Pela importância simbólica, a cidade de Jerusalém pode ser considerada o sítio arqueológico mais significativo das terras bíblicas. Não são poucos os judeus que acreditam que a Arca da Aliança, desaparecida ainda antes da destruição do primeiro templo, possa estar escondida em algum lugar do Monte Moriá, tomado hoje por duas edificações muçulmanas: O Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa.
Muitos lugares de escavação, seja por motivação política ou religiosa, costumam sofrer restrições de acesso. E o simples fato de Jerusalém continuar sendo habitada também constitui um fator que impede certas pesquisas. A exemplo de outros sítios das terras bíblicas, Jerusalém é formada por camadas históricas, o que acaba comprovando a sua longa existência vinculada à história de Israel a despeito de teses revisionistas.
Estudos baseados em fontes antigas datam a cidade da Idade do Bronze (3.000 a.C.), período que ainda era conhecida como Jebus, e que mais tarde foi capturada durante o reinado de Davi numa localização que se pode conferir ainda hoje. O núcleo central permanece e está localizado entre os vales do Cedron e do Tiropeão. A eira de Araúna, área comprada pelo rei Davi, se localiza neste núcleo, e seria o local da construção do primeiro templo feito por seu filho, Salomão.
Há poucos indícios do templo original destruído pelos babilônicos. O segundo, construído por Zorobabel, sobre a mesma fundação, foi mais tarde aperfeiçoado e ampliado por Herodes e então destruído definitivamente pelos romanos em 70 d.C. Como já destacado, acredita-se que o Domo da Rocha e a mesquita Al-Aqsa agora cobrem o local.
Decorrente da longa história de Jerusalém, fizeram-se várias descobertas que aparecem descritas nas narrativas bíblicas, tais como: o reforço nas muralhas feitos por Usias, o túnel para abastecimento de água na época de Ezequias e um muro construído por manasses para proteger o manancial de água da fonte de Gion. Diversos vestígios de construções da época de Herodes também foram identificados, como é o caso, por exemplo, do “Muro das Lamentações”.
Jerusalém é hoje considerada cidade sagrada para judeus, cristãos e muçulmanos, e tem sido habitada quase que continuamente desde os tempos antigos. Muito foi preservado, mas também muito se perdeu. Gerações que se sucederam na cidade construíram sobre locais antigos comprometendo muitas evidências arqueológicas.
A “cidade para todos os povos”, como também é chamada Jerusalém, pode ser considerada a cidade mais importante da Bíblia, contudo, em relação ao lugar, muitas perguntas ainda permanecem sem respostas.

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.
tarcisiovanderlinde@gmail.com
@tarcisio_vanderlinde2023
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