Não sei o que está acontecendo com o mundo. Alguns séculos se passaram, tecnologia desafiando a inteligência, enquanto o homem incansavelmente vai experimentando e se lançando em coisas que fica difícil para nós, pobres mortais, acreditarmos. O mundo girando sem trégua, nisso começo a pensar que esse movimento incessante deve estar mexendo com a mente de muita gente.
Desde que eu me lembre, não tenho registro na memória de uma época em que as pessoas vão envelhecendo e a maturidade decrescendo.
Será que isso hoje está tão evidente por conta do mundo virtual, onde se expõe tudo sem critérios?
Dificuldades a humanidade enfrenta desde Adão e Eva, e isso tem muito a ver com os enfrentamentos necessários diante da fragilidade humana. Agora, essa história de falta de critérios, creio que seja um escolha.
As pessoas têm 30, 40, 50, 60 anos e muitos continuam com atitudes infantilizadas. Precisam contar para todo mundo tudo o que fazem. Têm como hábito descrever e expor todo tipo de bobagens. Perdem os critérios e esquecem de colocar um filtro na vida. Não acrescem aos seus e emporcalham o mundo. É muito bate-boca e mimimi desnecessários e desrespeitosos. É muito de nada.
E assim lá vamos nós usando a liberdade de expor até a alma, desconstruindo o que realmente importa, o direito de preservar a intimidade e crescer.
Hoje pais perderam a noção da sua responsabilidade, mães que colocam sua realização pessoal num mundo paralelo, vivendo carreira solo, usando a liberdade como fonte de justificativa. Filhos que mal sabem o próprio endereço, e quando sabem acreditam que a única peça da casa é o seu quarto. Gente que vive e convive disputando espaço e poder, tentando se fazer ouvir como únicos detentores soberanos da razão, empurrando aos gritos descontrolados e palavras esdrúxulas a vida e todos pela frente. Em atitudes quase insanas, agem sem racionalizar, talvez buscando resolver aquilo que mexe com a sua alma, sua autoestima, mágoas e rancores adquiridos pela sua história de vida ao longo dos seus dias.
Responsabilidade emocional está cada dia mais em falta. As vidas estão correndo baseadas no interesse pessoal, como se cada pessoa fosse única, esquecendo por completo a condição e as relações interpessoais.
Respeito é uma palavra da língua portuguesa pouco utilizada na prática, porque na modalidade “cada um por si” o desejo de se dar bem vem em primeiro lugar.
Não importam mais as promessas feitas, os compromissos assumidos. Muito disso são só coisas de momento, e na vida dos individualistas são passíveis de mudanças assim que aparecer o próximo interesse. Tudo vai depender de onde estiver o interesse maior.
O amor, o que falar dele? Uma grande parcela das pessoas ama intensamente num período de horas ou poucos dias. Esse amor comumente declarado aos quatro cantos do mundo, ao menor descompasso, perde a velocidade e o encanto, em pouco tempo abre espaço para o próximo. E tudo se repete… próximo, próximo e próximo… sem maturidade e responsabilidade.
E então… onde foi que perdemos o direito e a necessidade de amadurecemos? Onde foi que decidimos fazer tudo o que der na “telha” como se fôssemos únicos, cheio de direitos e livres para agir?
Está cada vez mais complicado! É preciso se permitir amadurecer para olhar a vida com responsabilidade.
É preciso repensar muitas coisas, porque a gente não pode esquecer quem somos, o que viemos fazer no mundo e muito menos esquecermos de que não estamos sós. Quem nos acompanha nessa caminhada merece o nosso comprometimento, o nosso respeito e o melhor de nós.
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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