
Precisamos mais do que nunca falar sobre os perigos que a vida oferece como um banquete atrativo. Esses perigos chegam se vestindo de oportunidade atrativa, onde cada um pode ser o que quiser ser. Nessa confusão com a nova configuração permissiva, as pessoas estão experimentando de tudo ou quase tudo.
Muitas tragédias que vêm acontecendo poderiam ser evitadas se fizéssemos o caminho mais seguro e menos imediatista.
Infelizmente, hoje uma grande parcela das pessoas se conhece pelo sexo e se valoriza pela aparência, sem qualquer outro critério.
Nesse contexto, ao invés de criarem laços afetivos, exercitando o auto amor e autorrespeito, constroem uma história de destruição e tragédias, típicas de mentes vazias e corações carentes.
Vivemos um período complexo e extremamente permissivo. Tudo vem pelo desejo e se acaba nele. Não são poucas as pessoas que justificam as inúmeras aventuras no fato de não estarem prontos para sofrer, então, viver sem envolvimento emocional dá a falsa impressão de estarem seguros no mundo dos sentimentos.
Os aplicativos de relacionamento funcionam para apresentar as pessoas. Sem saber absolutamente nada um do outro, a não ser o que seja interessante ser apresentado, o sexo vem em primeiro lugar.
O desejo e a satisfação sexual têm sido a maior fonte de sofrimentos emocional e físico, inclusive, pois é da natureza humana sermos cuidados, amados e acolhidos.
Muitas pessoas se permitem um envolvimento sem critério algum, experimentando situações jamais imaginadas, prestando-se a satisfazer as perversões dos outros, onde são apresentados(as) aos mais diversos fetiches. Nesse mundo desconhecido e escravizante, sofrem abusos de toda a natureza, cedendo mesmo que experimentem um sofrimento sem-fim.
Nesse mundo de atração e sexualidade, a gente só fica sabendo quando acontece algo muito grave, porque os abusos vividos em quatro paredes, na maioria das vezes, não são denunciados e sequer confessados.
Tenho certeza que vocês não têm noção clara sobre as perversões, sobre quantas práticas existem e quantas pessoas são adeptas a esse “mundo”. E eu digo a vocês: isso é infinitamente maior do que vocês sequer conseguem imaginar.
Diante dessa verdade sem muita divulgação estão os menos avisados e de boa-fé, os que estão carentes e com necessidade de serem admirados, os que sentem necessidade de serem desejados, os que se amam pouco, os que não se reconhecem como merecedores de amor e respeito. Estão também os que usam os espaços dados, os que exercitam as suas perversões sem pedir licença, usando os espaços ofertados, estão os emocionalmente perturbados, aqueles que não conhecem o amor e gente que tem como meta satisfazer seus fetiches a qualquer preço.
Então, já passou da hora de prestarmos atenção para onde tudo isso está levando a humanidade. Estamos em 2023 e desaprendemos sobre relacionamentos saudáveis e sobre o amor. Nem com toda essa liberdade que temos foi possível aprender sobre sexo e sexualidade saudável e de qualidade; pelo contrário, o sexo se tornou um caminho rápido para provar o quanto se é especial e atraente, nada além.
O medo de se comprometer avaliza qualquer tipo de atitude como possível. Não ter o dia seguinte move cada um a ser do seu jeito e os espaços abertos convidam cada vez mais o uso e abuso uns dos outros.
Para pensar!
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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