Uma breve visita a Cascavel dos anos 1980, quando a grande atração da cidade era a escada rolante da loja Riachuelo

Juarez Story foi um fenômeno do rádio na segunda metade dos anos 1980 em Cascavel. Ali, na rua Rio Grande do Sul, ao lado da Praça Wilson Joffre, o radialista da voz moduladamente grave e estampa do galã de cabelos cacheados, estacionava seu Corcel II preto todas as manhãs. E adentrava o estúdio da emissora sob os olhares admirados de suas muitas fãs. Juarez era o sonho de consumo das secretárias do lar.
Além de seu famoso livro de simpatias, com soluções terapêuticas para tudo, do “bicho de pé” a desventuras amorosas, Juarez apresentava um quadro curioso: “Namoro no Rádio”. Ali as ouvintes, através do telefone fixo acionado por fichas no orelhão, ou por cartinhas, enviavam mensagens na linha “sou morena, 1,60, do lar, 35 anos, procuro alguém para amizade ou algo mais”.
O curioso era o “algo a mais”, expressão inocente e ingênua se comparada às abordagens de hoje nos aplicativos de mensagem. O “Namoro no Rádio” era a versão analógica do Tinder, aplicativo de namoro que vai direto ao ponto, e onde as fotos das pessoas são analisadas em fração de segundos, descartadas para uma espécie de lixeira existencial ou curtidas por um movimento no dedo até que se alcance o match.
Vivíamos em outro mundo. A grande atração de Cascavel era a escada rolante de pouco mais de três metros de extensão da loja Riachuelo. Nas agências bancárias, obtinha-se o saldo da conta no balcão, escrito a Bic em um pedaço de papel, momento em que se quebrava o sigilo bancário do cliente sem nenhum despudor. Foi revolucionário quando, décadas depois, a agência do BB na extremidade do Calçadão, disponibilizou máquinas de auto-atendimento, capazes inclusive de abrigar depósitos em cheque no envelope.
O talão de cheques caiu em desuso, as máquinas do BB já flertam com a obsolência, mas a voz tímida da balzaquiana que procurava alguém para “amizade ou algo mais” parece ainda ecoar ali nas franjas da Praça Wilson Joffre. Nunca saberemos se ela obteve “amizade”, “algo mais” ou a completa indiferença com aquele anúncio.
Story e seu Corcel munido de toca-fitas auto-reverse e rodas cruz de malta era o “monstro” da latinha na cobra analógica!
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O Método Papes responde!
Seu filho está pronto para o futuro do trabalho ou apenas para a próxima prova?

O mundo corporativo piscou e tudo mudou. Vivemos uma era onde gerações distintas – dos experientes boomers aos digitais Z – precisam coexistir e colaborar, cada uma com suas expectativas e linguagens. As vagas de emprego já não pedem apenas diplomas; elas exigem pensamento crítico, inteligência emocional e uma adaptabilidade quase sobre-humana. Você colocaria seu filho em um curso que ignora isso… ou em uma experiência que o prepara para prosperar nesse cenário?
Essa é a provocação – e a promessa – do Método Papes, em Cascavel. Mais do que uma escola, somos um ecossiste ma de desenvolvimento desenhado para a realidade. Enquanto o Fórum Econômico Mundial (WEF), em seu relatório sobre o futuro do trabalho, aponta que habilidades como pensamento analítico, criatividade, liderança e influência social, além de resiliência e aprendizado contínuo, serão cruciais até 2025 e além, nós já colocamos isso em prática.
O choque de realidade
Hoje, empregadores buscam profissionais que resolvam problemas complexos, que saibam usar a tecnologia a seu favor (sim, inteligência artificial incluída!) e que se comuniquem com clareza.
Por outro lado, os jovens talentos, especialmente da Geração Z, não querem apenas um salário; buscam propósito, desenvolvimento constante e um ambiente que valorize suas soft skills tanto quanto suas competências técnicas. O sucesso para eles não é mais linear; é sobre impacto, crescimento pessoal e equilíbrio.
É aqui que o Método Papes entra como um conector estratégico. Nosso DNA é conectar pessoas a oportunidades reais, transformando potencial em performance. Como? Com nosso método exclusivo:
Planejamento: Definir metas claras num mundo de carreiras fluidas.
Aprendizagem: Aulas dinâmicas que ensinam o “como fazer” com tecnologia de ponta, não apenas o “o quê”.
Prática: Projetos reais que simulam o ambiente corporativo – porque PowerPoint se aprende, mas apresentar uma ideia que vende exige treino.
