O Presente
Pitoco

Renato e os bonés vermelhos

calendar_month 14 de fevereiro de 2025
6 min de leitura

O prefeito nunca foi extremista, dá para dizer que é um político total flex. Exibe desenvoltura para circular em todos os playgrounds ideológicos da 5ª série

Professor Lemos, Elton Welter e o prefeito Renato Silva no evento do MST: flex ideológico

O Renato é um Mazzaropi* da política!

Nada! Sujeito que sai de “capiau” da roça para dono de um império da educação, bobo
não é… Diálogos como o simulado acima são comuns nas rodas de conversa da cidade. O personagem no centro da prosa é o prefeito de Cascavel.

Renato Silva vem lá do “MDB” de guerra – sigla de oposição consentida a ditadura militar – que abria um amplo guarda-chuva para dar lugar a diversificada fauna política, abrigando desde gente da extrema esquerda até perfis fisiológicos que viriam a constituir o tal “centrão”.

Aqui, nos anos 1970/80 o MDB era comandado pela cautela pragmática de Mário Pereira, que se tornaria o primeiro e único governador cascavelense – embora barriga verde de nascença. O MDB elegeu deputados federais em Cascavel, como o professor Paulo Marques, e depois uma sequência interminável de mandatos do galináceo Hermes Parcianello, de cujo ninho surgiram outras figuras paradigmáticas e bem empenadas, como Leonaldo Paranhos da Silva. O MDB elegeu aqui até o Joni Varisco!

Ou seja, na origem, Renato não era esquerda nem direita, muito pelo contrário. Então a foto que ilustra esse texto só assusta mesmo quem acredita que colocar o número 22 no santinho de alguém converte-o imediatamente em um patriota que canta o hino para o pneu ou capaz de grudar no parabrisa do caminhão como se ostentasse ventosas nas mãos.

A TURMA DO BONÉ

Renato Silva foi fotografado em um evento do MST, realizado em Cascavel no último fim de semana, com direito à presença do notório João Pedro Stabile e de políticos do PT, como Zeca Dirceu, Elton Welter e professor Lemos, todos considerados perigosos comunistas pelos patriotas. Se fosse nos EUA, os bonés vermelhos ao lado de Renato seriam saudados pela turma que digitou 22 nas urnas. Mas aqui, como se percebe,
dois patinhos na lagoa não significam necessariamente adesão ao bolsonarismo raiz.

Renato nunca foi extremista. Dá para dizer que é um político total flex. Exibe desenvoltura para circular em todos os playgrounds ideológicos da 5ª série. Talvez essa postura tenha chegado aos ouvidos do Mito, que, apesar das súplicas do Paranhos, não declarou voto no 22 em Cascavel.

PITACO DO PITOCO

Há quem diga que o prefeito não deveria se permitir fotografar ao lado dos bonés vermelhos. De outro lado, há quem diga que Renato foi eleito para governar para todos os cascavelenses, do Alessandro Meneguel ao militante baixo clero do MST que arranca “à unha” a guanxuma, erva daninha danada de raízes profundas, no Assentamento
Resistência Camponesa, porção rural do município.

Aliás, a guanxuma, também conhecida no popular como “guaxumba”, era usada para produzir vassouras que varriam pátios de chão batido no minifundio e depois nos
casebres da periferia das cidades, cujos moradores foram expurgados do campo.

Já que a vassoura veio para o texto, que se varra todo esse lixo ideológico que contaminou as relações outrora mais cordiais entre os brasileiros, mesmo que varra para baixo do tapete, tornando o analfabetismo político que por aqui grassa menos aparente.

Glossário – *Amácio Mazzaropi foi ator e humorista marcado pelos papéis de “jeca”
ou “caipira” que fez muito sucesso ao traduzir o êxodo rural do Brasil profundo para os
centros urbanos entre 1952 e 1980.

