
Se tem uma coisa que me preocupa é gente que arrisca tudo de qualquer jeito, que segue sem rumo vendendo “um produto” que não tem para entregar, que aproveita da fragilidade alheia para ganhar espaços. Vejo isso como um comportamento crescente. A falta de projeto de vida, de foco e o descaso com o futuro tem levado muitos a viver no automático, a manipular e serem manipulados, quando lhes convém, se permitindo viver no caos.
Gente assim não tem nada de corajosa; na maioria das vezes é sem noção e muito provável acredita não ter nada a perder.
São pessoas que se arriscam sem habilidade, capacitação, amor próprio, foco, projeto de vida, empatia, sem sequer buscar reconhecer seu lugar no mundo, vão adiante por ir, esperando que a vida lhes favoreça e traga vantagem de alguma forma.
Essas são as pessoas que causam os maiores desastres, na própria vida e na vida dos outros, porque agem pelo “achismo”.
A falta de temor faz tudo parecer muito normal, e vão, só vão, quando a vida exige um pouco de atenção, cuidado e habilitação. Vão tropeçando e levando junto aqueles que se permitem serem arrastados, pois estando à deriva, embarcam no primeiro sinal que lhes abra espaço.
Tem gente que mesmo nunca tendo andado de avião se acha capaz de pilotar, e se coloca como tal, faz parecer que nasceu comandante e consegue convidar pessoas para embarcar no voo com elas, e muitas arriscam.
É perceptível como as pessoas estão carentes de tudo, e isso faz com que acreditem em qualquer coisa que as mova, que traga um mínimo traço de identificação, é o lugar aonde precisam e devem estar.
Assim os desastres estão se potencializando, os espertos abrem espaços e os desavisados e sem rumo entram de cabeça.
Do jeito que as coisas estão se faz necessário como nunca antes que a gente aprenda a separar o que é bom e o que não, o que nos agrega e o que pode subtrair das nossas vidas da esperança e do futuro.
É urgente que deixemos de ser tão emocionados e que o primeiro discurso possa nos mover a acreditar que o que é oferecido é o que precisamos.
Precisamos de consistência, de um olhar mais apurado para a realidade, precisamos despertar do sono dos desatentos, sermos criteriosos com o futuro, fazermos escolhas que nos permitam olhar para a verdade. Só assim poderemos incluir o que é bom e excluir tudo aquilo que aponta para um futuro desastroso.
A vida dá sinais, as pessoas dão sinais, só não enxerga quem não presta atenção, quem se permite ser enganado(a) com discursos e atitudes medíocres e fora da realidade.
E as histórias desastrosas não param de acontecer, perde-se o rumo, perde-se os sonhos, perde-se o desejo de continuar. Tudo se esvazia e o futuro para no tempo como se não houvesse amanhã.
Daí a vida vira um desastre, e a culpa é de quem?
De quem deixou acontecer, de quem esqueceu que pode fazer escolhas, de quem esqueceu que se quer uma vida incrível precisa fazer acontecer.
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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