Empoderamento: Foco total nas soft skills que o mercado grita por precisar-comunicação, oratória, inteligência emocional, autoconhecimento.
Sucesso: Não apenas a certificação, mas a confiança e a rede de contatos para entrar (e se destacar) no mercado de trabalho
DO CURRÍCULO À REUNIÃO DE DIRETORIA

No Papes, seu filho não estará apenas “estudando”. Ele estará vivenciando um ambiente onde raciocínio lógico, resolução de problemas e visão de futuro são a norma. Temos trilhas como “Evolução Profissional”, que cobre desde informática aplicada e gestão administrativa até liderança eficaz e empreendedorismo. Preparamos para a entrevista de emprego, para o desafio técnico, para a meta e até para aquela reunião tensa… sem suar frio.
Se você, empresário ou pai/mãe visionário, entende que o sucesso se constrói com preparação real e que seu filho merece mais do que o ensino tradicional pode oferecer, o Método Papes é o investimento certo. Transformamos potencial em performance, com um pé na realidade do mercado e outro nas habilidades do futuro.
Somos a única escola em Cascavel onde os alunos estudam literalmente dentro de um escritório corporativo em funcionamento. Aqui, seu filho não vai só aprender Excel – ele vai ver na prática como a ferramenta é usada para montar planilhas de custo reais, acompanhar fluxo de caixa e tomar decisões que impactam de verdade. É como se o estágio começasse no primeiro dia de aula.
Pronto para dar ao seu filho a vantagem competitiva que ele merece?
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10 mil “tias” do cafezinho
Entenda como o filtro do café coado por dona Dilma, do bairro Santa Cruz, periferia Oeste de Cascavel, foi parar em uma escultura apreciada em castelo medieval europeu pela rainha da Espanha e outros nobres de sangue azul

na Europa: 15 metros de cauda, 10 mil filtros e muitas Marias das periferias
O olhar perspicaz da curadora, Ana Carolina de Villanueva, proprietária da Luka Art Gallery instalada no Palácio Biester, em Sintra – Portugal, ao ver por fotos a escultura Gaia, criada pelas artistas cascavelenses Malu Rebelato e Nani Nogara, do Coletivo Duas Marias, já sabia que a majestosa obra poderia alçar voos maiores.
Em 2024 levou a escultura para uma exposição em sua galeria, onde mensalmente promove eventos com artistas consagrados mundialmente. Já realizou exposições com Hans Donner, Cristina Oiticica, Blake Jamieson e de outros grandes nomes das artes internacionais.
“Ter a única galeria de arte contemporânea instalada em um palácio do século XIX, de toda a Europa, é algo incrível. Por isso procuro fazer exposições e vernissages que surpreendam sempre ao artista e aos convidados. Todos esperam pelo extraordinário”, diz a curadora, que já viveu em vários países, inclusive no Brasil.
A escultura Gaia é extraordinária, impactante e majestosa com suas grandes proporções mais de 2 metros de altura, 180 centímetros de circunferência e 15 metros da “manto” ou cauda.
Trata-se de um construção em um ambicioso e dedicado trabalho de costura e modelagem do tecido na confecção de um vestido unindo mais de 10 mil coadores de papel de café coados por mais de 10 mil mulheres de várias partes do Brasil, que compõem uma estrutura corporal impecável. Mas, acima da sua capacidade técnica, a obra foi muito além na sua contextualização conceitual.
Intrinsecamente, a escultura traz as histórias e representa a resiliência de todas as mulheres do mundo, que ao acordarem fazem seu café e seguem suas tarefas cotidianas, não importando a classe social, suas perdas e ganhos, alegrias e tristezas, seguem fortes com fé o seu dia. “O mais comovente é pensar que, talvez aquele café, tenha sido o último daquela mulher”, pontua Carolina.
É com esta perspectiva de força, de terminação e potência feminina, Gaia nasceu da terra, do café brasileiro e representa também a deusa da mitologia grega, a Mãe Terra, umas das divindades primordiais e a personificação da mãe de todos os seres vivos no planeta. Todas essas características, dessa obra monumental, comoveram os jurados do Prêmio Rainha Sofia da Espanha, que neste ano completa a 60ª edição.
“MILHARES DE MARIAS”
Com o impacto e comoção gerados pela Gaia, a escultura foi selecionada entre mais de 500 obras apresentadas de artistas de todo o mundo e foi uma das finalistas do prêmio. A vernissage aconteceu dia 27 de fevereiro último, na Casa de Vacas do Parque del Retiro, em Madrid – Espanha, com a exposição de 67 obras selecionadas pelo comitê entre esculturas e pinturas.
