O Presente
Silvana Nardello Nasihgil

Ingratidão é o eco de um coração vazio

calendar_month 28 de novembro de 2024
2 min de leitura

Não consigo imaginar nada mais real do que a certeza de que as pessoas realmente estão adoecendo. Com isso, levam consigo, no seu emaranhado de confusões, os de boa-fé que os acompanham.

São tantos relatos de sofrimentos emocionais experimentados por quem se doa, quem se dedica, que fica difícil compreender aonde muitas pessoas pensam chegar.

De todas as atitudes e sentimentos negativos, um dos mais doloridos é a ingratidão. Pior ainda quando ela vem das pessoas que receberam muito e daquelas que habitaram o nosso coração por amor.

Não é fácil compreender que toda a dedicação e esforço não sejam considerados, que no primeiro momento que o outro se sentir bem esquece tudo o que viveu, esquece quem segurou a sua mão, quem ouviu as suas lamúrias, quem ajudou a encontrar o caminho e quem jamais teve a intenção de o deixar pelo caminho.

Esse sentimento é de uma dor profunda e vem exatamente da frustração das nossas expectativas, de acreditarmos que o outro faria por nós o que fizemos e estamos dispostos a continuar fazendo por ele.

Esquecemos que o outro é uma outra pessoa, que a sua construção humana não é igual a nossa, que os seus valores podem ser totalmente diversos daquilo que nos construiu e que as suas prioridades podem não sermos nós.

É nessa desatenção na vida que nos entregamos e esquecemos de reservar o espaço do nosso eu, esquecemos que somos merecedores de reciprocidade e deixamos fluir.

Então, se faz necessário que aprendamos a nos amar mais, a nos priorizar, observando o que estamos doando e a quem estamos doando. De forma consciente, isso evitará sofrimentos desnecessários e desilusões.

Quando reservamos para nos um espaço de autoconfiança, quando aprendermos verdadeiramente a nos amar, nada e ninguém irá abusar da nossa boa-fé e dos nossos bons sentimentos.

Essa preservação do nosso eu não nos impedirá de fazermos algo pelos outros, mas nos colocará conscientes diante dos nossos limites e da intensidade da nossa doação.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

@silnasihgil

 
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