Empresa alemã vai transformar dejetos suínos em energia, biocombustíveis e fertilizantes através de 45 usinas no Oeste do Paraná; potencial da região equivale a 6 mil barris de petróleo/dia na forma de biocombustível

Toledo vai sediar uma nova usina de biogás que também será a primeira central de saneamento rural do Brasil, um empreendimento da Mele, empresa alemã que promete potencializar a transformação de dejetos da suinocultura em energia, biocombustível e fertilizantes.
A pedra fundamental do empreendimento foi lançada no último dia 19 em um encontro entre o vice-governador Darci Piana e a presidente do Conselho Federal Alemão (“Bundesrat”), Manuela Schwesig, em Curitiba, e que foi acompanhada por vídeo por representantes da empresa e agricultores de Toledo.
A usina receberá, em sua primeira etapa, cerca de R$ 77,5 milhões em recursos de investidores e financiamento do Banco Mundial, além de ser acompanhado pela Organização das Nações Unidas (ONU) devido às suas características inovadoras
e ambientalmente sustentáveis. A planta de Toledo, que servirá de modelo para as próximas que serão instaladas na região, ficará em uma área de 43 mil metros
quadrados.
45 usinas aqui
Segundo estimativas da empresa, o tratamento correto dos dejetos nas usinas tem o potencial de evitar 2 milhões de toneladas de CO2 por ano. Somente a usina de Toledo, que é a primeira de 45 usinas previstas para serem implantadas na região Oeste até 2031, evitará a emissão de 52 mil toneladas de CO2 por ano.
Mesmo antes do início da obra de construção, o projeto chamou a atenção de grandes empresas nacionais, como a Petrobras, e também de empresários de outros países interessa dos nas oportunidades de compra de créditos de carbono para compensação de suas próprias emissões.
Feita com base em uma tecnologia desenvolvida no estado alemão de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, onde Manuela Schwesig, filiada ao Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD), também é governadora, a estrutura resolverá um grande passivo ambiental dos produtores da região, com a redução das emissões de dióxido de carbono
(CO2).
Ele também garantirá a manutenção dos recursos hídricos pela economia de água e o fim da contaminação do solo e lençóis freáticos por dejetos da suinocultura. Toledo tem quase cinco suínos para cada sapiens, em um plantel gigante de mais de 900 mil cabeças.
“Com este projeto conseguimos demonstrar que a agricultura também pode contribuir com a eficiência energética ao trabalhar com um material que ninguém quer, transformando-o em um ativo econômico”, declarou a presidente do Conselho Federal Alemão.
Pré-sal Caipira
Transformar fezes e urina de porco em energia gera o que os especialistas chamam de pré-sal caipira. Nessas analogias, o Oeste do Paraná é apresentado como a Arábia Saudita do Brasil.
Com grande influência da região Oeste, o Estado do Paraná é vice-líder nacional na produção de carne suína. Entre janeiro e junho deste ano, 6,2 milhões de porcos foram abatidos para abastecer o mercado interno e externo, o que representa um
crescimento de 37% em relação aos 4,6 milhões de abates efetuados no mesmo período
de 2019.
A estimativa da Mele é de que, após a conclusão de todo o cronograma do projeto, a região Oeste consiga produzir o equivalente a 6.000 barris de petróleo por dia na forma de biocombustível.
Inovação em áreas rurais
A Alemanha, e em especial a região de Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, é pioneira na implementação de biodigestores em propriedades rurais. Por meio dessa tecnologia, pequenos e médios produtores de suínos e bovinos utilizam instalações de digestão anaeróbica para tratar os dejetos e produzir biogás, convertendo-o em biometano para ser injetado na rede de gás natural ou utilizando-o para gerar energia elétrica e térmica nas próprias fazendas.
No caso da planta de Toledo, a parte líquida dos dejetos será transportada por redes de gasodutos até a central única de saneamento, enquanto a parte sólida será coletada por caminhões com o mesmo destino, englobando 52 propriedades rurais. Este material servirá inicialmente como matéria prima para a produção de biometano e CO2, mas a empresa já planeja uma futura ampliação para também produzir metanol, que é amplamente usado na produção do Biodiesel e de
outras cadeias.
Atualmente, 100% do metanol consumido no Brasil é importado de outros países, por isso a expectativa é de que este empreendimento também ajude o Paraná e o País a reduzirem a sua dependência do mercado externo e, por consequência, os custos de uso do biocombustível.
Fonte: Agência Estadual de Notícias
XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX
Muffato na pista
Pedro Muffato relata como Itaipu eletrizou os negócios da família, fala da relação com os sobrinhos do Super Muffato e revela por que quase “quebrou” no anos 1990