“Apresentá-la ao comitê técnico representando a alma e a voz das artistas, foi muito além das minhas melhores expectativas”, afirma a curadora. “O prêmio foi entregue pela própria Rainha Sofia em cerimonial fechado e protocolar, e ali não estava apenas uma escultura ao longo dos 60 anos de concurso, mas a representação da resiliência e da força feminina, da união não mais apenas de 10 mil mulheres, mas de milhares de Marias de todo mundo, rainhas de suas próprias vidas costuradas pelas mãos das artistas Malu e Nani, de indescritível genialidade”, conclui Ana Carolina de Villanueva.

ESPANHOLA QUE CRESCEU NO BRASIL
A curadora e diretora proprietária da Luka Art Gallery, Ana Carolina de Villanueva, recebe em sua galeria consagrados nomes das belas artes em exposições mensais. É conhecida ainda por suas excêntricas e exuberantes festas, como foi a Gala de Natal, com apresentação de canto sacro de 50 vozes do Mosteiro dos Jeronimos e o famoso Baile de Máscaras.
Carolina é de origem espanhola, mas cresceu no Brasil, é arquiteta e urbanista, especializada em restauração do patrimônio histórico, com mestrado em restauro sacro com ouro e policromia e doutora em arte e cultura. Já morou em vários países, visitou mais de 40 trabalhando para uma multinacional e hoje reside em Portugal.
SOBRE AS ARTISTAS MALU REBELLATO E NANI NOGARA
De Cascavel, Paraná, região sul do Brasil, as artistas Malu Rebellato e Nani Nogara, do Coletivo Duas Marias, são formadas em artes visuais e pós-graduadas em arte-educação. Iniciaram seu trabalho artístico em conjunto no segundo semestre de 2013.
Nesta trajetória estão costurando ideias e conceitos sempre com o objetivo e valorizar a imagem da mulher, sua força e luta. Já realizaram importantes exposições no Brasil com a escultura Gaia, no Museu Oscar Niemeyer e, recentemente, em Portugal, na Luka Art Gallery no Palácio Biester. A intenção das artistas é poder levar Gaia ao redor do mundo, através da curadora Ana Carolina Villanueva, que as representa internacionalmente.
PITACO DO PITOCO
Tia do cafezinho foi à vossa majestade!
Não é trivial que um obra cultural produzida em Cascavel e por cascavelenses seja selecionada entre 500 inscritos para uma exposição real na Espanha, com direito a presença de gente do sangue azul, da nobreza européia.
Mas também não assusta. Já sabíamos da importância da “tia do cafezinho”. Uma anedota maliciosa conta que o “chupa-cabras” ou qualquer outro animal mitológico vinha devorando vereadores na Câmara de Cascavel.
Sabe-se lá porque, ninguém notava a ausência dos devorados. Quando o bicho pegou a tia do cafezinho, o Legislativo veio abaixo, ela sim, fazia falta. Pura maldade.
Me recordo da dona Leda, senhora gentil e tímida, servidora pública do estratégico setor do cafezinho nos anos 1990. Ela servia a turminha da imprensa ali no Paço das Artes, no tempo em que o prédio abrigava a Prefeitura.
Sempre com um lenço ornando a cabeça e avental, dona Leda produzia um chá gelado que vinha espumado, cremosidade para fazer inveja a propaganda da Brahma. Ela era fundamental, imprescindível, insubsituível.
Pensar que senhorinhas da periferia de Cascavel, perfil dona Leda, que mora ou morava na distante Porção Sul do município, contribuíram para produzir a escultura Gaia é algo
lancinante.
O filtro coado por tantas Marias das periferias transformou-se em obra de arte pelas mãos mágicas da Malu e da Nani.
A lastimar que, diferente dos curitibanos, que puderam apreciar a obra “coada” em Cascavel através da exposição no Museu de Arte Contemporânea do Teatro Oscar Niemayer, nós cascavelense poderemos apreciar Gaia somente pelas fotografias dessas páginas.
Gaia e sua longa cauda de 15 metros vão permanecer na Europa, com reais possibilidades de expor suas “marias” em Roma, Londres e Paris.
De toda forma, de alguma maneira, o cafezinho extraído pela dona Maria do bairro Santa Cruz está imortalizado nas manchas da borra de café, que põe tons de pele humana em Gaia, perenizando a tez e os poros das marias das periferias.
