Não sei se por conta das redes sociais, mas hoje tudo chega até nós em uma velocidade fora do controle; se realmente o mundo e as pessoas estão confusas e desesperançosas. São tantas notícias horríveis, tantas coisas estranhas e fora do controle que muitos vivem, só vivem, sem se preocupar em existir.
Em tudo se observa um descompasso assustador: família, trabalho, religião, política… tudo o que deveria dar sentido à vida está se perdendo, se desfazendo, sem que se encontre tempo de organizar.
Diante de tantas queixas, de tanta falta de atitudes, de coragem para enfrentar a vida e ressignificar o que é preciso, olho para a existência e me pergunto: na ânsia do ter, será que o ser humano esqueceu de ser?
A urgência de tudo nos leva a construir uma vida aos trancos e barrancos, sem muita reflexão, sem muito foco, deixando tudo acontecer sem pensar nas consequências.
Estamos seguindo sem projeto como se o futuro fosse hoje. Isso tem embaralhado os dias de tal forma que, muitas vezes, deixamos de fazer o que é necessário, seguindo pelo caminho mais imediatista mesmo sem esperar qualquer resultado.
Diante do modo como estamos conduzindo a existência, vemos resultados desastrosos, carregados de insegurança, medos e angústia sem fim.
Será que já não passou da hora de termos projetos claros para as nossas vidas?
Quando sabemos para onde queremos ir, podemos escolher os caminhos e quem irá nos acompanhar. Buscaremos então as melhores estratégias e conseguiremos ajustar o nosso gps. Assim, focados no presente e no futuro, será possível traçar metas e errar muito menos.
Será que estamos com preguiça de ser feliz?
Numa época em que muito já vem pronto, estamos negligenciando muitas coisas. Esquecemos que o trabalho se vence com excelência, que os pares permanecem por aquilo que nos empenhamos, que os filhos serão saudáveis psicologicamente e emocionalmente quando nos dedicamos e ensinamos, que a fé se multiplica quando praticada, que os amigos permanecem pela reciprocidade… estamos deixando de nos esforçar pelo que realmente importa e sofremos quando a vida não acontece como desejamos.
A vida não vem pronta e embalada pra presente, ela nos é dada e todos os dias e vem cheia de possibilidades de coisas incríveis (para quem se importa em enxergar). Agora, se não fizermos sequer a nossa parte, estamos esperando que quem venha fazer?
Precisamos com urgência parar essa loucura de viver no automático e buscarmos olhar para a vida como um presente diário. Precisamos escolher entre buscar construir dias que reflitam paz, harmonia, segurança, tranquilidade e que tenham elementos para um futuro melhor, ou deixar como está, sem a menor chance de queixas.
Cada qual pode mudar o rumo, ajustar o gps e construir o futuro com dedicação e zelo ou, ao contrário disso, deixar o pessimismo e a preguiça tomarem conta, enquanto se usa o tempo com futilidades, deixando o vida tomar o rumo que desejar.
Não podemos esquecer que a esperança vem de uma vida organizada, focada, onde o tempo é gasto com propósito. Só assim trocaremos as queixas por novos rumos, onde, sem dúvida, a vida terá mais sentido e a esperança poderá enfim ser uma espera com possibilidades reais.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
silnn.adv@gmail.com
@silnasihgil
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