
Esse versículo bíblico deveria ser levado mais a sério, porque nele está uma verdade incontrariável.
Deveríamos ter um filtro para identificarmos aquilo que faz bem a nós e aos outros, e aquilo que as nossas atitudes só servem para nos diminuir, tornando-nos seres humanos piores, trazendo mal-estar e confusões emocionais.
Não são poucas as atitudes que nos permitimos viver que não fazem sentido algum e as que observamos com conotação totalmente fora do contexto, do tipo: vocês têm que me engolir!
Sem lógica e sem função alguma vivemos num automático, romantizando e normalizando coisas que só servem para sustentar o ego e desafiar o mundo a qualquer preço.
Penso que muita gente está perdendo a noção e o bom senso. Adultos abrem a vida sem responsabilidade alguma, sem foco e sem critérios, buscando “mandar recado com endereço certo”, tentando ser vistos, querendo mostrar um poder e liberdade que não servem para nada.
Pais perderam o espaço de orientar seus filhos a terem uma vida decente, ética e respeitosa. Tudo vale a qualquer preço. Usando a liberdade que muitos confundem com libertinagem, a vida segue com a velha frase: que se danem os outros!
Nessa de que somos livres, a liberdade de ser e fazer faz com que muitas pessoas se esqueçam que vivem em um mundo integrativo e que por serem seres que vivem em sociedade, a sua liberdade tem limites, principalmente quando chocam e trazem desconforto.
O que está acontecendo com a humanidade que sequer consegue reconhecer intimidade sexual e emocional como um direito que precisa ser preservado?
É muita exposição e muito sofrimento desnecessário, porque as pessoas esquecem a lei da exposição e das redes sociais: se você publica e se expõe de qualquer maneira, precisa ter consciência de que as pessoas irão comentar e, muitas vezes, os comentários são negativos, podendo virar fofoca, trazendo muito sofrimento.
Onde foi parar o filtro que precisamos ter para nos preservarmos de tudo aquilo que é negativo?
Então tá, pode fazer o que quiser porque tudo pode, é só fazer e pronto!
Pode, sim! Mas, o que convém?
Nas nossas escolhas estão implícitas as respostas que podemos ter a respeito das nossas atitudes. Uma vida feliz e em paz acontece onde a intimidade é preservada, onde se respeita os outros, além de ter autorrespeito nas atitudes comedidas e no amor próprio.
O desejo de “os outros vão ter que me engolir” não traz e nunca trará algo positivo, só serve para concretizar a falta de respeito pelas diferenças. É intolerância, é um desejar de estar certo de qualquer jeito. Ninguém tem que “engolir” nada e ninguém; precisam só aceitar mesmo que não concordem, só isso!
Em resumo: não podemos desejar sermos aceitos nas nossas diferenças impondo um jeito de ser e viver que é só nosso. Podemos no mínimo sermos respeitados pelas nossas escolhas, e isso depende muito mais das nossas atitudes e do respeito com que nos tratamos e tratamos os outros.
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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