O Presente
Silvana Nardello Nasihgil

Pessoas estão adoecendo em nome do “importante é ser feliz”

calendar_month 25 de abril de 2024
3 min de leitura

Sem dúvida, vocês já devem ter ouvido isso: cada um faz o que quiser da sua vida, ou, importante é ser feliz.

A gente tem ouvido tanto isso que essas frases vêm normalizando a falta de responsabilidade emocional, a falta de respeito, de dignidade e a falta de inúmeros valores necessários para que um ser humano possa ter uma vida digna, feliz e harmônica.

Mesmo que cada um possa fazer o que quiser da sua vida, mesmo que o que importa seja ser feliz, não tem como não refletirmos sobre os absurdos que as pessoas estão se permitindo.

Muitos pares não estão mais se importando em fazer da vida familiar um inferno. Os filhos, os que deveriam ser protegidos e respeitados, mesmo sem ter nada a ver com as insandices dos seus pais, são os que pagam o preço mais alto.

Quando falamos em separação, muitos são os que sequer saem da relação já embarcados ou embarcando em uma nova história sem ou quase sem intervalo, submetendo os filhos a conviverem com a nova configuração da vida, sem uma conversa séria, decente e com argumentos sólidos, sem explicação alguma, como se eles tivessem que aceitar e encarar com a mesma normalidade com que os adultos sem juízo veem seu direito de “ser feliz.”

Importante é ser feliz? Pagando qual preço pra isso? Diminuindo, humilhando, agindo como ser único no mundo, crendo que o “direito” de ser feliz pode acontecer sem que nada mais importe além do desejo e do devastador amor?

Tão triste ver como as pessoas se importam pouco com os sentimentos dos outros, usando um egoísmo absurdo para ser “feliz” a qualquer preço, se alimentando de fantasias e trocando de pares como se troca um calçado que deixou de estar na moda.

Não que as pessoas precisam viver e partilhar a vida quando a relação se torna insustentável, não é esse o foco dessa reflexão. Existem muitas pessoas que não foram feitas para viver em pares e outras que não conseguem se adaptar ao parceiro(a). Isso existe e sempre existirá. Quando for insustentável, é preciso saber agir sem acreditar que pode sair destruindo tudo e todos pra conseguir os objetivos.

Precisamos repensar as relações, saber que em uma relação de pares tem dois lados, que em uma relação familiar existem também os que nunca foram consultados se queriam estar na história ou não, os filhos.

Todos precisam ser respeitados, PRECISAM! Não é uma questão de opção, é uma obrigação, questão de humanidade, de dignidade, responsabilidade emocional, psicológica, mental e física.

Tudo isso? Simmm! Tudo isso e muito mais, porque muitas pessoas estão adoecendo seriamente por causa dos outros, das “loucuras” que se faz em nome do: importante é ser feliz.

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

@silnasihgil

 
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