Um dia, talvez sem uma razão específica, sem que a gente consiga explicar, “tropeça” em alguém, parecendo coisa de filme, os olhos brilham, a mente se perturba, o coração acelera, vem o friozinho na barriga e arrepios tomam conta do corpo todo.
Do outro lado está alguém que sente as mesmas coisas e, então, como se diz hoje em dia, deu match!
O mundo parece ganhar cor, a vida ganha um novo sentido e nada mais abala. O desejo constante de estar junto vai crescendo, tomando forma, já sem imaginar a vida sem o outro, se tornam pares.
Esse processo é tão lindo, tão incrível que a sensação é que será pra vida toda.
Muitos nessa crença de vida toda, em pouco tempo passam a se descuidarem um do outro, e o que era lindo e recheado de esperança perde a cor e tudo desmorona.
Diante disso, precisamos nos questionar: por que um relacionamento onde tudo parecia perfeito, onde tudo se encaixava, com o tempo vai se desconstruindo, vai desinteressando até acabar?
Nessas horas se faz necessário visitar as nossas atitudes e buscar perceber onde foi que tudo se perdeu.
Insisto em crer que o amor se perde no abandono emocional, no tanto faz, na sensação de que o outro “está ganho”, no comodismo e na certeza equivocada de que aquilo que se conquista será pra vida toda.
Quando conquistamos o coração de alguém, aí é que está só começando, daí em diante que se faz necessário cada vez mais o comprometimento, envolvimento, a disponibilidade de ouvir, acolher e desejo de fazer dar certo.
Na sensação de “vida toda” as pessoas se perdem, direcionam suas energias e sentimentos muitas vezes focando unicamente no projeto pessoal. Então tudo lá fora importa: o trabalho, internet, redes sociais, academia, procedimentos estéticos, amigos… e portas vão se abrindo para os outros e consequentemente se fechando para o par.
Eu só queria saber uma coisa: quem foi que disse ou onde está escrito que um par deveria sentir o mesmo “frio na barriga” a vida toda?
O amor de verdade precisa se acomodar, se torna um sentimento onde a maturidade emocional trará a segurança necessária para seguir. A relação precisa se tornar um porto seguro onde se trocam as incertezas pelo comprometimento, onde se estabelece uma relação de maturidade, segurança, confiança e amor.
Sim, a paixão precisa se acomodar e a sua evolução se tornar amor, porque uma relação de amor real deixa as fantasias de lado e busca crescer, evoluir lado a lado, olhando constantemente um para o outro, cuidando um do outro, amparando-se mutuamente, sendo abrigo, colo, construindo sonhos e projetos em comum e todos os dias alinhando os passos na mesma direção.
Quando não se compreende a relação como compromisso, os olhares se desviam e com ele todos os sentimentos. Atentos ao que vem de fora, “a grama do vizinho” pode parecer mais verdinha, então tudo tende a desmoronar.
Se isso acontecer, não culpe o outro, busque saber onde foi que você se perdeu, que portas abriram, que faltas está buscando preencher. Use a sua maturidade e retorne, olhe para o seu par com atenção, relembre o que te fez querer estar junto, como foram os dias em que haviam promessas, sonhos em comum, desejo e todos os bons sentimentos que os trouxeram até aqui.
Olhe o outro com os olhos do amor, tire um tempo para conversar, para abrir o coração, conversem sobre o que permitiram que se perdesse e busquem ajustar a rota.
Se os desencontros não forem levados a sério, se não existir comprometimento com a relação, cada qual, mesmo junto, começará uma caminhada solo e quando perceberem o que tinha tudo pra dar certo, ruirá.
Este é o ponto que se não levado a sério, por mais íntimos que tenham sido, a desatenção os tornará meros desconhecidos.
Pra pensar!

Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
silnn.adv@gmail.com
@silnasihgil
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