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Pitoco

Expansão amazônica dos Silva

calendar_month 9 de agosto de 2025
9 min de leitura

Prefeito de Cascavel, mesmo vestindo a camiseta 22, obtém outra autorização milionária no MEC; quem é o misterioso padrinho político do Renato na Praça dos Três Poderes?

Lucas e Renato Silva – presentes na inauguração do curso de Medicina em Macapá – procuraram discrição na nota oficial da expansão amazônica, embora os botos cor-de-rosa saibam quem manda no Amapá

A ausência de Renato Silva na semana em que o vice Mecabô foi guindado à condição de prefeito interino, tinha uma razão relevante para o grupo empresarial que Silva comanda. É que Renato encontrou o caminho das pedras em Brasilia, contrariando aqueles que acreditavam serem elas (as pedras) irremovíveis, já que o prefeito joga com a camisa 22.

Ele foi ao Amapá acompanhar as festividades que marcaram o início das aulas do Curso de Medicina da Faculdade Integrado de Macapá. O ato foi apresentado em um
release da instituição como “fruto de um projeto estratégico de expansão do Grupo Integrado – companhia paranaense que tem m38 anos de tradição”.

O texto emitido pela faculdade faz menção aos diretores da família Baer, de Campo Mourão, mas não cita os prováveis sócios majoritários, os Silva de Cascavel.

A licença de sete dias do prefeito aconteceu bem ao estilo discreto dele, sem maiores explicações. No discurso de transmissão de cargo, basicamente Renato limitou-se a dizer que sete dias era muito tempo, já que um mundo inteiro foi construído – segundo a tradição cristã – neste lapso temporal.

OS SÓCIOS

O Pitoco apurou que a Faculdade Integrado de Macapá tem dois sócios nominados no papel: a União Educacional de Cascavel (Univel Ltda.) – não mencionada no release da aula inaugural de Medicina – e a Aroeira Administradora de Bens Ltda, cujo gestor é o empresário Henning Erich Baer, que atua no segmento há décadas em Campo Mourão.

A Aroeira é uma holding cujo amplo guarda-chuva abriga pelo menos outros 15 CNJPs, alguns deles multimilionários na áreas de educação, tecnologia e pecuária.

Os administradores listados em documento da expansão amazônica dos Silva são Pedro Henrique Montans Baer, Luca Renato da Silva (filho do prefeito) e Henning Baer. Lucas e Renato não foram citados no release que anunciou a inauguração, embora estejam presentes nas fotografias postadas pela instituição.

CIFRÕES DO NEGÓCIO

A faculdade é uma sociedade empresarial limitada, com capital social de R$ 2 milhões.
Segundo a nota emitida pela Integrado, o aporte dos sócios para viabilizar o curso de Medicina na capital do Amapá foi de R$ 5 milhões.

Com a incursão amazônica dos Silva, eles passaram a ofertar 120 vagas de Medicina, 60 lá, 60 cá. Trata-se de um curso que exige pesados investimentos iniciais, mas que remunera bem o capital aportado.

As mensalidades de Medicina mais em conta do país ficam em torno de R$ 8 mil.
Em faculdades privadas, em média, o custo por aluno ao longo de seis anos, do vestibular até a beca e o canudo, fica em aproximadante R$ 800 mil entre mensalidades, materiais, equipamentos e cursos complementares. 120 alunos de uma “fornada” inicial, portanto, representam um ativo de R$ 96 milhões brutos.

Por essa razão os cursos de Medicina são disputados pelos gigantescos players da
educação privada no País. E o lobby político é regra geral, embora o Ministério da Educação jure que prevalece o critério técnico.

Renato Silva, neste aspecto, é um fenômeno. Contra todas as perspectivas políticas, ele trouxe Medicina para a Univel e agora expande para a Amazônia, mesmo envergando a camiseta 22, númer amaldiçoado no Palácio do Planalto.

