
Feriados e fins de semana são os dias que mais tenho tempo. Uma cabeça cheia de ideias não tem como sossegar. Então os pensamentos e sentimentos vêm sem pedir licença, me fazendo refletir. Por eu amar os detalhes da vida, impossível não pensar sobre ela.
Tenho um grupo de amigos, muitos deles só virtuais, os quais não conheço pessoalmente, mas que com o tempo foram ocupando um espaço especial no meu coração.
Muitas vezes, acordo antes do necessário porque eu sinto como é importante cumprimentá-los, desejar um bom dia, dizer e ouvir uma palavra de encorajamento, de acolhimento ou simplesmente pra dizer: estou aqui!
Tenho recebido, ao longo do tempo, mensagens tão lindas, palavras de carinho, gente que abriu o coração, dúvidas, queixas, partilha de alegrias e tristezas, e isso me faz acreditar cada dia mais que, muitas vezes, o meu bom dia, mesmo que só através de um post, era a única mensagem que chegou para aquecer a vida e trazer esperança. Isso me enche de alegria e me faz parte de uma existência viva, de um dar e receber sem interesse pessoal, crendo na construção de vínculos positivos que sinto crescer cada dia mais.
Outro dia, depois de cumprimentar todos, pus-me a pensar em como, muitas vezes, nos queixamos tanto e esquecemos de construir vínculos, nos sentimos sozinhos, vazios, mas desconsideramos todos aqueles com quem convivemos, aqueles que amamos, que são especiais de alguma forma e mesmo aqueles que têm espaços, amor e desejam partilhar.
No imediatismo da vida e presos no egoísmo, esquecemos que a vida só acontece se a construímos, que nada nos é dado por acaso.
Vamos seguindo presos nas demandas da vida, empurrando o dia a dia de forma pesada, desesperançosos, não poupando queixas e permitindo que os vazios ocupem espaço.
Não tiramos sequer um minuto para dar bom dia, para interagir de forma positiva, mas esperamos que os outros se importem conosco, que venham deles sentimentos que sequer lembramos da necessidade de construir ou manter.
Precisamos trazer para nós a culpa do tanto faz, porque se vivermos no automático da vida nada de humanidade nos será acrescido.
Precisamos primeiro fazer a nossa parte ao invés de esperar que os outros tomem a iniciativa.
Nós sabemos quem é importante e mesmo assim esquecemos que as ligações afetivas de qualquer natureza se mantêm pela sustentação do vínculo, que relações não alimentadas tendem a definhar e morrer. Esquecemos que só cresce o que alimentamos… então, infelizmente, muitas vezes, se faz necessário o sofrimento da perda para compreendermos quem fazia a diferença.
Só pra gente pensar!
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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