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Lupa da Fiep achou R$ 400 mi

calendar_month 8 de novembro de 2025
11 min de leitura

Concessionária com vastas obrigações contratuais no lote que atende o Oeste e Sudoeste do Paraná assume compromissos bilionários e é instada a dizer se banca o negócio

Trecho aos cuidados da EPR no Sudoeste do Paraná: nuvens escuras mescladas com o amarelado do astro-rei no céu avisam que a receita está dentro das expectativas, mas o boleto é pesado: R$ 20 bilhões no lote 6

Em nenhum lugar com praça de pedágio no Brasil há tantas “câmeras de vigilância” como há no Paraná. A conturbação generalizada da primeira experiência do Estado com as concessões de rodovia criaram uma massa crítica sem igual aqui.

Evidência nesse sentido veio nos números que a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), trouxe a lume no último fim de semana, colocando “câmeras”, lupas e lunetas sobre toda movimentação contratual através do site observatoriodospedagios.org.br

Segundo a Fiep, as concessionárias Via Araucária e EPR arrecadaram R$ 400 milhões a mais que o previsto no breve período em que estão administrando as rodovias.

Algum problema em arrecadar mais que o previsto? Nenhum. Porém, o contrato versa sobre receitas excedentes e mesmo sobre as faltantes.

Visando impedir que a frustração de receita se torne um problema para cumprir o cronograma de obras, os contratos prevêm que arrecadação a menos seja socorrida pela Agencia Nacional de Transportes Terrestes (ANTT) com um seguro específico para tal ocorrência.

Na outra ponta, combatendo o “capitalismo sem risco”, o contrato versa também sobre a arrecadação acima do estimado na contagem de fluxo. Neste caso, o dinheiro a mais deve ser devolvido para uma conta específica, e poderá ser usado para obras não previstas no cronograma.

Para tentar entender a arrecadação de quase meio bilhão a mais por duas concessionárias em poucos meses, é possível cravar uma das seguintes opções: 1) a contagem de tráfego “furou”, e as receitas foram subestimadas; 2) a economia “explodiu” e milhares de caminhões a mais surgiram do nada.

Para a Fiep, nem uma, nem outra. O excesso de arrecadação, segundo o presidente da entidade, o cascavelense Edson Vasconcelos, se explica no fato de ambas as empresas terem começado a cobrança do pedágio antes de concluírem os trabalhos iniciais, afrontando princípios contratuais.

“O excedente aconteceu com a cobrança do pedágio no início da operação antes de concluir os reparos iniciais, tapa-buraco, sinalização, roçada. A cobrança deveria começar depois do quarto mês de operação, mas conseguiram uma permissão para começar a cobrar antes, o que resultou em R$ 400 milhões adicionais”, afirma Edson Vasconcelos.

A Fiep enviou ofício à ANTT solicitando a devolução de R$ 200 milhões de cada concessionária, e aguarda um posicionamento da agência, que não definiu um prazo para responder a demanda.

As concessionárias citadas afirmaram em notas que irão aguardar a manifestação da ANTT a respeito.

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Os R$ 51 bi da EPR

Executivos da EPR celebram o arremate da sétima concessão do grupo, o lote 4 do Paraná: boletão de R$ 51 bilhões

A EPR foi a vencedora no disputado certame do lote 4, realizado no último dia 24 contra outras três concorrentes.

Com desconto de 21,3% na tarifa de pedágio, a concessionária terá que desembolsar mais de R$ 390 milhões adicionais. É que o contrato determina o depósito compulsório extra para cada ponto percentual após 18% de desconto.

O adicional é café pequeno para a EPR. Com a vitória no último leilão, a empresa já assumiu um “B.O” gigante. São sete concessões, que demandam investimentos de R$ 51 bilhões.

O boleto mais obeso da EPR está exatamente no lote 6, com forte repercussão no Oeste (BR 277) e Sudoeste do Paraná (rodovia 163). Aqui a empresa terá que investir R$20,1 bi.

Questionado pelo jornal “Valor” se a empresa tem caixa para abocanhar todas as concessões ao mesmo tempo, o presidente da EPR, José Carlos Cassaniga, disse que o grupo tem estrutura de capital assegurada. E que o financiamento para o lote 6 “está equacionado”.

Em tempo: até o fechamento desta edição, na quarta-feira (29), não havia o resultado ainda do leilão do lote 5, que irá impactar diretamente o entorno de Cascavel nas rodovias 163 (antiga 467) e 369.

PITACO DO PITOCO

O tempo dirá se a bocarra da EPR para devorar rodovias foi maior que a capacidade intestina de processar esse mar de piche. Não se levanta R$ 51 bilhões do dia para a noite como se ergue uma cancela.

