
Esse slogan feminista tem gerado muita discussão. Para os sensatos tem levado a refletir até aonde isso é válido ou não.
Durante os últimos dias do ano de 2024, além de festejar, tenho me atido a prestar atenção nas pessoas e ambientes e tenho presenciado absurdos dignos de espanto.
Sinceramente, muita gente perdeu o senso do ridículo, se expondo à exaustão sem mesmo saber a razão de tais comportamentos.
Meu corpo, minhas regras, seu corpo, suas regras, pode até ser válido, quando o uso do corpo seja em ambientes que não invadam a privacidade alheia e não obrigue as pessoas a esbarrar, se espremer e serem tocadas pelos tais corpos sem limites.
As festas de comemoração de final de ano foram tomadas pelos tais corpos sem regras, buscando chocar pela nudez descabida e exposição desmedida de apelos sexuais.
Isso me leva a pensar no tamanho da carência que o ser humano está vivendo, no vazio existencial que necessita gritar através de abusos para ser notado.
Tenho visto situações muito constrangedoras, onde famílias sequer encontraram espaços com o mínimo de dignidade para poderem festejar, sendo tocadas fisicamente e exprimidas contras os “meu corpo, minhas regras”.
Senti saudades, e creio que não só eu, de quando os direitos das pessoas eram respeitados, quando ninguém precisava ser submetido a absurdos, passando por constrangimentos sem sequer ter o direito de reclamar.
Se não bastassem as festividades, no aeroporto, pessoas embarcando seminuas, homens de shortinhos e camisetas regatas, mulheres de shorts decotados até a virilha, deixando metade das nádegas à mostra, bem como tops e cropeds que deixavam os seios seminus.
Um desfile de vulgaridades jamais visto. E pensar que muitas pessoas, sem escolha, precisaram dividir assentos minúsculos, num aperto danado, sendo tocados, colando em pessoas sem o mínimo de respeito.
Era visível o desconforto de muitos, pois os olhares de reprovação eram perceptíveis.
Passou da hora das pessoas lembrarem que a liberdade delas pode ir só até onde começa o direito dos outros. O direito de não serem tocados, não falo tocados visualmente, mas fisicamente, por pessoas que perderam totalmente o senso de convivência e se acham literalmente os donos do mundo.
Passou da hora de cada um rever seus comportamentos e as razões que os leva a “causar” e se perguntarem: a quem quero atingir?
Porque, convenhamos, o belo precisa de um certo mistério, e as carnes expostas perdem o encanto.
E essa é uma realidade crescente, esvaziando os sonhos, a esperança e mostrando uma falta tão grande que grita pelo exagero dos corpos seminus.
E assim entramos em 2025!
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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