O Presente
Silvana Nardello Nasihgil

Pegue a caneta da vida e escreva a sua história

calendar_month 6 de março de 2025
4 min de leitura

Hoje eu quero refletir com vocês sobre a solidão, não o estar só, mas o sentir-se vazio e sem esperanças.

Vivemos uma época em que tudo nos é exigido à exaustão. Somos muito mais uma “máquina” de ser e fazer do que seres humanos com necessidades emocionais.

Vamos construindo uma vida baseada nas nossas necessidades materiais e quando nos damos conta, o “furo” da carência criou um rombo no nosso existir.

São tantas queixas, tanta gente sofrendo pela falta, pela incompreensão, grosserias, mau humor, falta de respeito, falta de escuta, faltas de toda natureza, e a pior delas, falta de amor.

Então, algo não está acontecendo dentro de nós como deveria ser, deixamos de olhar para dentro, e passamos a permitir que entrem sem se anunciar quem quiser usar da nossa “casa” e fazer morada.

Creditamos aos outros que chegam sem critérios o dever de nos fazer feliz. Assim estamos permitindo que outras pessoas sejam a nossa porta de entrada para a felicidade, dando poder à elas de gerir as nossas vidas ao seu bel prazer. Esquecemos que as outras pessoas falham, elas também têm necessidades e nesse desencontro podemos ter necessidades diferentes. Na ânsia de sermos felizes esquecemos de perguntar a respeito e permitimos que cheguem sem nada questionar.

Não dá para esquecer que nem todos que chegam até nós vêm para suprir o nosso ideal de vida, que as pessoas não entram nas nossas vidas para nos fazer feliz, elas também, na maioria das vezes, estão buscando alguém que possa lhes dar o que procuram.

Então, ao invés de criarmos um mundo de compreensão, acolhimento, escuta e falas, criamos um mundo de exigências, onde colocamos no colo do outro o dever de nos completar como pessoas.

O que a gente normalmente esquece é que somos inteiros e que dentro de nós moram todas as possibilidades de fazermos escolhas, que essas escolhas precisam da nossa consciência do existir, pois só assim poderemos viver aquilo que desejamos viver.

E o outro? O outro chega, e ao permitirmos que nos mova, precisamos lembrar que para construirmos uma relação se faz necessário buscar compreendê-lo na sua grandeza e nas suas limitações. Não dá para permitirmos que cheguem carentes, doentes, necessitados, sem sequer termos noção disso. Precisamos olhar com cautela, olhar o humano além das nossas fantasias. Só depois disso é que vamos saber se ele/ela cabe na nossa vida ou não.

Nem todo mundo cabe na nossa vida, a gente precisa trabalhar a nossa seletividade emocional para permitir que se achegue somente quem tiver o que oferecer.

Muita gente vive uma vida de sofrimentos infindáveis e quando avalia o seu existir percebe que permitiu pessoas tóxicas, gente complicada e humanos que precisam se ancorar para viver, sem nada ou quase nada para oferecer e partilhar.

Nós não podemos viver e sermos felizes se nos colocarmos na vida como recicladores de lixo; esse não é o nosso papel na vida de ninguém. Estamos na vida como engenheiros, com toda a capacidade de construirmos o novo, refazer todos os dias aquilo que somos sem precisarmos adicionar peças quebradas que irão disfuncionar muito mais do que consertar.

Precisamos de um olhar mais focado e refinado no nosso existir, desenvolvendo o amor próprio, tomando consciência de que merecemos o melhor. Isso nos fará donos das nossas escolhas e nos trará condições de vermos os lixos que teimam em se acumular nas portas do nosso existir.

Assim poderemos reconhecer o que não nos acrescerá e tomarmos consciência de que esses lixos precisam ser varridos pra longe. Só assim as portas se abrirão para uma vida plena, onde teremos capacidade de reconhecer as pessoas boas, de alma leve e com desejos de vir fazer conosco parcerias saudáveis e construtivas.

A felicidade não está em um par, a felicidade mora dentro de nós, nas nossas escolhas, num olhar para o que somos, no amor que dedicamos ao nosso corpo, à nossa alma, nos valores, naquilo que realmente importa, no fato de não esquecemos quem somos em um mundo com infindáveis razões para nos sentirmos felizes e capazes.

Só quando realmente nos conhecermos e nos amarmos intensamente a vida fará sentido. Então chega a hora de nos permitirmos pegar a caneta da vida e escrevermos a nossa história.

Porque a gente pode, sim, a gente pode e deve escolher ser feliz!

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

@silnasihgil

 
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