
E lá vamos nós… uma nova geração se misturando com os mais velhos em uma época clara de dificuldade de enfrentarmos frustrações.
O mundo, em sua assustadora mudança, tão repentina que sequer tivemos tempo para assimilar, vai se desenrolando sem fazer perguntas. Diante disso, não temos respostas, usamos nosso instinto de defesa e seja o que Deus quiser.
Será que não estamos em tempos de começar a refletir, nos aparelharmos e buscarmos estruturar a vida daqueles que vêm após nós?
Será que a consciência do que estamos vivendo não seria o remédio que nos coloca diante da realidade?
E lá vem a história dos bebês reborn. Esse novo está carregado de significados, de gente que vive em um automático e acredita que tudo o que sente deve ser externalizado.
Bebês reborn sempre existiram, só que em épocas diversas eles tinham outros nomes e outras configurações. Diante de conceitos de vida mais antigos, esses desalinhos eram guardados e cada um embalava o seu bebê no seu íntimo e do seu jeito.
Se observarmos com um pouco de atenção, percebemos que existem inúmeras pessoas que têm pavor de pensar em adotar um animal de estimação, têm medo de não dar conta, tristemente muitos adotam e devolvem com desculpas que nada justificam.
Uma época que se tem medo de adotar um gatinho, como seria criar um filho?
Então, para satisfazer o desejo de ter sem responsabilidade, que tal um bebê que nada exige, que nada dá e nada precisa receber?
Esse escape da vida real nos diz muito das fugas de realidade, da incapacidade de amar realmente, da falta de responsabilidade emocional e do desinteresse de enfrentar as dificuldades da vida.
Nos sentimos no direito de ficarmos pasmos, esquecendo assim da vida no nosso entorno, de nós, nossos sentimentos, pensamentos, das fugas diárias nos nossos relacionamentos, dos filhos que estamos criando, de tudo o que estamos passando adiante pelos nossos comportamentos e do que vive dentro de nós e fingimos não existir.
O nosso egoísmo está nos distanciando das pessoas, está nos blindando das emoções, e sem perceber estamos replicando isso.
A nova geração tem dificuldade de lidar com a empatia, com a afetividade, e muito mais com as frustrações. Começaram com um tablet na mão e com o mundo na ponta dos dedos, então, tudo o que não puder vir de imediato não interessa.
Estamos nos desumanizando aceleradamente, e nesse contexto a vida real deixa de fazer sentido, é mais fácil lidar com uma boneca inanimada do que ser frustrado por gente de verdade.
Triste realidade que deve nos levar a refletir, caso contrário, a vida real deixará de fazer sentido e daqui a pouco os bebês reborn serão o novo normal.
Pra gente pensar e repensar.
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
silnn.adv@gmail.com
@silnasihgil
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