Prefeitura de Cascavel pode perder R$ 65 milhões de receita; 68% dos proprietários de veículos pagarão menos de “milão” em 2026

Outubro de 2014, Beto Richa é reeleito governador do Paraná no 1º turno, com 55,6% dos votos. Dois meses após, finalizando a composição da equipe para o segundo mandato, passou a ouvir o burocrata carioca Mauro Ricardo Costa, homem com fama de “mãos de tesoura”.
Ele vinha com a fama de salvador das finanças de São Paulo na gestão Kassab e no governo da Bahia. E receitava remédios amargos nas duas pontas, da receita e da despesa. Era cortar gastos e aumentar impostos. Foi dessa prosa com Richa que Mauro Ricardo acabou nomeado secretário das Finanças.
Uma das primeiras ações foi reajustar o IPVA em 40%, de 2,5% para 3,5%, uma gritaria danada. Mas Richa estava convencido de alguns pressupostos consagrados por Maquiavel: fazer todas as maldades de uma vez só no início do governo – e distribuir as bondades em suave prestações ao longo do mandato.
Por 10 anos vigorou o IPVA de 3,5%, até Ratinho Junior informar com estardalhaço, no último dia 20 de agosto, que o Paraná terá o menor tributo veicular do Brasil. O canetaço traz a alíquota para 1,9%, redução de 45% beneficiando 3,4 milhões de pagadores
de impostos.
68% dos paranaenses pilotam veículos de até R$ 50 mil. O dono de um carro desse valor pagou esse ano R$ 1.750 de IPVA. Em 2026, vai pagar R$ 950. Um veículo “fipado” em R$ 100 mil pagava 3,5 mil, passará a pagar R$ 1,9 mil.
RESISTÊNCIA
A notícia foi recebida com incredulidade pela opinião pública. Afinal, ouvir governante dizer que irá reduzir imposto é uma vez na vida e outra na morte.
E a oposição não digeriu bem o queijo ofertado pelo Ratinho, alertando os prefeitos sobre a ratoeira instalada nos cofres municipais, já que 50% da receita do IPVA vem para as prefeituras.
A Prefeitura de Cascavel obteve mais de R$ 130 milhões de IPVA em 2024. O rombo aqui será de pelo menos R$ 65 milhões em 2026.
FALA, GUGU!
“A oposição está empenhada em encontrar um lado negativo em uma notícia que só tem ângulo positivo para o povo paranaense”, rebateu o 1º secretário da Assembleia, Gugu Bueno, a quem caberá pautar o projeto no Legislativo.
“Chegamos a esse momento a partir de uma gestão austera e competente do governador, e hoje o Paraná vive seu melhor momento financeiro da história, a ponto de, se quisesse pagar a vista todas as dívidas contraídas para ser pagas nos próximos 30 anos”, enfatizou o deputado cascavelense.
PITACO DO PITOCO
Fatores que encorajaram o Palácio Iguaçu:
O Paraná vinha perdendo emplacamentos para Santa Catarina. Paranaenses estavam emplacando no estado vizinho, que cobra 2% de IPVA.
Ratinho Junior surgiu acima de dois dígitos nas pesquisas de intenção de voto para presidente da República. Poder dizer que cobra o menor IPVA do país é robusto ativo político/eleitoral.
Poderia ter pintado a ação em tons verdes, aplicando alíquota ainda menor nos veículos de baixa ou zero emissão. Mas não há como por óbice em qualquer iniciativa que reduza impostos. Ponto para o Ratinho!
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“R$ 20 milhões na mão…”
Caciques do Parlamento construíram um sistema para mudar tudo, desde que tudo fique como sempre esteve; barreira para novatos nunca esteve tão elevada, mas talvez o “Gato Preto”…

