Como é difícil fazer um ciumento(a) compreender que o ciúme não é cuidado, mas um sinal que damos ao outro da nossa fraqueza e da falta de autoconfiança.
Nunca vi alguém maduro emocionalmente, seguro de si, que sabe sobre a sua capacidade de conquistar, sentir ciúmes.
Quantas relações vivem um inferno existencial ou mesmo terminam sem jamais ter havido traição. Embasadas em falsas acusações e desconfianças extremas, o outro vai cansando, cansando… até que o amor adoece e ficar junto se torna insuportável.
Imagina como você se sentiria convivendo com alguém que lhe atribui culpas, alguém que desconfia de você o tempo todo, alguém que lhe cobra atitudes ilógicas, que vive lhe pressionando, tirando até a sua liberdade de pensar?
Imagina que esse sentimento cresce e que muitas vezes chega ao ponto de se tornar agressão física, além da verbal.
Conseguiu imaginar cenas dessa natureza?
Consegue ver o quanto tem de insano quando submetemos o outro aos nossos caprichos, aos nossos medos de ficarmos só, de sermos abandonados?
E o inverso, quando você se torna “vítima” de um/uma ciumento(a), quanto tem de anulação de vida em permitir que alguém lhe faça refém?
Quanto você está comprometendo do seu emocional, quanto você está permitindo que lhe roubem a paz?
Quem vive focado(a) no medo de ser traído deixa de ser feliz. Ocupa seu tempo com medos e angústias e a vida, ao invés de ser leve, se tornará um fardo.
Quem quer carregar um fardo de desconfiança em tempo integral deveria rever os próprios comportamentos e carregar esse fardo sozinho.
Ninguém tem o direito de em nome do amor buscar escravizar alguém, procurando manter como refém a mente e o corpo de quem se propõe a amar.
O amor verdadeiro cria laços, parcerias, comprometimento, e isso não precisa ser lembrado o tempo todo com cobranças. O amor verdadeiro conhece o seu espaço e pela própria essência o respeita. O que sair disso já não pode mais ser chamado de amor; é domínio, posse e distúrbio emocional.
Ciumentos(as) precisam compreender que essas atitudes jamais serão as protagonistas de uma vida equilibrada e feliz. O ciúme em excesso é prenúncio de infelicidade, de dias de angústia e “escravidão”.
Quem reconhece em si esse tipo de comportamento precisa buscar ajuda, precisa aprender a dar conta primeiro de si, tratar as suas faltas, aprender a se amar, a se autorrespeitar, a ter limites, para só depois incluir alguém na sua vida.
Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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