PITACO DO PITOCO

Na hipótese de que exista um, quem é o poderoso padrinho político de Renato Silva em Brasília?

O pontinho no mapa que abriga a Faculdade Integrado, no numeral 125 da Avenida Feliciano Coelho, em Macapá, capital do Amapa, dá uma dica.

Afinal, até os botos cor-de-rosa da Amazônia sabem que nada acontece naquela cidade e naquele Estado sem que o “mais ilustre” morador daquele lugar autorize: o presidente do Senado, Davi Alcolumbre.

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Definido… agora só faltam 200 milhões

Boataria rolou solta na boca dos “corneteiros” antes da definição do local do novo palco de eventos para Cascavel

Marco Portes, da Codesc: escolha técnica

O período que antecedeu a definição do local para abrigar o novo centro de convenções e eventos de Cascavel fez borbulhar a indústria de boatos. Falava-se de uma batalha nos bastidores movidas por interesses políticos e imobiliários. Afinal, quem não quer ter uma estrutura pública dessa natureza na vizinhança de seu futuro loteamentoou condomínio?

Na reta final do Paranhos II, o então prefeito chegou a anunciar uma área na região Nordeste da cidade, na extensão da Avenida Piquiri. E essa foi uma das opções estudadas, diga-se de passagem, uma das finalistas entre quatro áreas estudadas: Parque de Exposições (Expovel); antiga pedreira municipal; Piquiri e Avenidas das Torres – quase na confluência com o Contorno Oeste.

Prevaleceu essa última. A escolha não atenuou a “lingua preta” e o “olho graúdo” dos “cornetas”: “Ali tem área dos Scanagatta, dos Gurgacz, faculdade do Renato, condomínio do Paranhos…”. Pois é, qualquer lugar da cidade escolhido receberia alguma referência dessa natureza.

Porém, a avaliação técnica foi submetida à mais representativa entidade da cidade, a Codesc – Coordenadoria de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel, com 65 associações e sindicatos agregados. E, segundo o vice-presidente da Codesc, mMarco Portes, a escolha foi balizada na avaliação de 26 itens por quatro câmaras técnicas.

“Aplicamos inclusive a inteligência artificial para traçar comparativos com outros centros de convenções de vários países antes de apontar o local ideal”, explicou Portes.

Segundo ele, a proximidade com o aeroporto e a possibilidade de expansão futura foram determinantes para cravar o alfinete no mapa da porção Oeste do município.

O cruzamento de 26 critérios com ponderações de 0 a 5 gerou um gráfico que apontou a decisão a ser tomada. Marco prevê que o local irá ganhar um impulso de desenvolvimento, atraindo estruturas como hospital, hotel, restaurante, infraestrutura turística e hub de inovação, entre outras.

Na prancheta eletrônica dos projetistas, o novo Centro de Convenções terá 150 mil metros quadrados de área, 65 mil construídos. Contempla auditório para 2,3 mil almas, praça de alimentação para 1,6 mil comensais, salas técnicas, ruas cobertas e estacionamento para 3,5 mil viaturas.

“A dimensão está projetada para atender até 2050, com capacidade para ampliação”, destaca o vice da Codesc. Ou seja, tá tudo redondinho. Só faltam os R$ 200 milhões para tirar do papel. O município já designou o terreno. O Palácio Iguaçu acenou com R$ 120 milhões. Agora é a vez da representação política entrar em campo.

Em tempo: O prédio improvisado hoje utilizado para centro de eventos – construído originalmente para armazenar café – poderá ser transformado em Mercado Municipal, conforme projeto desenhado pelo antecessor do Renato.

PITACO DO PITOCO

A Codesc é uma entidade atuante, transparente e que consegue transitar tecnicamente no escorregadio meio político.

Trata-se de um organismo que reflete a vocação associativista de Cascavel e tem contribuído para elevar o nível do debate na cidade.