Empresário de nome bastante divulgado em Cascavel e região foi instado a se candidatar em 2026. Amigos (talvez da onça), disseram: – Vai lá, a gente apoia, seja candidato a deputado federal!
Homem dos números e dos cálculos rápidos de cabeça, o empresário fez algumas contas antes de avaliar o convite e chegou à seguinte conclusão: “Com o atual sistema de emendas impositivas, cada deputado federal no exercício do mandato tem no mínimo R$ 40 milhões na mão, fora o acesso à grana na hora de votações não republicanas”.
E concluiu o convidado: “Com a verba da campanha nas mãos dos presidentes de partido, uma candidatura sem histórico a federal necessita de R$ 20 milhões para sair do chão”.
A avaliação do homem das contas é que haverá um índice histórico de reeleitos no próximo pleito. “São R$ 20 milhões na mão para começar a conversar e eu não tenho essa disponibilidade agora, nem posso”, disse.
REELEGER CACIQUES
O líder empresarial de Cascavel, que poderia fazer um papel digno no Parlamento, foi desconvidado pela frieza dos números e pela razão.
O sistema está montado para reeleger os caciques, usando para tal uma estrutura de campanha desproporcional a dos índios – inocentes úteis escalados para “escadinhas” nas chapas.
Alguma renovação pode vir de influencers da linha “Gato Preto”, gente deslumbrada que promete mudar tudo, para tudo ficar com sempre foi.
Neste contexto, nomes como Henrique Mecabô e Hermes Parcianello (que cogita retornar) encontrarão os acessos para o Congresso Nacional blindados mcomo os castelos medievais de muralhas indevassáveis e fossos infestados de crocodilos – local pouco indicado para frango mergulhar. Como em rio que tem piranha jacaré nada de costas, talvez a maior ameaça às cadeiras já distribuídas na bancada do Paraná no Congresso venha de Cascavel: o nome do destemido nadador é Leonaldo Paranhos da Silva, caso abdique de um mandato na Assembleia do Paraná.

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Paraná terá 1º anel viário de eletropostos do Brasil
Iniciativa conecta Cascavel com o litoral de Santa Catarina através de carregadores de alta velocidade a cada 120 quilômetros
O Brasil terá seu primeiro anel viário de eletropostos, com a implantação de 26 estações de recarga ultrarrápida interligando as principais rodovias do Paraná. A iniciativa é inédita no país e promete dar mais segurança e previsibilidade às viagens de carro elétrico, reduzindo um dos maiores obstáculos para a mobilidade elétrica: a infraestrutura de recarga nas estradas.
O projeto foi concebido pela By.charge, empresa especializada em soluções de energia limpa e mobilidade elétrica. A rede está sendo implantada em pontos estratégicos que abrangem todas as regiões do Paraná, além de trechos da BR-376 e BR-101, chegando a cidades de Santa Catarina como Garuva e Penha. Também está confirmada a instalação em Paranavaí, ampliando a cobertura para o Noroeste do estado.
A proposta é que os motoristas encontrem um eletroposto a cada 120 quilômetros, respeitando padrões internacionais de autonomia e segurança. As cidades contempladas incluem Curitiba, Londrina, Maringá, Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava e Pato Branco, entre outras.
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Mudanças na Globo

Uma das mais relevantes empresas do agronegócio cascavelense vive um momento de transição na liderança. O sócio fundador da Globoaves – cujo embrião está em Toledo na década de 1980 -, Velci Kaefer, está concluindo a transferência da parte que lhe compete, cerca de 40% do conglomerado, para o sócio de décadas e irmão Roberto Kaefer (foto).
“Sempre fui o financeiro da Globo e temos um jeito diferente de condução. O Roberto acelera, eu piso no freio”, disse Velci ao Pitoco. Como os ativos dos irmãos são imbricados e interdependentes, o diálogo evoluiu para a condição em que o “sainte” na prática se torne fornecedor e locador da Globoaves através das granjas sob sua administração.
Segundo o site da empresa, a Globoaves tem um plantel de 1,7 milhão de matrizes que produzem 800 mil ovos férteis/mês. Possui incubatórios, granjas e abatedouros em mais de 10 municípios distribuidos em sete estados da federação. O ex-deputado Alfredo Kaefer é sócio minoritário. Estima-se que o valor global da corporação chegue a R$ 1 bilhão.
Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente
pitoco@pitoco.com.br