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Mão esquerda do Welter na perna direita do Dilvo

Relação pragmática de lideranças do agro com representação parlamentar governista abre portas em Brasília e atropela dogmas ideológicos idiotizantes

A mão do deputado federal Elton Welter (PT de Toledo) na perna direita do Dilvo Grolli, que por sua vez toca o ombro do interlocutor, são gestos de comunicação não verbal que não devem ser traduzidos no sentido literal. Não. Dilvo não vai votar no Welter para deputado federal em 2026. E não. O deputado petista não irá votar no mesmo
presidenciável do Dilvo no próximo ano.

No entanto as profundas divergências ideológicas não impedem os fotografados de dialogar. Minutos antes dessa cena captada no Iphone do Pitoco, Dilvo havia recebido outro petista de alto coturno no Show Rural: Zeca Dirceu, o filho do “capitão do time”. “Nossa presença aqui é um gesto de respeito”, disse Zeca, político de portas escancaradas no Planalto.

O menino cabeludo do “Pedro Caroço” tem trânsito livre mesmo nos corredores mais estreitos e labirínticos de Brasília. Foi de lá que ele trouxe as licenças do Ibama, Ministério da Agricultura e Anvisa para autorizar a produção de bioinsumos na indústria da Coopavel. “Recebi a incumbência de acompanhar os trâmites de credenciamento da
cooperativa, vencemos todas as etapas, tarefa cumprida. Assim a Coopavel baixa custos para seus associados com aumento de produtividade”, disse Zeca.

Já no calor da repercusão da visita do prefeito de Cascavel, Renato Silva, ao assentamento do MST, quando ele foi fotografado ao lado da turma do boné vermelho, o Pitoco lançou a seguinte pergunta para Zeca Dirceu:

Pitoco – Como é transitar nesse hostil segmento do agro aqui no Show Rural, em que a antipatia ao seu partido é indisfarçável e explícita?

Zeca Dirceu -Tenhos amigos na agricultura familiar e trabalho com eles. Tenho amigos no MST e trabalho com eles. Tenho amigos no agronegócio e trabalho com eles. É papel da liderança política ter lado nas eleições, e todos sabem qual é o meu. Mas quando o eleito vai exercer o poder, não pode ter lado, pois do contrário prejudica o país. Eu estava ontem no assentamento do MST, celebrando 41 anos do movimento, que nasceu aqui em Cascavel. E hoje estou aqui no meio do agronegócio, não vejo incoerência nenhuma nisso.

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Apagão de RH na construção civil

Mercado imobiliário em Cascavel enfrenta desafios com falta de mão de obra e a alta demanda por moradia

A construção civil busca alternativas para reduzir a dependência de trabalhadores, como s i s t e m a s construtivos mais eficientes.

A demanda por moradia esbarra na baixa oferta de imóveis para locação e nos altos custos de construção. Proprietários definem valores de aluguel com base em custos, juros e rentabilidade.

ACESSO DIFÍCIL

Aluguéis altos (a partir de R$ 1.300) comprometem grande parte da renda (R$ 2.500 em
média), dificultando o acesso à moradia.

Financiar imóveis também é difícil, exige renda familiar alta (R$ 5.000 para imóvel de R$ 250 mil), entrada elevada (R$ 87 mil) e restrições de crédito.

Muitos trabalhadores buscam oportunidades em outras cidades, gerando êxodo e afetando a mão de obra local. A falta de moradia impacta a disponibilidade RH qualificado.

CASA FÁCIL

O governo pode atuar com programas como o “Casa Fácil Paraná”, que oferece auxílio para a entrada do primeiro imóvel, buscando mitigar o problema. Para saber mais sobre o programa, acesse o site da Cohapar ou procure um corretor de imóveis
credenciado.

Por Jairo Eduardo. Ele é jornalista, editor do Pitoco e assina essa coluna semanalmente no Jornal O Presente

pitoco@pitoco.com.br

 
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