Que dificuldade temos em reconhecer quando somos nós os falhos em uma relação?
No padrão humano básico das relações, cada qual tem a certeza de estar certo. Todos os erros e defeitos são normalmente debitados na conta do outro. Porque quando se crê ser o outro o responsável pelo desconforto que se vive, facilmente se tem a sensação de estar isento de culpa.
Quantas vezes paramos um pouco que seja para analisar as nossas atitudes? Até quanto aquilo que vivemos e muito do que nos queixamos tem a nossa omissão, a nossa teimosia e o nosso tanto faz?
Antes de culpar o outro seria muito pertinente avaliarmos a nossa participação no desastre que vivemos.
Quando se deseja viver uma relação madura com o intuito de crescer como pares ou como família, buscar a compreensão da realidade é uma das partes mais importantes do processo.
Sem se deixar dominar pelo vitimismo, muitas vezes é preciso coragem para reconhecer e aceitar que somos colaboradores ativos(as) na desconstrução que vivemos.
Se o desejo for de acertar, precisamos nos despir das certezas que nos “santificam”, reconhecer onde estamos errando, se propor e propor um novo recomeço.
Quando cada um reconhece as suas atitudes, quando cada um toma para si a responsabilidade daquilo que está contribuindo negativamente, portas se abrirão, deixando à mostra o quanto a falta de responsabilidade pessoal, o vitimismo e os “mimimis” desconstroem e paralisam a relação.
A atitude de autoavaliação traz consigo crescimento pessoal, amadurecimento, compreensão da realidade, desenvolvendo a capacidade de cada um observar os seus erros e acertos. É uma atitude de humildade e amor onde está implícito o desejo de viver em pares de forma autêntica e verdadeira.
Quando isso acontecer novos caminhos se abrirão e tudo pode ser reconstruído.
Juntos, com amor e cumplicidade, será possível remover todos os escombros acumulados, aqueles que na cegueira do egoísmo foi permitido se juntar. Muitos desses escombros advindos das demolições dos sentimentos, emoções, falta de atenção, escuta, acolhimento, colo, importância, respeito, paciência, interesse, admiração, tolerância, projetos e sonhos.
E recomeçar!
Silvana Nardello Nasihgil é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
silnn.adv@gmail.com