Porém, os primeiros sinais são alvissareiros. Mesmo levando em conta a antecipação da cobrança, percebe-se que a receita está, na pior das hipóteses, dentro das previsões mais otimistas.

Quem tem em mãos contratos capazes de gerar receitas líquidas milionárias 24 horas por dia por 30 anos, tem bons argumentos e garantias para “comprar dinheiro” no mercado de capitais.

A EPR aceitou o desafio de gerir o lote mais oneroso, justamente o “nosso”, do Oeste e Sudoeste. Desejamos boas viagens. E que a lupa da Fiep permaneça atenta.

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Obras na rodoviária já chegam a 78%

O investimento de R$ 20,2 milhões do Governo do Estado é a maior reforma já feita no espaço desde sua inauguração, em 1987

O terminal rodoviário, gigantesco para a época (anos 1980), conseguiu atender relativamente bem por 38 anos, e agora ganha sua reforma mais abrangente

A reforma do Terminal Rodoviário Intermunicipal de Cascavel atingiu 78% de execução e entrou na fase final, com previsão de entrega para o primeiro semestre de 2026. Mesmo em obras, os serviços de transporte intermunicipal e interestadual seguem em funcionamento.

O investimento de R$ 20,2 milhões, viabilizado pelo Governo do Estado e garante a maior modernização já feita no espaço desde sua inauguração, em 1987. Os trabalhos envolvem frentes simultâneas de construção no térreo e no pavimento superior.

Com 15 mil metros quadrados de área total, o terminal passa por ampla reestruturação, com novo layout interno, com acessibilidade, reforma dos guichês, criação de salas comerciais, terminal de encomendas, praça de alimentação e sanitários.

Também estão sendo instaladas catracas, elevadores e escadas rolantes, ampliando a acessibilidade. A obra inclui ainda a modernização do sistema elétrico, melhorias na iluminação e reforma dos estacionamentos.
O pavimento superior está parcialmente em uso, segundo a Secretaria de Obras Públicas de Cascavel (Sesop), responsável pela execução: os guichês e a área gourmet operam normalmente, com elevador e sanitários. No térreo, seguem as obras com a montagem de divisórias das futuras salas comerciais e a instalação de banheiros e do setor de encomendas.

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26 empresas em operação, 32 plataformas

A nova praça de alimentação já está operacional, embora ainda com poucas opções

De acordo com a Prefeitura, o projeto foi concebido com uma visão de futuro, pensado para funcionar como um centro comercial, de integração e desenvolvimento.

O terminal foi projetado para acompanhar o crescimento de Cascavel nas próximas décadas, oferecendo conforto e capacidade para atender à população. Atualmente, 26 empresas operam no local, que conta com 32 plataformas de embarque e desembarque.

O prefeito de Cascavel, Renato Silva, disse que a modernização é um marco para a cidade e reflete o ritmo de crescimento do município. “A nossa rodoviária é a porta de entrada de Cascavel e, depois de quase 40 anos, merecia esse olhar e esse cuidado. Esta grande obra vai deixar o espaço mais confortável e seguro, tanto para quem passa por Cascavel quanto para quem trabalha aqui e tira seu sustento. Essa reforma mostra o quanto a cidade está crescendo e se preparando para o futuro”, destacou.

1,5 milhão de usuários

Mesmo com as obras em andamento, o fluxo de passageiros na Rodoviária de Cascavel cresceu 10% em 2025, em comparação ao ano passado. Dados da Prefeitura apontam que, até setembro, o terminal registrou 1,55 milhão de usuários, sendo cerca de 830 mil passageiros diretos (origem ou destino em Cascavel) e 728 mil indiretos (em trânsito).

A média mensal passou de 157 mil passageiros em 2024 para 173 mil em 2025, com cerca de 5,7 mil pessoas por dia. O movimento de ônibus também aumentou do ano passado para este ano, passando de 7.786 para 8.030 veículos por mês. Os dados reforçam o papel da rodoviária como polo de integração regional.

Segundo os usuários, a revitalização garante maior comodidade para a população. A balconista Elenícia Pacífico elogiou o espaço gourmet e as novas opções de alimentação. “Achei tudo muito bom. As lanchonetes são ótimas e a comida uma delícia. A rodoviária está ficando ampla e bonita”, disse ela.

Para o eletricista Raimundo de Lima, o investimento na rodoviária era necessário e, após a conclusão da obra, as pessoas “vão ter mais conforto e segurança”. Já o empresário Guilherme Martins destacou que a modernização acompanha o porte e o desenvolvimento de Cascavel. “É uma cidade grande e precisava dessas melhorias.”

