O Presente
Silvana Nardello Nasihgil

Os detalhes que unem são também os detalhes que separam

calendar_month 27 de fevereiro de 2025
3 min de leitura

Raramente iremos encontrar alguém que não tenha o sonho de construir a sua família. Baseado nos moldes que foi criado(a) ou para que seja diferente de tudo o que viveu e não aprovou.

E num mundo tão imenso lá vamos nós em busca de alguém que, como nós, deseja ser par.

É extremamente comum que esse sonho esteja embasado no desejo e na fantasia, esquecendo-se das responsabilidades e de todo o comprometimento que precisarão estar envolvidos para que esse sonho não se torne um pesadelo.

Precisamos lembrar que a família começa no momento que dois se unem, não porque irão dividir uma casa, mas porque o fazem com a ideia de futuro.

Esse futuro não é conversado, não se constrói projetos em comum, normalmente o projeto começa e termina na montagem da casa e no desejo de um dia ter filhos… e ponto!

E… bora viver no automático, permitindo que o desgaste do dia a dia engula o propósito.

Os dias vão se passando e o que a princípio era um sonho acaba se desgastando, todos os dias tudo muito igual, se arrastando sem que nenhum decida tomar atitudes positivas. Amorna, azeda e dúvidas começam a surgir: será que ainda existe amor?

Essa dúvida jamais precisaria existir quando se forma par por amor e se compreende que para dividirmos a vida com alguém precisamos estar atentos e vigilantes. Porque são os detalhes que nos unem e são também os detalhes que nos separam.

Os outros, o trabalho, interesses individuais e o celular começam ser a companhia e o centro de satisfação. Nesse emaranhado se perde o foco, o par começa a ser só o outro e começa deixar de ser par. Não se conversa mais, não se pergunta nada, não se partilha nada, se esquece de agradar, de surpreender, de querer saber como o outro está e de buscar trazê-lo(a) para perto… as distâncias vão se instalando e muros vão sendo construídos.

Chega uma hora que se faz sexo por necessidade fisiológica, não se namora mais, não tem mais carinhos e nem carícias, não se sabe nada ou quase nada um do outro.

Mesmo diante desse quadro desolador, ainda dá pra achar que o tal futuro irá existir?

Nesse automático da vida, ele poderá existir na contagem dos dias, mas irá certamente se extinguir em felicidade e bem-estar.

Isso não tem nada a ver com adivinhação ou pessimismo, tem tudo a ver com uma realidade triste que muitos insistem em deixar acontecer.

A felicidade não vem pronta e não se compra em potes, ela existe do desejo de fazer a vida dar certo, do empenho e comprometimento, onde dois que decidem ser par não soltam da mão do outro em momento algum.

Quem decide ser par precisa abdicar da vida solo, precisar focar no propósito, construir possibilidades, criar parcerias, andar lado a lado, conversar, questionar, cuidar, observar as necessidades do outro, ser colo, abrigo, ouvir, ter disponibilidade para acolher e desejo de fazer dar certo. Dois que se unem e têm isso como meta serão pares, serão família e serão felizes.

Pra gente pensar!

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

@silnasihgil

 
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