Quem ouve a sociedade erra menos. Nesse aspecto, ponto para os inquilinos do 3º andar do Paço.

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Uma luz para o “Véio da Lâmpada”

Falta braço para dar conta dos pontos escuros de Cascavel; PPP ou concessão para iniciativa privada é luz no fim do túnel – desde que não seja o trem na contramão

Imagem: IA

Dia desses o vereador da base renatista na Câmara, Antonio Marcos (PSD), se queixava: “O homem nem lê mais meu zap pedindo troca de lâmpada”.

A reclamação era para o exvereador Oracildes Tavares, informalmente conhecido como “Véio da Lâmpada”, diretor da Prefeitura na pepinosa área de iluminação pública.

A vida de “Oráculo” – apelido dele em outros tempos – não é fácil mesmo: equipes reduzidas, limitações de dias e horários no vínculo com servidores concursados e 40 mil pontos de iluminação pública na cidade.

É vereador, imprensa e povão em geral na cola do Véio da Lâmpada toda hora. Nem a lâmpada, nem ele, conseguem sequer piscar sem que alguém peça a troca.

“MÁFIA DA LÂMPADA”

Dinheiro não falta no sistema: tem um superavit de R$ 12 milhões/ano na taxa de iluminação pública. E onde tem dinheiro, tem cobiça.

Num debate entre prefeituráveis, em 2008, a então candidata Marlise da Cruz cunhou a expressão “máfia da lâmpada”, em alusão a supostas maracutaias no setor.

Há outros fios desencapados para perturbar o Véio da Lâmpada: dos 40 mil pontos de luz, pouco mais de 30 mil estão em LED. Os demais utilizam lâmpadas antigas, que emitem luzes amareladas e são mais vulneráveis a apagões. Mesmo o LED, em tese mais durável e luminoso, não pode impedir a ação de ladrões de fios de cobre, verdadeira epidemia em Cascavel.

TUDO ALINHADO

Copel e operadoras de telefonia iniciaram o que poderíamos chamar de “Operação Antigambiarra”.

Na primeira pegada, em junho, foram removidos 185 quilos de fiação irregular na Avenida Toledo. O mutirão ganhou sequência nesta semana na Avenida Assunção, do Alto Alegre ao centro.

PITACO DO PITOCO

Concessões e parcerias público-privadas têm sido a melhor solução adotada por inúmeros municípios brasileiros no ataque à escuridão das ruas.

Essas soluções já contemplam plataformas de smart cities, que permitem integração com salas de monitoramento por vídeo.

E a concessionária vencedora da licitação tem obrigações que o servidorpúblico não consegue alcançar, como 24 horas para troca da lâmpada queimada sob pena de multa contratual.

Vai lá, Severino, poupe o Véio da Lâmpada. Vovô Oráculo não tem mais idade para trepar no poste.

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Hotelaria sobe

Para quem imaginou que a oferta de leitos do sistema hoteleiro está saturado em Cascavel, aqui vai a notícia: a cidade ganha mais 142 apartamentos.

O investimento relevante vem da família Baumgart, de Toledo, fundadora da rede Maestro.

O edifício de 12 andares já está em construção na rua Pedro Ivo, ao lado do Burger King, no centro de Cascavel.

Para erigi-lo dentro dos padrões Maestro, os Baumgart contrataram a Schneider & Costa Construtora.

PERGUNTINHA

A mando e interesse de quem ocorre a fritura em fogo brando do ex-prefeito Paranhos em segmento da mídia local?

The End

Se o governador Ratinho Junior perguntar quem os presidentes de cooperativas e demais caciques do agro oestino preferem que ele apoie para o Iguaçu – Guto Silva, Greca ou Alexandre Curi -, poderá levar um susto com a resposta: NDA, nenhuma das alternativas. O namoro do agro local e de lideranças empresariais do Oeste, e que está evoluindo rapidamente para casório, é com o maringaense Sergio Fernando Moro.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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