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Licença descaracteriza o “Puerto Madero” do Paraná

Estruturas sobre a barragem e que avançavam sobre o espelho d’água da “era paranhista” sobem no telhado

Revitalização separa pedestres de ciclistas na área de caminhada

O projeto de revitalização do Lago Municipal, principal cartão postal verde de Cascavel, recebeu profundas modificações se comparado à ideia inicial apresentada pelo então prefeito Leonaldo Paranhos.

Inicialmente imaginava-se algo semelhante – guardadas as devidas proporções – ao Puerto Madero, em Buenos Aires, local por onde foram exportadas para a Europa milhares de toneladas de araucárias parcialmente beneficiadas na Cascavel dos anos 1950, no auge da Ciclo da Madeira.

A principal mudança apresentada na semana passada, após o crivo de órgãos ambientais, foi a retirada de obras sobre a barragem do lago e estruturas que avançavam sobre a lâmina d’água. As licenças obtidas até o momento basicamente se limitam à separação da área de caminhada do espaço para ciclistas e estruturas estéticas. Mesmo nesta primeira etapa, o município terá que levar em conta mais de 20 condicionantes estabelecidas pelo Instituto Água e Terra (IAT).

Segundo o secretário Vinícius Boza (IPC), o edital será publicado ainda neste ano e as obras devem começar em março de 2026. O investimento na primeira fase é estimado em R$ 15,4 milhões, com recursos do Fundo Municipal de Saneamento.

Essa é a primeira de três fases previstas no projeto global, que deve alcançar R$ 45 milhões em investimentos. As etapas seguintes, voltadas a estruturas mais complexas, como espaços gastronômicos e áreas de lazer ampliadas, dependerão de novos estudos e novo licenciamento ambiental.

INTERDIÇÕES

A implantação da nova pista de caminhada e ciclovia ocorrerá por etapas. Nos trechos onde houver substituição do piso da barragem, as interdições serão parciais e temporárias, garantindo o acesso e o uso do parque.

Para cada árvore suprimida, o licenciamento prevê o plantio de dez novas árvores. Além das melhorias estruturais, o novo Território Verde, como está designado o Lago e seu entorno, terá ferramentas tecnológicas e educação ambiental.

Estão previstas 74 câmeras de monitoramento, iluminação automatizada com controle de impacto luminoso sobre a fauna noturna e placas educativas ao longo das pistas, orientando sobre comportamentos responsáveis e preservação ambiental.

Revitalização do Lago Municipal: ideia inicial de Paranhos sofreu profundas alterações

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Motos elétricas ganham força

União entre 99, Vammo e Riba Brasil rende mais de 3 mil veículos, que já circulam por cidades com foco em economia e mobilidade sustentável

Mais de 3 mil motos elétricas já circulam com a 99: economia e mobilidade sustentável em alta

A parceria entre 99, Vammo e Riba Brasil já colocou mais de 3 mil motos elétricas nas ruas, com foco em entregas, transporte de passageiros e operações especiais. Essa iniciativa faz parte da Aliança pela Mobilidade Sustentável, grupo criado pela 99 formado por 23 empresas que impulsionam a eletrificação dos transportes no país.

Segundo a Fenabrave, as vendas de motos elétricas cresceram 52% no primeiro semestre de 2025, consolidando o segmento como uma das apostas mais promissoras para a mobilidade urbana.

Com tecnologia de ponta, economia real para os pilotos e impacto ambiental positivo, as motos movidas a bateria estão mudando o dia a dia de quem vive – e trabalha – nas cidades. A 99, por exemplo, já opera com mais de 3 mil motos elétricas em sua plataforma e pretende chegar a 10 mil até o fim do ano. Em parceria com a Vammo, foram locadas mil unidades da CPX Comfort, scooter elétrica com autonomia de até 100 km e sistema de troca rápida de baterias.

O modelo foi desenvolvido para atender áreas de alta demanda, como a Grande São Paulo, e já tem aprovação dos motociclistas parceiros.

CUSTO BENEFÍCIO

“Antes, eu gastava R$ 50 por dia com gasolina e manutenção. Hoje, praticamente não tenho custo extra. O conforto é maior e os passageiros elogiam”, explica Cleiton Lucena, parceiro da 99 e profissional da área há mais de 20 anos.

PITACO DO PITOCO

A frota de Cascavel tem mais de 35 mil motos, boa parte dos pilotos transitam com as caixas do Ifood nas costas.

Será uma ótima viagem para o Ifood acompanhar o exemplo da 99 e estimular a eletrificação. Será bom para o bolso dos pilotos, e ótimo para os ouvidos dos cascavelenses.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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