Afora o time de futebol, que tem um nome parecido, Corinto é conhecida em parte pelas duas cartas que o apóstolo Paulo endereçou à igreja daquela cidade, e que chegaram até nós pelo cânon bíblico. Estudiosos admitem que algumas outras cartas que o apóstolo Paulo escreveu aos coríntios possam ter se perdido.
Corinto tem uma história que ultrapassa sua referência como um dos centros de expansão do Cristianismo em seus anos iniciais. A antiga Corinto repousa sobre um istmo entre a parte continental grega e a península do Peloponeso, que se espraia entre os mares Egeu e Jônico, tendo ao Sul o mar Mediterrâneo. O istmo mede apenas seis quilômetros, o que estimulou a ideia da construção de um canal para a navegação desde a antiguidade, coisa só concretizada ao final do século XIX.
A história de Corinto pode ser dividida em dois períodos: sua longa duração como uma das cidades mais importantes da civilização grega clássica e os anos subsequentes à conquista romana como rota cosmopolita. Nos conflitos históricos entre Esparta e Atenas, Corinto geralmente ficava ao lado de Esparta. No confronto com os romanos, Corinto liderou a resistência da região, sendo destruída em 146 a.C. Só foi reconstruída à época de Júlio César, no ano 44 d.C.
Com a reconstrução, Corinto adquiriu vigor empresarial e no período neotestamentário era considerada uma das mais belas cidades do mundo greco-romano. Paulo conheceu Corinto como um importante centro administrativo do império romano. A mensagem cristã difundida por Paulo conflitou com os costumes de uma cidade cosmopolita motivada por diversos centros religiosos.
Visitantes de Corinto podem visualizar evidências arqueológicas de ofertas votivas a Asclépio, deus da medicina em gratidão pelas curas. Haviam também templos dedicados a Apollo, Afrodite, Poseidon, Deméter e Core, estas últimas deusas de um culto de fertilidade grego. O fato de se tratar de uma cidade cosmopolita fez também florescer no local templos de divindades estrangeiras, como um santuário à deusa egípcia Ísis, havendo até uma sinagoga judaica.
As cartas de Paulo revelam que, sob um ponto de vista cristão, a cidade tinha fama de vivências promíscuas, um lugar desafiador para se estabelecer uma igreja. Todavia, foi ali que Paulo exerceu um de seus mais bem-sucedidos ministérios, e foi ali também que ele experimentou alguns dos seus maiores desafios com os primeiros convertidos do Cristianismo. As duas cartas que Paulo nos deixou detalham as lutas que ele enfrentou ali.

Por Tarcísio Vanderlinde. O autor pesquisa sobre povos e culturas do Oriente Médio.
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