A vida é feita de escolhas? Fato incontestável!
Somos livres para buscarmos o sentido das nossas vidas, e neste contexto o momento diz muito pouco, pois a vida é feita de um passado, um presente e um futuro a ser alcançado.
Muitas vezes, troca-se sem cerimônia alguma uma vida cheia de coisas positivas por momentos nos quais as carências tomam o lugar da realidade, em que o ego se empodera ao ser massageado, as fantasias secretas e os desejos não realizados ocupam um lugar do mundo imaginário desconsiderando a vida real.
E a vida vai sendo invadida pelas emoções fortes, frio na barriga e o proibido cheio de ilusões que gritam, tirando a seriedade da vida e embalando uma desconstrução maquiada de felicidade.
Nosso lado carente é o maior vilão da nossa existência. Ao permitirmos que ele nos domine, ele vai se alimentando das nossas fraquezas, traindo as verdades e comungando livremente com as fantasias e expectativas espalhadas pela vida.
Em um primeiro momento, muitas vezes, torna-se tão forte que escraviza os bons sentimentos; envolve de tal maneira que a racionalidade deixa de existir.
O momento seguinte é o de possuir nas mãos um tesouro sonhado e ser merecedor de todas as emoções a qualquer preço. Então o que era medo se transforma em coragem. Cria-se um novo método de arquitetar desculpas, inclusive para si mesmo, porque é preciso justificar tudo para tirar o peso da culpa.
E assim começa se instalar a inautenticidade. Em pouco tempo a vida vai se desconstruindo de dentro para fora, as “borboletas” no estômago se alvoroçam e dão a razão para seguir em frente, enquanto batem as asas cada vez mais forte, destruindo o amor próprio e enchendo a vida de “entulho” até que fatalmente elas morrerão.
E lá vai a vida barranco abaixo, sem freios, como se tudo fosse força do destino.
Esse é o processo que ocorre quando esquecemos as razões da existência. Quando deixamos de ser honestos conosco, quando não temos um projeto de vida, quando não nos respeitamos, não respeitamos os sentimentos dos outros, quando passamos a viver somente pelos desejos e deixamos de dar valor ao que realmente tem valor.
Esse é o processo daqueles que têm um mundo particular dentro de si e sem medir consequências buscam se apossar de tudo o creem lhe pertencer.
Esse é o processo daqueles que não enxergam além do seu umbigo, que escolhem atropelar a vida e todos que estiverem na frente, daqueles que escolhem vida solo mesmo estando acompanhados.
E sem qualquer responsabilidade, vão feito furacão destruindo tudo por onde passam, não importando se esses todos forem os pares, pais, filhos, amigos ou seja lá quem for.
Esse é o processo de gente que escolhe sofrer (porque o sofrimento pessoal é só questão de tempo) e fazer sofrer sem critério algum.
Esse é o processo dos infelizes, aqueles que colocam o desejo acima da razão e do amor. Daqueles que sequer conhecem o valor da lealdade, fidelidade, respeito e responsabilidade emocional, daqueles que por falta de coragem de seguir em frente do seu jeito, com seriedade, fazendo uma escolha pela sua vida, se acovardam e escolhem carregar consigo nesse turbilhão de infortúnios pessoas para sofrerem. Buscam justificativa onde não existe e fazem parecer bonito e justo o que não faz o mínimo sentido, desejando mesmo assim serem aplaudidos no seu circo de horrores.
Humanos e suas irresponsabilidades. Tão triste como estamos olhando a vida, tão triste como nos permitimos ser destruídos e como estamos pouco nos importando em destruir tudo pela frente. Tão triste quando já vemos tantas coisas absurdas e já começamos a achar normal.
Tão triste!
Por Silvana Nardello Nasihgil. Ela é psicóloga clínica com formação em terapia de casal e familiar (CRP – 08/21393)
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