O Presente
Silvana Nardello Nasihgil

O imediatismo deixa as preciosidades para trás

calendar_month 18 de julho de 2024
4 min de leitura

Lá vamos nós para mais um dia, e que seja um dia em que a gente possa repensar as nossas vidas.

O que estamos fazendo com as inúmeras possibilidades que nos são ofertadas?

Estamos usando o tempo para lamentar ou para tomarmos consciência de que tudo aquilo que não for bom pode ser mudado?

Sem dúvida, todos nós somos amados por alguém e, muitas vezes, sequer nos damos conta disso. O mundo está com pressa e nos permitimos nos enrolarmos nessa confusão toda; absorvemos o imediatismo e com isso vamos perdendo as preciosidades, aquilo que tem um grande potencial de nos trazer bem-estar e felicidade.

Vivemos, muitas vezes, rodeados de gente e sequer as conhecemos. Muitas vezes, sabemos mais da vida dos outros do que da nossa e da nossa família.

Casais se perdendo em banalidades; filhos dispersos que encontram em seus quartos o espaço que deveria ser de acolhimento, partilha e amor.

Então a vida vai se desconfigurando, vamos perdendo a essência e quando nos damos conta sobra o celular para buscarmos preencher os vazios.

A vida pode ser muito diferente se entendermos que ela passa muito rápido, que o tempo precisa ser usado em favor do direito que temos de ser feliz.

De nada adianta lamentarmos quando deixamos para os outros a obrigação de fazer as mudanças. Precisamos parar, olharmos para nós e para todos que partilham a vida conosco e buscarmos fazer a nossa parte, permitindo-se ser ponte ao invés de muros intransponíveis, onde o individualismo vem imperando.

Num tempo não muito distante as famílias se pertenciam, existiam projetos em comum, momentos de conversas, iam juntos à igreja, a festas, se reuniam, os pais exerciam o seu papel e os filhos eram parte importante a ser guiada.

Hoje, infelizmente a inteligência emocional está em desuso. Achamos que tudo é direito, e, muitas vezes, por preguiça deixamos a vida acontecer como vier. Muito tem se justificado no absurdo de cada um precisa fazer seu caminho e ter as suas próprias experiências.

Aí eu pergunto: como uma criança ou adolescente tem condições de viver suas experiências se sequer sabe de si e conhece o espaço em que vive?

Como um casal pensa em seguir unido se mal se olha e cada um tem o seu mundo particular?

Está faltando tempo de qualidade, espaço saudável de convivência, partilha, atenção e amor. Sim, está faltando amor, porque amar não vem só da palavra. Dizer eu amo você qualquer um é capaz, mas o amor se valida pelas atitudes, pelo cuidado, atenção, grau de importância e pelo tempo de qualidade.

Aquela frase de que cresce aquilo que alimentamos nunca foi tão verdadeira se aplicada às relações familiares. Porque uma vida harmônica e feliz não nasce do nada, no descaso, no abandono emocional, na falta de atenção e cuidado. Uma vida feliz tem critérios a serem observados.

Pode ser que, muitas vezes, a gente tenha a impressão de estar fazendo o que é certo, só a impressão, porque ao olharmos com mais profundidade as construções afetivas, logo perceberemos os espaços vazios que vêm se potencializado.

Vocês podem até achar estranho, mas existem pessoas que nessa confusão toda buscam em amigos imaginários aquilo que não conseguem ter, vivem na esperança de serem vistas e amadas como deveriam, fechando-se e adoecendo.

Diante dessa triste realidade, passou da hora de buscarmos um direcionamento, um novo recomeço, uma nova construção.

Sempre é tempo de recomeçar, de fazer o que é preciso e de encontrar diante do tanto disponível o caminho certo a seguir. Sempre é e será tempo de deixar o lamento e tomar atitudes positivas, de mudar o que está bagunçado e fazer uma nova história.

Que a gente aprenda a parar, observar, avaliar e nunca esquecer que as mudanças que desejamos começam por nós.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

@silnasihgil

 
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