O Presente
Tarcísio Vanderlinde

A reação dos compatriotas

calendar_month 8 de agosto de 2025
3 min de leitura

O capítulo 13 do livro Atos dos Apóstolos destaca a passagem de Paulo e Barnabé pela cidade de Antioquia da Pisídia. As ruínas da cidade ficam na Capadócia, lugar hoje muito procurado na Turquia por seus atrativos turísticos. Contudo, vestígios dos primeiros anos do cristianismo também podem ser apreciados na região pelos visitantes.

Na ocasião da visita àquela cidade, a mensagem de Paulo foi bem recebida pelos gentios, porém sofreu severa oposição de alguns judeus religiosos.  O texto de Atos conta que estes judeus incitaram mulheres de elevada posição e os principais da cidade, e expulsaram os missionários de seu território.

A questão da rejeição da mensagem evangelística por grupos de judeus da diáspora, ou seja, judeus que viviam distantes das terras bíblicas, continua sendo tema de teólogos no tempo presente. A palavra que costuma direcionar a discussão é mencionada como “legalismo”. Um assunto delicado, às vezes confundido com “fundamentalismo”, e nem sempre bem compreendido por aqueles que se interessam pelo objeto.

Excerto da Bíblia Arqueológica (NVI) trata resumidamente do assunto ao mostrar as razões do porquê de muitos compatriotas de Paulo, uma vez que ele também era judeu, reagirem negativamente às suas argumentações.

Teria havido ocasiões em que Paulo parece ter sofrido oposição da parte dos judeus ofendidos não tanto pelo fato de ele pregar a Cristo, mas porque não exigia que os gentios se tornassem prosélitos, ou seja: que abraçassem os caminhos do judaísmo, como a circuncisão, a observância do sábado e a dieta kosher exclusiva dos judeus.

Para Paulo, esta postura era considerada um retrocesso e pode ser percebida pela dureza com que o apóstolo tratou em carta os cristão da Galácia, província ao norte de Capadócia. Na opinião de Paulo, a postura legalista reduzia o núcleo da mensagem do Evangelho: se a salvação não podia ser obtida sem auxílio do judaísmo (enquanto costumes), então a morte de Cristo seria insuficiente para salvar.

Mais do que seguir normas, um dos pilares básicos do cristianismo pregado por Paulo era o ARREPENDIMENTO. O confronto de Jesus com a liderança judaica apontado nos evangelhos já sinalizava esta ênfase.

O religioso não arrependido era e continua sendo um problema, embora nem sempre se dê conta disso. Na maioria das vezes costuma se considerar bem-intencionado. Acha que domina os assuntos sobre religião. Tende a se tornar intransigente, aderindo à lei escrita do código de padrões morais e éticos. Sua capacidade para efetuar ritos e deveres religiosos entra no automático e substitui um saudável desenvolvimento pessoal da espiritualidade. É preciso amabilidade para se relacionar com pessoas assim, até porque considerar-se um não legalista, não significa ter atestado de imunidade ao erro. Muito pelo contrário: pode às vezes revelar hipocrisia, ou farisaísmo dissimulado.  

IGREJA PRIMITIVA CAPADÓCIA: vestígios de presença cristã primitiva na Capadócia – Turquia (Acessável em: cappadociatravelpass.com)

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.

tarcisiovanderlinde@gmail.com

@tarcisio_vanderlinde2023

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