O Presente
Silvana Nardello Nasihgil

Por que os casamentos antigamente duravam mais?

calendar_month 6 de julho de 2023
4 min de leitura

Dias atrás, li uma pergunta em uma rede social: por que os casamentos antigamente duravam mais? Tinha mais de cinco mil comentários e eu, por curiosidade, li muitos deles. Fiquei pasma com o tanto de mulheres que diziam: antigamente éramos consideradas escravas e precisávamos aceitar tudo. Nesse segmento, tinha discurso de toda a natureza, sobre sermos guerreiras e empoderadas.

Pensei, repensei e, diante de tudo o que já estudei, das minhas experiências e das pessoas com quem convivo, eu discordei sem reservas.

Antigamente, falo então da geração da minha mãe, que acompanhei, não identifiquei escravidão, submissão cega e sofrimento sem-fim. Identifiquei muito mais mulheres que se comprometiam com seus parceiro, que geravam seu filhos e os educavam com amor, presença, escuta, ensinando os valores de uma família que sabia se pertencer.

Olhei, então, para os tempos atuais e sinto que a modernidade que deveria vir para nos facilitar a vida, tem vindo como fator extremamente complicante. Porque ao fazermos mais uso de tudo o que temos, estamos tornando a vida familiar um desastre.

A gente tem esquecido por completo que para nos mantermos em pares e termos uma família saudável emocionalmente e psicologicamente precisamos investir nos bons sentimentos e atitudes todos os dias.

Alguns dirão: a vida hoje tem outra configuração e o tempo está reduzido.

A vida no sentido emocional e de convivência continua tendo as mesmas exigências de mil anos atrás. É preciso comprometimento, acolhimento, respeito, escuta, espaço para falar de si e do contexto. Não deixamos de ser humanos porque o tempo avançou, pelo contrário, cada dia precisamos de mais foco para não nos perdermos.

Não são poucas as oportunidade para nos perdemos nos caminhos. O tempo todo temos indicações de como nos desviarmos daquilo que deveria ser os nossos objetivos. Quando percebemos, por falha nossa, o que poderia ser lindo, já de perdeu.

Investimos na beleza física exaustivamente, como se essa fosse a razão que salva e torna as relações interessantes e duradouras. Investimos as nossas energias em tantas coisas inúteis enquanto vamos nos afastando do principal.

Pergunto aos pares, para que cada um(uma) pense individualmente: você busca todos os dias dar importância ao outro como se o(a) tivesse conhecido ontem?

Você ainda busca agradá-lo (la) fazendo surpresas, mandando mensagem, falando de amor e sustentando a relação com atitudes positivas?

Se a resposta for não, é preciso rever como se está conduzindo a relação. Esse espaço deixado no vácuo é um lugar de honra para quem quiser chegar e bagunçar a vida.

Os espaços vazios tendem a buscar por algo ou alguém que os preencha. Então, chega alguém sem rumo e ancora ao lado. Seja quem for, só servirá para que se percam os critérios de pares e família, e os valores serão trocados por impulsos de sentir as necessidades básicas preenchidas.

Se deixarmos espaços livres, sem perceber, em pouco tempo os afetos são direcionados para alguém que vem para tirar a paz e desconstruir todo o projeto de vida. Sem consciência logo se está gastando todas as energias em uma fantasia com poder de destruir não só as relações mas a família como um todo.

Aí eu pergunto: se os pares investissem uns nos outros diariamente como investem em intrusos que nada querem mesmo que muito ofereçam, será que não poderíamos ter relações qur durariam para sempre?

E só consigo enxergar que casamentos, de antigamente ou de agora, só sobrevivem se os dois olharem um para o outro, se respeitarem e valorizarem. Isso tudo vai muito além do amor, está ligado ao desejo de querer fazer dar certo.

Para a gente pensar!

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)

silnn.adv@gmail.com

 
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