Cada pouco algo aparece nas redes sociais e os juízes de plantão, mesmo sem conhecer a verdade, mesmo sem nada saber sobre os fatos, se dão ao direito de julgar a exaustão.
Olhando para o ser humano, sinto que as palavras falam muito mais de quem acusa do que do acusado, porque encarar as próprias faltas e lidar com elas se torna um peso. Muito mais fácil se distrair apontando o erro dos outros.
Falta empatia, responsabilidade emocional e uma avaliação criteriosa dos próprios sentimentos, emoções e atitudes.
Quando se julga aquilo do qual não presenciamos, não participamos, o nosso achismo grita e deixa à mostra o nosso pior lado, aquele onde não importa a verdade, mas prevalece o desejo de despejar maldade e descarregar os próprios infortúnios.
Se cada pessoa usasse o bom senso, olhasse para si e buscasse melhorar como ser humano, enfrentasse as dificuldades e tentasse corrigir a própria rota, não sobraria tempo para apontar erro dos outros.
Hoje vemos uma necessidade urgente de preencher as faltas. Nisso está valendo qualquer atitude, mesmo que seja desastrosa.
Se ocupar com o infortúnio dos outros em rede social virou a febre do momento.
A internet virou terra de ninguém. Existem juízes para todas as instâncias, gente sem um pingo de empatia, com maldades que assassinam pessoas com palavras. Sem sequer conhecer fatos, muitos se dão ao trabalho de discutir e criar contendas horríveis.
A maior preocupação é sentir que isso é um caminho quase sem volta.
Precisamos, cada um de nós, pararmos, olharmos para o nosso interior buscando compreender de onde vem essa sede desesperadora de opinar na vida e comportamento dos outros sem qualquer critério. Precisamos buscar focar nas nossas vidas, desenvolver mais a compreensão, empatia, bondade, caridade e respeito, parar de apontar o dedo onde em nada podemos contribuir.
O mundo está cada dia mais complexo, não por conta dele, porque ele gira na velocidade de sempre, quem não está fazendo o que é preciso para criar harmonia são os humanos que perderam a rota, e retrocedem assustadoramente, voltando à pré-história e se igualando aos animais.
Triste realidade que precisamos rever, ou sucumbiremos à nossa própria sorte.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
silnn.adv@gmail.com
@silnasihgil
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