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Lei fere laicidade
Projeto que permite crucifixos em repartições públicas gera debate sobre laicidade e competências
A recente aprovação do Projeto de Lei Ordinária nº 12/2025 pela Câmara Municipal de Cascavel reacende o debate sobre os limites da atuação do Legislativo municipal e os princípios constitucionais que garantem a laicidade do Estado. O projeto, aprovado por ampla maioria (18 votos a 1), reconhece a cruz e o crucifixo como objetos de arte sacra e autoriza sua colocação, fixação ou realocação em órgãos e repartições públicas do município.
Embora o texto justifique a medida com base no valor cultural e histórico dos símbolos cristãos, há preocupação na iniciativa. O advogado Márcio Berti, especialista em Direito Público, alerta que a proposta fere a Constituição Federal, ao contrariar o princípio da neutralidade religiosa do Estado, previsto no artigo 19, inciso I. “Mesmo que o projeto tente conferir um caráter cultural à cruz, seu conteúdo religioso é inegável. O Estado
não pode assumir uma posição de favorecimento a uma crença específica”, afirma.
Berti também destaca que a aprovação do projeto coloca em risco a liberdade religiosa garantida no artigo 5º da Constituição, ao privilegiar o cristianismo e ignorar o pluralismo de crenças presente na sociedade. “A imposição ou incentivo à presença de símbolos religiosos em espaços públicos pode constranger cidadãos e servidores com outras crenças ou sem religião”, observa.
“INVASÃO DE COMPETÊNCIAS”
Outro ponto levantado pelo especialista é a invasão de competências por parte do Legislativo municipal. Segundo o advogado, classificar objetos como bens culturais ou artísticos exige critérios técnicos e, em muitos casos, a atuação de órgãos especializados como o Iphan. Além disso, a organização interna das repartições públicas é uma atribuição do Poder Executivo. “A Câmara não pode legislar sobre a disposição física dos espaços públicos sem invadir a competência administrativa do prefeito, o que fere a separação entre os Poderes”, explica.
Apesar de o projeto não obrigar expressamente a instalação dos crucifixos, Berti ressalta que o texto cria uma base legal que pode incentivar ou até institucionalizar sua presença de forma generalizada, o que pode ser interpretado como imposição indireta. Ele também critica a falta de critérios técnicos para essa instalação e a ausência de estudo de impacto orçamentário, exigido por lei sempre que há possibilidade de aumento de gastos públicos.
O advogado lembra que o tema já foi objeto de debate no Supremo Tribunal Federal (STF), como no caso da ADPF 108, que discutiu a presença de crucifixos em prédios do Judiciário. Embora sem decisão de mérito, o STF já consolidou entendimento sobre a obrigação de o Estado de se manter neutro diante de manifestações religiosas.
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É o fim da gambiarra?
Para eliminar a poluição visual das ruas de Cascavel, ação conjunta entre a Prefeitura e a Copel promete retirar fios em desuso nos postes
Iniciativa conjunta da Prefeitura de Cascavel e Copel prevê ações para garantir que empresas de telecomunicação, que detêm contrato de compartilhamento com a companhia de energia, principais responsáveis pelos cabeamentos, façam a retirada desses dos fios. Os detalhes começaram a ser alinhados no último dia 17.
As tratativas estão em andamento e uma nova reunião ou audiência pública está prevista para o início de junho, com a participação da Copel, vereadores, Ministério Público e as empresas de telecomunicações que operam na cidade para definir uma ação estratégica.
A iniciativa, coordenada pela Secretaria de Planejamento e Gestão e pela Casa Civil, tem como objetivo organizar e limpar a rede aérea, eliminando cabos obsoletos que impactam visualmente a cidade e oferecem riscos à população.
O trabalho contará com o apoio técnico das operadoras de telecomunicações e seguirá um cronograma definido a partir do levantamento das vias prioritárias. A proposta é que essa força-tarefa ocorra de forma contínua, garantindo mais organização ao espaço urbano e promovendo um ambiente mais seguro para pedestres, motoristas e trabalhadores que atuam nas redes da cidade.
65 MIL POSTES
Segundo a Copel, um censo, que consiste na vistoria detalhada de cada poste do município para identificar todas as ocupações das empresas compartilhadoras de telecomunicações, teve início em 2022 e foi concluído em dezembro de 2024. Os números apontam que a rede de distribuição de energia de Cascavel é composta por 65.576 postes, sendo 24.045 na área rural e 41.531 na área urbana. Até o momento, mais de 83% desses postes já passaram por análise de inventário.
Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

