Quando os objetivos da vida não são claros, quando os projetos inexistem, vivemos sem um rumo real, nos perdendo de nós. Sem um destino escolhido para aportar, a vida segue, e segue no vazio e na busca sem critérios para suprir as faltas.
Esse viver por viver deixa espaços para todo tipo de pensamentos e atitudes desnecessárias se instalarem.
As redes sociais estão cheias de pessoas que postam fotos e stories expondo objetos de luxo, de marcas famosas, como se a pessoa fosse simplesmente alguém que se define pela ostentação.
O que faz com que acreditemos que expor marcas famosas e objetos de luxo possam agregar no valor pessoal?
Estamos desconsiderando os dons e valores pessoais, colocando como primeiro apelo o ter, nos permitindo desconstruir o ser?
Muito triste ver que chamar atenção desse jeito nos torna um objeto em segundo plano, nos tira o valor, indicando muito de que quando falta conteúdo é possível preencher com detalhes inúteis e desnecessários.
Não sou contra ter objetos de luxo, não é esse o contexto; importa mesmo é perceber como a humanidade está se perdendo em detalhes sem importância.
Tem gente que leva a vida sem o básico de dignidade, nada investe em cultura, conhecimento, desconsidera as relações humanas e sequer consegue criar laços afetivos, mas tem um lugar de honra para uma bolsa de marca.
O que estamos querendo preencher quando buscamos nos sustentar de aparências?
Estamos tentando tirar o foco da nossa inconsistência buscando chamar atenção para as coisas que colocamos em primeiro plano nas nossas vidas?
Nesse mundo virtual, fictício do faz de conta, nesse espaço imenso e no poder de administrá-lo como desejamos, por que não usá-lo para postar coisas saudáveis, algo que agregue, que informe, partilhas de conquistas e momentos especiais? Também os momentos de angústia e dor fazem parte de quem busca acolhimento e palavras de conforto, mas não enxergo espaço para quem só queira ostentar, mostra-se rico(a), bem-sucedido e feliz pelo ter.
Rico de verdade são aqueles se conhecem, sabem como administrar a sua vida e as suas emoções, quem valoriza cada centavo que ganha, quem respeita aqueles que vivem na simplicidade; ricos são aqueles que investem em si, aqueles que buscam uma vida de qualidade, leem, se informam, sabem o seu valor e enxergam o belo muito além das coisas materiais.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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