
Muitas vezes, caminhamos pela vida como se estivéssemos a passeio. Escolhemos fazer só o que nos interessa e sequer lembramos daqueles que caminham ao nosso lado.
Observamos a “vida perfeita” dos outros e traçamos comparativos com aquilo que vivemos. Passamos a desejar tudo o que está em outro endereço e nos distanciamos da nossa realidade.
Nesse focar no outro vamos embaçando o viver, vamos olhando para os nossos pares e permitindo que a mesmice do dia a dia nos confunda e faça perder o brilho.
Com o tempo, a falta de cuidado com o outro se torna desinteresse e no momento seguinte, mesmo sem perceber, passamos a contabilizar críticas, adicionando atitudes e palavras ácidas até em detalhes insignificantes.
Isso vem muito de encontro com os desejos secretos ancorados na vida dos outros e em sonhos que a imaturidade embala.
Quando temos um par e escolhemos nos dedicar a essa relação, quando com maturidade assumimos o nosso lugar ao lado do outro, os sentimentos e atitudes serão de construção e jamais de abandono e desinteresse.
Porque quando o desinteresse se instala, a admiração vai junto com ele. Isso é o caminho exato para um distanciamento gradual em que o conviver com o tempo se tornará insustentável.
Então, eu pergunto, e pergunto com muita frequência: você já pensou que está abandonando seu par quando você não consegue dizer bom dia, mandar um recado fofo, construir projetos, fazer surpresas agradáveis, olhar com ternura, abraçar, acolher, usar palavras carinhosas?
E essa pergunta normalmente fica sem resposta e se encaminha para o refletir.
A resposta silenciosa deveria ser: se eu quero uma relação cheia de afeto, de respeito, partilha, escuta, acolhimento, sexo ardente e amor, preciso ser quem toma essas atitudes, preciso parar de esperar do outro e me queixar daquilo que me tornei incapaz de oferecer.
Pra gente pensar!
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
silnn.adv@gmail.com
@silnasihgil
