Minha psicóloga disse e eu repito: a gente precisa aprender a se amar antes de tudo e acima de tudo. Parar de ficar outorgando procuração para que outras pessoas possam ferir o nosso viver como bem quiserem.
Na contabilidade da vida e nas relações, é preciso que as operações de adição e multiplicação superem potencialmente as de subtração e divisão.
Não dá para ser feliz quando por carência aceitamos qualquer tipo de relacionamento, qualquer gesto de tanto faz e ainda, cegos pelo desejo de sermos amados, procuramos um fragmento de amor onde não existe.
Quando alguém nos rouba a dignidade, os desejos e os sonhos, ficamos feito espectador vendo a vida acontecer sem atitude alguma, permitindo que chegue e tome posse do nosso existir pessoas do tipo: sentei aqui na sua vida só para dar um tempo.
Em um mundo onde o amor está tão em falta, onde a consideração está perdendo o sentido, aceitar qualquer coisa por medo da solidão é inaceitável. Infinitamente é mais saudável estar só e saber que tem que contar consigo do que esperar por aquilo que nunca virá.
Então, concluo que está faltando amor próprio, está faltando conhecer o próprio valor e saber que se alguém não consegue ver isso na gente, cabe a nós descobrirmos os nossos tesouros sem esperar que alguém enxergue isso antes de nós.
Sempre que nos colocamos na mão de alguém, damos a essa pessoa o poder de conduzir a nossa vida. Se essa pessoa não tiver interesse, o que parecia sem sentido se tornará um caos.
É importante buscar lembrar que antes de alguém entrar em nossas vidas já existia vida, já fomos felizes, tivemos dias incríveis, esperança e infindáveis coisas boas. Se alguém entrar para nos fazer esquecer isso, simplesmente essa pessoa não tem razão para permanecer. Porque quem entrar para ficar precisa nos fazer acreditar todos os dias que é possível ter e ser muito mais do que já fomos.
Muitas vezes, o que se faz necessário é tirar um tempo para si, buscar descobrir realmente a própria essência, se conhecer mais e compreender os próprios limites. Esse processo é feito em “carreira solo” em um tempo de reflexão e de auto amor.
Emendando uma relação com a outra, as chances de repetir os mesmos comportamentos são imensas e dos mesmos sofrimentos também.
“Para ver a ilha é preciso se afastar dela”. Isso diz muito sobre como podemos nos enxergar.
Evitamos muito sofrimento quando aprendemos a nos amar, quando desconsideramos a carência e fazemos escolhas conscientes. Assim, e só assim, compreenderemos que é possível viver com, sem e apesar de alguém.
Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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