informações, Assis Gurgacz trouxe ao Café com Pitoco um relato riquíssimo e curioso das circunstâncias que culminaram com um dos maiores processos migratórios da história do Brasil: do Oeste do Paraná para Rondônia, nos anos 1970, nas poltronas modestas e apertadas da frota da União Cascavel.

Foi assim, em resumo: as linhas que a União Cascavel fazia aqui na região ficaram pequenas para as ambições de Gurgacz. Então, em 1972, ele e a esposa Nair partiram para o Acre em um Fuscão zero km. E expuseram um projeto para autoridades de lá: Itaipu estava em obras, milhares de agricultores estavam sendo realocados, e muitos deles poderiam migrar para o Norte. “Não queremos esse tipo gente aqui”, cortou abrupto o interlocutor do casal. “Aqui queremos grandes fazendeiros para colonizar o Acre”, complementou. Restou a Assis apresentar o projeto em Porto Velho, virtual capital do território do que viria a ser o Estado de Rondônia.

FOGO NA “ZONA”

No caminho entre o Acre e Rondônia, o casal fez uma parada para o descanso em uma pousada. Ali a surpresa que mudaria a história de vida de milhares de pessoas. O dono da pousada falou baixinho: “Também sou de Cascavel, mas não espalha”. Era Zé Turco, homem que havia incendiado a própria boate aqui, onde hoje está o Hotel Deville, para dar o golpe no seguro. Era fugitivo da Justiça. “O Zé Turco me apresentou para autoridades em Porto Velho, fizemos conexões via Incra com Brasília, e dali a pouco recebo a ligação telefônica que tanto esperava: a liberação de terras devolutas para os colonos”, contou Assis.

A pedida de Assis encaixou como luva dentro da filosofia da ditadura militar de trazer homens sem terra para terras sem homens. Seriam áreas de 100 alqueires grátis para agricultores do Sul, motosseras para derrubar a mata e seis meses de cestas básicas para subsistência.

A “DIÁSPORA”

Ali, a partir das informações e conexões do cara que botou fogo na zona em Cascavel, abriu-se um caminho que movimentou centenas de milhares de pessoas, quase uma diáspora, já que a controvésia em torno das terras de pequenos agricultores alagadas pelo reservatório de Itaipu se arrastaria por décadas. “Na primeira viagem de colonos para Rondonia, levei 16 passageiros”, relata Gurgacz. E quando ele diz “levei”, é isso mesmo. O motorista, muitas vezes, era o próprio.

Foi aí que a União Cascavel (Eucatur) se expandiu. “Imediatamente após Brasília liberar, falei com o (radialista) Darci Israel, e disse para trocar a propaganda. Parar de anunciar na Colméia as excursões que fazíamos para Aparecida do Norte, e começar a divulgar a colonização de Rondônia”, disse.

BLACK POWER

No início eram viagens bimensais, depois mensais, em seguida os ônibus da União Cascavel partiam do antigo terminal rodoviário, no centro, a cada 10 dias, até ser tornarem diários. A partida era anunciada por um jovem negro pernambucano de Garanhuns, voz grave, cabelos black power, que depois seria conhecido em todas as telas como Edson Moraes.

“Rondonia hoje tem 1,7 milhão de habitantes. Destes, 1 milhão são oriundos ou descendentes de gente do Oeste do Paraná que levamos para o Norte”, relata Assis.

Articulados estão a caminho

A presidente da Transitar, Simoni Soares, disse no Café com Pitoco que a estrutura de carregamento dos ônibus elétricos estará pronta para atender a frota, pelo menos parcialmente, já no mês do maio, dentro do calendário previsto, coincidindo com o Dia do Trabalhador.

Ela destacou o ciclo completo fechado, com a usina de energia solar produzindo o suficiente para atender a frota de 15 ônibus elétricos, e ainda gerando sobras da ordem de R$ 300 mil mensais para atender próprios públicos do município

Além de Simoni, o gerente da agência do Sicredi, Renato Muller, também expôs os números que apontam o crescimento do cooperativismo de crédito em Cascavel e no país, e convidou os presentes a associar-se. Ao final do Café com Pitoco, os convidados receberam a biografia autografada pelo empresário Assis Gurgacz, e foram presenteados com canecas alusivas ao evento, fruto de parceria do jornal com a Mellos Pastelaria.

Abaixo, nas fotos de Vanderson Farias, momentos da confraternização e do evento.

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Ranzinza, implicante e rabugento

Suspeito que, ao chegar à idade madura, desenvolvemos algumas características que não eram notadas em etapas anteriores da caminhada

Estou no trânsito ao volante Prius parado no semáforo da Avenida Brasil, cotovelo apoiado na janela aberta, relaxado, ouvindo Amado Batista ou qualquer outra brega, quando passa um motociclista no corredor e acelera bem no momento em que passa por mim. Após me refazer do susto, fecho a janela e seguro na garganta aquele “FDP”;

Estou na fila do restaurante para pagar a conta quando alguém passa a ouvir áudios e vídeos do WhatsApp em volume suficiente para toda plateia acompanhar a relevante mensagem. Na sequência o sujeito responde os áudios, também em voz alta. A fila não anda e eu me contendo para não dar um golpe de karatê no celular do cara;

Estou em minha caminhada na Tancredo Neves, dali a pouco deparo com um Fiat Strada rebaixado com a caçamba lotada de caixas de som emitindo um áudio abafado de um funk do MC “famoso quem?”. Não bastasse, o escapamento emite estouros quando o cara tira o pé do acelerador. Você empurra os fones para dentro do ouvido, mas a bateção continua, o cara está a 20 km/h. FDP!

Empenho-me em concentrar no trabalho quando começam a entrar as mensagens daquele tiozão do zap. Ele quer me doutrinar para amar o ídolo político dele e odiar o inimigo do ídolo político. O cara é persistente. É todo dia! Consegue ser mais chato que a tia do “bom dia”, “boa tarde” e “boa noite”. Diferente dos perrengues dos itens anteriores, esse pelo menos você pode bloquear.

Após muito me irritar com essas circunstâncias, passei a matutar: será que somente a
mim essas situações afetam e perturbam? Será que isso é revelador da idade de um sujeito? Me tornei um velho ranzinza, implicante, rabugento? Antes de responder, parei de escrever, desliguei o computador e saí da redação. Acaba de passar aqui no centro uma bicicleta com o motor a combustão, cujo “ronco” pode ser ouvido na China.

Agora pelo menos tenho a resposta: se existe o cara bruto, rústico e sistemático, existe também o ranzina, implicante e rabugento. E esse cara sou eu!

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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