O Grupo Open, do empresário Marcos Urio, foi o anfitrião do “Café com Pitoco” de setembro. O entrevistado dessa edição foi o ex-prefeito, empresário e piloto, Pedro Muffato. Aqui estão os principais trechos da conversa presenciada por assinantes e anunciantes do jornal:
A Chegada
Cheguei de Irati em 1964, era perto, mas era longe. Saímos muito cedo de lá, chegamos aqui já era mais de 10 da noite. Trouxe parentes, meus pais e o mano Tito com oito anos de idade. Eu estava noivo da Mail, queria me casar, não poderia manter uma família de forma digna com a vida que levava em Irati.
O Alerta
A fama de Cascavel era a pior possível. Muita morte, jaguncismo, grileiros, posseiros, disputa por terra. Minha tia disse: “Não vá Pedro, lá matam gente na rua”. Eu expliquei que não iria trabalhar com terra, queria montar minha bodega e trabalhar no comércio.
Pé na Estrada
Nessa época eu viajava muito. Ia para Guarapuava fazer compras para a mercearia, aqui não tinha nada. Ia para São Paulo para sortir as prateleiras. Quando retornava, ia ao bar do Senadinho para saber o que aconteceu na cidade na minha ausência.
Vida Política I
Ainda muito jovem, com pouco mais de três anos de Cascavel, me convidaram para disputar eleição para vereador. Eu liderava o pessoal do esporte, organizei a formatura da minha turma. Fui o orador, escrevi o discurso, me atrapalhei com as folhas, foi um vexame. Dali pra frente só falo de improviso. Fui eleito vereador e quatro anos depois já estava disputando a prefeitura.
Vida Política II
Éramos seis candidatos a prefeito, três pela Arena, três pelo MDB. Antes de aceitar participar, fizeram um longo trabalho para me convencer. Falei: não vou por dinheiro nisso. Então me disseram que os 10% de propina na prefeitura trariam o investimento de volta. Falei: “Vocês estão falando com a pessoa errada”. Saí sozinho, perdi o apoio até do MDB. Fiz 10,8 mil votos, mais que todos os outros candidatos somados.
O Irmão Tito
Eleito prefeito, tinha que por alguém para tocar o negócio no armazem. Pus o Tito na gerencia, ele era menor de idade. Um dia ele foi a prefeitura e disse: “você me pôs na gerência mas ninguém me obedece”. Então dividimos a sociedade pela primeira vez, e montamos a empresa Irmãos Muffato, eu com 85%, o Tito com 15%.
A Separação
Sempre disse para o Tito: quando não quisermos mais trabalhar juntos, não precisamos
brigar, vamos fazer uma separação amigável. Houve algum estresse sim, eu viajava muito para as corridas de automóvel, talvez esse fosse um dos motivos, ficava pouco na empresa, o Tito nunca chegou a falar, mas acho que era isso. Eu também queria mais
liberdade para minhas competições esportivas.
Água Mineral I
O cargo de prefeito me apresentou para pessoas influentes, como o deputado Arnaldo Busato e o presidente de Itaipu. Adquirimos uma área para trabalhar em Foz. A loja cresceu muito com Itaipu, que tinha dezenas de milhares de operários que precisavam se alimentar e tomar água. Ninguém me pediu propina, mas eu usava artimanhas de comerciante. Vendia 500 caixas de água mineral por dia para Itaipu.
Água Mineral II
Para vender para Itaipu era preciso participar de concorrência pública. Na tomada de preço, entrava um concorrente com o preço menor que o meu. Ele ganhava a concorrência. Mas na hora de ele entregar o produto, eu já tinha comprado toda a
produção. Então na primeira semana ele já não cumpria o contrato. Aí me chamavam que tinha cinco caminhões para puxar água mineral e havia comprado 20 mil caixas do fornecedor. Ganhava-se bastante dinheiro.
O aval
Um conselho: não avalize. Eu avalizei na década de 1990, perdi quase R$ 30 milhões por
ter sido avalista. Só não quebrei porque sempre trabalhei muito bem estruturado, mas passei momento difícil. Isso segurou um pouco a expansão do Muffatão, então arrendei as lojas de Foz, Londrina e Maringá para os sobrinhos. Não tenho encrenca com os sobrinhos, pelo contrário, tenho orgulho do crescimento e expansão deles.

contadas pelo Pedro
Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente
