De quem é a culpa quando as coisas não são como deveriam ser?
Tirando certas atitudes graves e individuais, nem falamos de culpa, melhor falar da falta de equilíbrio, consciência, respeito, acolhimento, conversa e projetos.
Casais que não buscam acertar as arestas e se culpam mutuamente sem mudarem de atitude viverão uma vida desequilibrada que muito provavelmente terminará em um aturando o outro ou em separação.
Quando lembramos que ao se proporem uma vida juntos, muito provavelmente existia afetividade e o desejo de partilharem seus dias. Ninguém começa uma relação se não crê na possibilidade de dar certo.
Então, onde é que se perdem?
Se perdem na falta de diálogo, na incompreensão das diferenças, na falta de respeito, na indisponibilidade de tempo um para o outro, nas ausências emocionais, nas redes sociais, no excesso de sexualidade e falta de amor e na total falta de projeto conjunto.
Relações de pares é coisa de gente grande, de quem encara a vida com seriedade e responsabilidade. Quem não dá conta nem de si, não deveria se propor a se juntar em pares. Se faz necessário que primeiro se aprenda a ser solo para só depois ser par.
Existem certas perguntas que precisam ser respondidas, cada um para si, antes de adicionar outra pessoa para caminhar lado a lado.
Qual a razão que me faz querer alguém ao meu lado por tempo indeterminado? O amor?
Só o amor não justifica, não é elemento determinante de uma vida feliz.
Vou fazer par com alguém por que desejo ter filhos? Filho não deve vir para satisfazer pessoalmente o desejo de ser pai ou mãe. Filho é para quem entende que vai cuidar e amar um ser humano, ensinando e acompanhando para que esse novo ser seja alguém capaz de dar conta de si. Filho precisa de dedicação, amor e tempo de qualidade.
Escolho ter um par para não ficar só e ser julgado pelos outros? Isso não justifica uma relação a dois. Porque a vida pode acontecer perfeitamente com, sem e apesar de alguém.
Quero me casar para dar certo na vida? Dar certo na vida não depende de outra pessoa. É condição ligada internamente ao desejo de buscar realizar os próprios desejos e sonhos. O outro pode fazer parceria, mas jamais a parte que cabe a cada um.
Estou disposto a abdicar de certos comportamentos quando escolher o meu par e decidirmos viver a partilha da vida? Sim, essa resposta precisa ser muito clara. Viver em pares é escolher caminhar lado a lado. É uma escolha e, ao escolher por uma pessoa, todas as demais deixarão de fazer parte como pares, bem como muitos comportamentos não poderão mais ser aceitos.
Essas são só alguma perguntas básicas que precisam de uma resposta individual para que seja possível o início do sucesso de uma relação de pares.
Tudo depende das escolhas que fizermos, da responsabilidade com que encaramos a vida e do quanto estamos dispostos a investir.
Então, ser par, fazer par com alguém, vai muito além de desejo e amor; precisa responsabilidade e disponibilidade para fazer dar certo.
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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